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Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão na casa de Ciro Nogueira

"O Senador se colocou à disposição, ofereceu seus sigilos, prestou depoimento. Infelizmente no Brasil de hoje os atos invasivos passam a ser a regra", disse o advogado de Ciro Nogueira.

A Polícia Federal cumpre, nesta terça-feira (14), mandados de busca e apreensão nas casas dos senadores Ciro Nogueira e Fernando Collor. Foram confirmadas também buscas nas casas do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), em Brasília, e na casa do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), na Bahia.

No Rio de Janeiro, a Polícia Federal realizou buscas no prédio da BR Distribuidora. Também foram alvos das buscas as casas de dois diretores da BR Distribuidora, José Zonis e Luiz Cláudio Caseira Sanches.

A ação também investiga o advogado Thiago Cedraz, filho do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz. Os policiais estiveram na casa e no escritório dele, em Brasília.

O ex-presidente Fernando Collor foi citado na delação premiada do doleiro Alberto Youssef como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. Ele também foi citado pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, em seu depoimento à Justiça.
Imagem: Lucas Dias/GP1Senador  Ciro Nogueira(Imagem:Lucas Dias/GP1)Senador Ciro Nogueira
Outro citado por Pessoa foi Ciro Nogueira, que é presidente nacional do PP.

O empreiteiro afirma ter pago R$ 20 milhões a Collor entre 2010 e 2012 em troca da influência do senador em negócios com a BR Distribuidora e R$ 2 milhões a Nogueira.

A operação é chamada pela Polícia Federal de Politeia. Segundo a polícia, a Politeia tem 53 mandados de busca e apreensão para cumprir, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal dentro de seis processos instaurados a partir de provas obtidas na operação Lava Jato.

Politeia é o nome dado pelo filósofo ateniense Platão (428/27 a.C.-348/47 a.C.) à ideia de uma cidade em que as virtudes éticas deveriam imperar sobre a corrupção, como citado em seu clássico "A República".

Os 53 mandados são para buscas e apreensões no Distrito Federal (12), e nos estados da Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Santa Catarina (5), Rio de Janeiro (5) e São Paulo (5). Cerca de 250 policiais federais participam da ação.

As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.

Em entrevista a Folha de São Paulo, o advogado se Ciro, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a busca era desnecessária. "O Senador se colocou à disposição, ofereceu seus sigilos, prestou depoimento. Infelizmente no Brasil de hoje os atos invasivos passam a ser a regra", disse.

Já ao site G1, o advogado afirmou que a Polícia Federal não está dando acesso para que os advogados tenham acesso a delação.  "Nós pedimos acesso a delação do [dono da UTC], Ricardo Pessoa, mas o pedido foi recusado. A defesa fica impedida até de entender o motivo porque há uma inversão completa [dos andamentos]", disse.

Kakay afirmou ainda que "as medidas invasivas passam a ser a regra e a defesa, que é a maior interessada em saber os motivos, não consegue acesso [aos autos]. É um momento muito policialesco que passa o país".

Segundo informações do Estadão, o PP de Ciro Nogueira e Negromonte montaram uma "estrutura criminosa estável e perene" no esquema, nas palavras de Jano, atuando de forma organizada e recebiam mensalmente propina por intermédio do doleiro Alberto Youssef.

Segundo as apurações da Operação Lava Jato, a bancada na Câmara levava entre 1,2 milhão de reais e 1,5 milhão de reais todos os meses, enquanto os líderes, responsáveis pela distribuição do dinheiro, embolsavam de 250.000 reais a 500.000 reais mensais.

Uma das empresas citadas por Youssef como pagadoras da propina ao partido é a Mendes Júnior. Em depoimento à Justiça, o doleiro disse que a empreiteira aceitou o pagamento de comissão em troca de um contrato junto a refinaria de Paulínia (SP) e de Araucária (PR) em 2010. O valor do contrato teria sido de 500 milhões de reais, sendo que a fatia destinada ao PP era de 1% sobre o custo total. Os ex-deputados João Pizzolatti (SC) e Mário Negromonte foram apontados como os receptores das comissões destinadas ao PP. Nogueira foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos destinatários da propina, conforme revelou VEJA. Já Pizzolatti é suspeito de receber propina no esquema de corrupção da Petrobras, conforme depoimento de delatores. Ele é alvo de quatro inquéritos no Supremo Tribunal Federal, um deles que apura formação de quadrilha.

Procurador-geral da República

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou nota sobre apreensão de bens e afirmou que a operação tem como objetivo garantir a apreensão de bens adquiridos com supostas práticas criminosas.

"As medidas são necessárias ao esclarecimento dos fatos investigados no âmbito do STF, sendo que algumas se destinaram a garantir a apreensão de bens adquiridos com possível prática criminosa e outras a resguardar provas relevantes que poderiam ser destruídas caso não fossem apreendidas", diz nota.

Segundo o Procurador, as medidas ora executadas refletem uma atuação firme e responsável do Ministério Público Federal em busca dos esclarecimentos dos fatos.

*Com informações da Folha de São Paulo, Estadão e do G1

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