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Piauiês: o rico dialeto que qualquer piauiense legítimo compreende

Da mesma maneira que o oxente é um termo utilizado pelos nordestinos, o piauiense utiliza modos de falar bem particulares, conhecidos apenas entre os seus conterrâneos.

Armaria, mermã, nam! Quem nunca ouviu ou utilizou expressões como essa no Piauí? Em seu dia-a-dia, os piauienses se comunicam de uma maneira bem peculiar, e quem não consegue interpretar esse modo de comunicação precisa conhecer mais o Piauiês, o dialeto de quem nasce e vive no Piauí.

Considerando a particularidade de suas expressões, o Piauiês é considerado um dialeto, uma vez que, de acordo com o dicionário Aurélio, dialeto é a “Variedade de uma língua própria de uma região”. Dessa forma, da mesma maneira que o oxente é um termo utilizado pelos nordestinos, o piauiense utiliza modos de falar bem particulares, conhecidos apenas entre os seus conterrâneos.

Para confirmar a naturalidade com que o Piauiês é empregado, nossa equipe esteve observando diálogos nas ruas da capital. Percebemos que as expressões nam, mermã, armaria, ora marrapaiz, diacho, são algumas das mais utilizadas no cotidiano, de maneira espontânea.

Ainda não há muitos estudos abordando o Piauiês, que é registrado em poucas obras, como documentários e livros. O professor Joaquim Monteiro, cartunista e autor dos livros “Dê gaitadas a folote com o Piauiês”, volumes 1 e 2, é um dos poucos que se dedicou a pesquisar, desenhar e escrever sobre.

  • Foto: Brunno Suênio/GP1Piauiês 2Piauiês 2

“Eu fazia várias charges sobre o tema e em 2006 comecei a publicá-las nas redes sociais. Por sugestão de amigos, comecei a organizar, pesquisar com mais cuidado os termos, o que culminou com o primeiro volume do Dê gaitadas a folote com o Piauiês, que teve mil exemplares lançados em 2011. Em 2015 lançamos o Dê gatadas a folote com o piauiês 2: a peleja, que também teve mil exemplares”, explicou ao GP1.

  • Foto: Brunno Suênio/GP1Joaquim Monteiro Joaquim Monteiro

O autor citou suas principais fontes de pesquisa. “A primeira fonte foi a oral, ouvindo as pessoas, a segunda foi a própria memória e a terceira foi o livro Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês, do Paulo José Cunha”, informou.

Joaquim Monteiro conta que ouviu sobre o Piauiês pela primeira vez há cerca de 10 anos. Para ele, os registros em obras servem para relevar a autoestima dos piauienses. “A linguística ajuda a gente a estudar isso, o preconceito que se tem com o falar popular. Se exalta demais o falar culto engessado da gramática, não que a gente não deva estudar, mas é interessante observar que essa linguagem culta é bem restrita”, declarou.

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