Polícia Federal cumpre mandados na casa do ex-presidente Lula

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (04), a 24ª fase da operação Lava Jato batizada de Aletheia. As ações ocorrem na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, do seu filho, Fábio Luiz Lula da Silva, conhecido como Lulinha, e em outros pontos em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia. Também há grande movimentação de policiais em frente ao Instituto Lula.
Segundo informações do G1, o ex-presidente é alvo de um dos mandados de condução coercitiva e será obrigado a prestar esclarecimentos, segundo a Polícia Federal. Às 8h04, ele foi levado para depor à PF em um carro descaracterizado. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também é alvo de outro mandado de condução. Não há mandado contra Marisa Letícia, ex-primeira dama.

Os crimes investigados nessa operação são corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto de esquema criminoso revelado e relacionado à Petrobras.

Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. Duzentos policiais federais e 30 auditores da Receita Federal.
São 18 mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva na capital paulista; cinco de busca e apreensão e dois de condução coercitiva em São Bernardo; em Atibaia são cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva; em Guarujá é um mandado de busca e apreensão; um mandado de busca e apreensão e outro de condução coercitiva em Diadema e um de busca e apreensão em Santo André e Manduri.

Já no Rio de Janeiro estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão e em Salvador são duas buscas e apreensões e uma de condução coercitiva.

“Aletheia” é uma referência a uma expressão grega que significa “busca da verdade”.

Em nota, o Instituto Lula declarou que “o ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo”.

Investigações

De acordo com o Ministério Público Federal (PMF), a ação foi deflagrada para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao Lula e pessoas associadas.

Há evidências de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e do sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-Presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras, e também financiamento de obras no valor de R$ 700 mil em um apartamento no qual teria sido pago R$ 400 mil para a omissão do mesmo.

Coletiva de imprensa
Em coletiva de imprensa sobre a Operação Aletheia na manhã de hoje, em Curitiba, representantes da Polícia Federal esclareceram fatos acerca das investigações. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que houve um pedido de prisão decretada, porém só será revelada a autoria do acusado após a liberação dos autos. Ele adiantou que a prisão não foi destinada a Lula ou a ex-primeira dama, Marisa Letícia.

Sobre o vazamento da suposta delação de Delcídio, Carlos Fernando falou que ainda estão sendo averiguada a vericidade dos documentos, porém há indícios dos fatos. "Sem dúvidas há evidências de que o governo do PT tenha recebido vantagens ilícitas vindas dos governos Dilma e Lula, por isso deflagramos esta operação, no sentido de comprovar ou não a participação do ex-presidente na decisão de beneficiados dos partidos da base aliada", ressaltou ele.

O delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, afirmou que as diligências estão sendo feitas para confimar a participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como comandante da organização criminosa que atuava na Petrobras.

Ele também revelou que as seis empresas investigadas por pagarem palestras do ex-presidentesão as mesmas que fizeram doações ao Institulo Lula: Camargo Côrrea, Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. Segundo as apurações, foram aproximadamente R$ 20 milhões em doações e R$ 10 milhões em palestras.