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Médica Ana Tecla fala com exclusividade sobre morte de criança no hospital do Promorar

"Detectamos que a criança estava com insuficiência respiratória grave para que procedêssemos com a transferência. Só que a criança evoluiu para uma parada cardiorrespiratória", relatou.

A médica Ana Tecla Andrade Correia Lima falou com exclusividade ao GP1 sobre caso da criança de um ano e dois meses que morreu no hospital do bairro Promorar na tarde do último domingo (19) em Teresina.
Imagem: Nehemias lima / GP1Médica Ana Tecla Andrade(Imagem:Nehemias lima / GP1)Médica Ana Tecla Andrade
A médica esclareceu que a equipe de suporte avançado do Samu foi acionada por volta das 13h de domingo (19) pela pediatra plantonista do hospital do Promorar para realizar a transferência de uma criança devido a gravidade do caso.

“A médica plantonista do hospital do Promorar solicitou transferência para o HUT devido a gravidade e complexidade do caso. Detectamos que a criança estava com insuficiência respiratória grave e era inviável que procedêssemos com a transferência. Então, iniciamos a intubação e colocamos a criança em ventilação mecânica para transferirmos. Só que a criança evoluiu para uma parada cardiorrespiratória. Fizemos todo o procedimento, só que não tivemos êxito”, lamentou.
Imagem: DIvulgação / GP1Manchas no corpo da criança (Imagem:DIvulgação / GP1)Manchas no corpo da criança
Imagem: Divulgação / GP1Manchas no corpo da criança (Imagem:Divulgação / GP1)Manchas no corpo da criança
A médica Ana Tecla relatou que depois do óbito realizou exame minucioso na criança para avaliar as causas que poderiam ter causado a morte. Foi constatado que a criança apresentava um quadro de desnutrição e hipotrofia muscular.

“A criança estava com desnutrição, ou Kwashiokor, que é o nome técnico para a faixa etária; para os leigos, parecia gordinha, mas era uma criança que a gente chama de bebê farináceo. A criança tinha hipotrofia muscular com tecido adiposo preservado, o que é um tipo de desnutrição. A bebê estava hipocorada e com aumento gigantesco do fígado e do baço. O que me chamou mais atenção foi a presença de equimose ipsilateral na região do tórax”, explicou a médica que fotografou as manchas no corpo da vítima.

Ana Tecla Andrade esclareceu que diante do quadro detectado, entrou em contato com o Instituto Médico Legal (IML) solicitando o carro para remover o corpo e realizar exame cadavérico.

“Disseram que para isso era preciso uma solicitação de exame cadavérico. Entrei em contato também com o conselho tutelar e me disseram que como a criança tinha ido a óbito não era mais reponsabilidade deles. Por último, fui instruída a procurar a Central de Flagrantes. Eu e minha equipe fomos até lá e na presença do delegado contei os fatos e solicitei uma requisição para o exame cadavérico”, disse.
Imagem: Divulgação / GP1Requisição de exame cadavérico (Imagem:Divulgação / GP1)Requisição de exame cadavérico
A médica fez questão de deixar claro que não pediu a prisão da mãe da criança como chegou a ser dito em alguns meios de comunicação.

“Quero deixar claro que o pedido do exame cadavérico foi uma atitude habitual diante de um fato como esse, que a gente não tem o diagnóstico preciso da causa mortis. Não só como médica, mas como mãe e ser humano, me senti na obrigação de fazer isso. Em momento algum, até porque não tenho autoridade pra isso, pedi prisão da mãe em flagrante. Não tenho conhecimento técnico e nem autoridade pra isso”, explicou a médica que acrescentou que todas as vezes que se deparar com uma situação semelhante vai tomar as mesmas providências para elucidar o caso.
Imagem: Divulgação / GP1Ficha de encaminhamento (Imagem:Divulgação / GP1)Ficha de encaminhamento
Também ao contrário do que chegou a ser divulgado, a criança foi levada ao hospital pela tia e não pela mãe. “Tenho testemunhas. A médica pediatra plantonista e a enfermeira ouviram a declaração da tia, irmã da mãe, de que havia levado a criança com medo da mesma falecer sem ter sido atendida. E disse mais, que o quadro de febre da criança se arrastava há mais de 15 dias e acrescentou que os pais eram usuários de drogas. Mas, isso não posso afirmar, pois não tive contato com os pais. Apenas estou reproduzindo o que a tia falou”, relatou.

A doutora ainda acrescentou: “Durante atendimento a tia explicou ao companheiro, por telefone, o motivo de ter saído de casa e foi clara: ‘estou com minha sobrinha porque no estado que ela se encontra poderia morrer”.

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