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Operação Lava Jato cumpre mandados no Piauí e mais oito estados

Equipes da Polícia Federal estão em campo para cumprir mais de 110 ordens judiciais em nove estados do Brasil.

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (22), a 26° etapa da Operação Lava Jato, batizada de Xepa. Pela primeira vez, ela chega ao estado do Piauí. De acordo com informações da assessoria da Policia Federal, um mandado de condução coercitiva foi cumprido nessa manhã em Teresina. O empresário Lourival Ferreira Nery Júnior foi ouvido na sede da Polícia Federal, na zona leste da Capital. O depoimento acabou por volta das 7h45.

Imagem: DivulgaçãoEmpresário Lourival Nery(Imagem:Divulgação)Empresário Lourival Nery

Segundo a Polícia Federal de Curitiba, os investigados desta fase estão envolvidos em crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro oriundos da Petrobras. Os envolvidos são empresários, profissionais e lavadores de dinheiro ligados ao Grupo Odebrecht.

Imagem: Lucas Dias/GP1Polícia Federal do Piauí(Imagem:Lucas Dias/GP1)Polícia Federal do Piauí

De acordo com o Antagonista, o pagamento de vantagens indevidas foram destinadas a terceiros vinculados direta ou indiretamente com o poder público em todas as esferas. As propinas foram pagas nos setores de infraestrutura, construção de estádios, óleo e gás, ambiental, obra do canal do sertão, entre outros.

A operação é um desmembramento da 23° fase da Lava Jato, intitulada de “Acarajé”, etapa que prendeu o marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura. Cerca de 380 policiais federais estão em campo para cumprir mais de 110 ordens judiciais em oito estados do Brasil e no Distrito Federal.

Imagem: Lucas Dias/GP1Fontenele, assessor da Polícia Federal no Piauí(Imagem:Lucas Dias/GP1)Fontenele, assessor da Polícia Federal no Piauí

Além do Piauí, a ação ainda acontece nos estados São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco e Distrito Federal. Cerca de 380 policiais federais devem cumprir ainda hoje, 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e quatro mandados de prisão preventiva.

Imagem: Lucas Dias/GP1Suspeito está sendo ouvido na sede da Polícia Federal (Imagem:Lucas Dias/GP1)Suspeito está sendo ouvido na sede da Polícia Federal

Os investigados conduzidos coercitivamente serão ouvidos em suas cidades e os presos serão levados para Curitiba, base da Lava Jato.

Imagem: Lucas Dias/GP1Movimentação dentro da Polícia Federal em Teresina(Imagem:Lucas Dias/GP1)Movimentação dentro da Polícia Federal em Teresina


Como funcionava o esquema

De acordo com a Polícia Federal de Curitiba, um setor paralelo da Odebrecht, funcionava como distribuidor de propinas. O esquema foi descoberto através de planilhas encontradas na casa de Maria Lúcia, secretária da Odebrecht que foi presa durante a 23 ° fase da Lava Jato, intitulada de Acarajé.


Ainda conforme a Polícia Federal, neste setor paralelo, existiam funcionários específicos para cada função. A maioria eram profissionais já antigos na empresa. A PF citou os entregadores e os gerenciadores de contas no exterior, como exemplos de funções.

As secretárias faziam o controle através destas planilhas, de quem seriam os recebedores do dinheiro. Lourival era um destes recebedores. Ele foi conduzido coercitivamente nessa manhã à sede da Polícia Federal de Teresina e deve explicar porque recebeu dinheiro da empreiteira.

O dinheiro era pago aos recebedores por pelo menos duas formas, ou dinheiro em espécie, que era deixado pelos “entregadores” em endereços definidos, ou por meio de transferências a contas na Suíça.

A Polícia Federal ressaltou que todo o material foi apreendido na casa de Maria Lúcia, pois todo o arquivo foi apagado do sistema da empreiteira. Estas planilhas já estavam impressas. Os envolvidos eram citados no material por codinomes. A PF revelou que algumas pessoas citadas nas planilhas, ainda não foram identificadas.

Veja os nomes dos envolvidos

Prisões preventivas


Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho
Luiz Eduardo da Rocha Soares
Olivio Rodrigues Júnior
Marcelo Rodrigues

Prisões temporárias

Antônio Claudio Albernaz Cordeiro
Antônio Pessoa de Souza Couto
Isaias Ubiraci Chaves Santos
João Alberto Lovera
Paul Elie Altit
Roberto Prisco Paraíso Ramos
Rodrigo Costa Melo
Sérgio Luiz Neves
Alvaro José Galliez Novis

Conduções coercitivas

André Agostin Moreno
André Luiz de Oliveira
Antônio Carlos Vieira da Silva Jnior
Bruno Martins Gonçalves Ferreira
Douglas Franzoni Rodrigues
Elisabeth Maria de Souza Oliveira
Flávio Lucio Magalhães
Gustavo Falcão Soares
Lourival Ferreira Nery Júnior
Luiz Appolonio Neto
Luiz Roque Silva Alves
Maiara Prado Ribeiro do Lavor
Rogério Martins
William Ali Chaim
Alexandre Biselli
Alyne Nascimento Borazo
Antônio Carlos Daiha Blando (acima referido);
Antônio Roberto Gavioli
Carlos José Vieira Machado da Cunha
Claudio Melo Filho
Eduardo José Mortani Barbosa
Fabio Andreani Gandolfo
Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis
Flavio Bento de Faria
Nilton Coelho de Andrade Júnior
Marcelo Marques Casimiro

Incluso ainda no rol, em virtude da denegação da temporária

Camillo Gornati
Paulo Sérgio da Rocha Soares
Operação Lava Jato! Polícia Federal cumpre mandado de condução coercitiva em Teresina


Operação Águas Claras

Em 2012, o empresário Lourival Nery foi alvo da Operação Águas Claras. Na época, Lourival era diretor financeiro da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vinculada ao Ministério das Cidades e foi apontado como lobista da empresa Allsan Engenharia, que a Polícia Federal e o Ministério Público colocaram no topo de um esquema de fraudes em licitações de autarquias e companhia estatais de água.

Segundo o Estadão, relatório de inteligência da operação informou que Nery ocupava cargo público de confiança por "indicação do senador Ciro Nogueira".

Ministério Público Federal

O Ministério Público Federal divulgou nota sobre a nova fase deflagrada nesta segunda-feira. Segundo o MPF, "em decorrência das buscas e apreensões e de outras diligências realizadas após a deflagração da 23ª fase da Operação Lava Jato, colheram-se indícios de que foi instalado dentro da estrutura do Grupo Odebrecht um setor profissionalmente organizado que era utilizado para pagamentos que incluíam vantagens indevidas a servidores públicos em razão de contratos firmados pela Odebrecht, chamado "setor de operações estruturadas".

Segundo o MPF, os envolvidos se comunicavam por meio de codinomes através de um programa intitulado "anti-compliance" que foi desenvolvido no Setor de Operações Estruturadas da empreiteira como forma de facilitar os pagamentos ilícitos.

Veja abaixo nota na íntegra

"Estão sendo cumpridos, nesta terça feira, 22 de março, mandados de prisão, de busca e apreensão e de condução coercitiva para aprofundar a investigação de possíveis crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de ativos oriundos de desvios da Petrobras, cometidos por empresários, profissionais e lavadores de dinheiro ligados ao Grupo Odebrecht. Em decorrência das buscas e apreensões e de outras diligências realizadas após a deflagração da 23ª fase da Operação Lava Jato, colheram-se indícios de que foi instalado dentro da estrutura do Grupo Odebrecht um setor profissionalmente organizado que era utilizado para pagamentos que incluíam vantagens indevidas a servidores públicos em razão de contratos firmados pela Odebrecht, chamado "setor de operações estruturadas". Apurou-se que as tratativas acerca dos pagamentos de vantagens indevidas se estenderam até, pelo menos, novembro de 2015, conforme comprovado por troca de e-mails entre os investigados.

De acordo com as evidências surgidas, este setor tinha dentre suas missões viabilizar, mediante "pagamentos paralelos", atividades ilícitas realizadas em favor da empresa. Para operacionalizar o esquema ilícito, foi instalado dentro do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht um sistema informatizado próprio, utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas. Além disso, para viabilizar a comunicação secreta entre executivos, funcionários da Odebrecht e doleiros responsáveis por movimentar os recursos espúrios, utilizava-se outro programa, em que todos se comunicavam por meio de codinomes. A partir da análise de e-mails e planilhas apreendidas, apurou-se que pelo menos 14 executivos de outros setores do Grupo Odebrecht, que demandavam “pagamentos paralelos”, encaminhavam aos funcionários as diversas solicitações de pagamentos ilícitos, de forma que a contabilidade paralela e a entrega dos valores espúrios ficassem centralizados nesta estrutura específica. Essas evidências abrem toda uma nova linha de apuração de pagamento de propinas em função de variadas obras públicas.

Além disso, a partir das planilhas obtidas e das anotações contidas no celular de Marcelo Odebrecht, obtiveram-se mais evidências contundentes de que este, então presidente da Organização Odebrecht, não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos ilícitos,mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana".


Outro lado

Em nota divulgada agora pouco, a empreiteira investigada Odebrecht confirmou ter sido alvo da Lava Jato nesta segunda-feira e afirma que está colaborando com as investigações. "A Odebrecht confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários.”


* Com informações do repórter Brunno Suênio

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