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Redes Sociais foram responsáveis pelas manifestações dos estudantes em Teresina

Os atos da manifestação marcaram a semana e confirmaram a força das redes sociais na organização das ações dos manifestantes.

A decisão da prefeitura de Teresina de aumentar o valor da passagem de ônibus ocasionou uma semana movimentada e conflituosa pelas ruas de Teresina. O aumento foi anunciado no fim da tarde de sexta-feira (26) e o novo valor passou a vigorar já na manhã de sábado (27). O valor da passagem era de R$ 1,90, que com o aumento passou a valer R$ 2,10.

Após a notícia, estudantes manifestaram via redes sociais a insatisfação da decisão e articularam através da internet a manifestação contra o aumento da passagem.
Imagem: ReproduçãoManifestação dos estudantes(Imagem:Reprodução)Manifestação dos estudantes

Cinco dias de manifestações

O movimento realizado pelos estudantes começou na segunda-feira (29) quando ocuparam a Avenida Frei Serafim. Na terça-feira estenderam o movimento para a Praça da Bandeira. Na quarta-feira continuaram com a expansão dos locais a serem interditados por eles, como por exemplo a Av. Maranhão. Na quinta-feira prosseguiram pelas principais vias de Teresina, incluindo, Praça do Marquês, ponte Estaiada e Av. João XXIII. Na sexta-feira (02) todos os manifestantes já estavam preparados para mais um dia de movimento quando a prefeitura sinalizou que resolveria o problema.

Ônibus destruídos e vias interditadas
Imagem: ReproduçãoÔnibus incendiado(Imagem:Reprodução)Ônibus incendiado
Durante os cinco dias de manifestações, os manifestantes depredaram vários ônibus. Especulações dos próprios estudantes afirmam que cerca de 30 ônibus foram destruídos. “Existem informações desencontradas, pois já ouvi de 15 até 30 ônibus destruídos, nesse momento não tem como saber exatamente”, explica Lucas Gomes, 16 anos, estudante que fez parte do movimento.

Na quinta-feira (01), os manifestantes resolveram atear fogo em um dos ônibus que trafegava pela Av. João XXIII, zona leste de Teresina, gerando preocupação por parte do SETUT – Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina – e dos próprios empresários, que resolveram segurar seus veículos dentro das garagens ontem e também hoje pela manhã.

Com a interdição das principais vias, as linhas de transporte coletivo tiveram que trafegar por outras ruas e avenidas, e os carros particulares demoraram ainda mais a chegar aos seus destinos.

Transtorno na rotina do teresinense

Com as vias obstruídas pela manifestação, chegar ao local de destino tornou-se um desafio para o teresinense que precisou sair de casa durante esses cinco dias. Nas ruas haviam barricadas feitas pelos estudantes obstruindo as vias. Os ônibus não passavam nas paradas corretas, pois tinham que desviar e criar novos caminhos, e o usuário passou horas esperando uma condução. Segundo a professora da rede pública estadual Angélica Ferreira, ela e sua filha de 14 anos tiveram que caminhar da rua Olavo Bilac até a Praça do Liceu para encontrar um táxi. “Não havia nem mototáxi e nem táxi disponíveis, todos estavam à procura desses serviços, foi muito cansativo. Mas mesmo assim apoio a manifestação, pois é uma causa justa”, explica a professora.

Imprensa e política

Para o acadêmico da UFPI e líder estudantil José Antonio de Oliveira, 23 anos, muitos jornalistas passaram a informar que a manifestação tinha cunho político partidário. “Infelizmente muitos comunicadores insistiam em misturar política de luta pelos direitos com políticagem meramente partidária. Se havia ou não pessoas de partidos isso pouco importa, pois não foi esse o foco da manifestação”, opinou o estudante. “Ficavam dizendo isso para tirar o foco principal do movimento, mas o povo entendeu o recado”, complementou José Antonio.

“Essa foi a vitória de uma batalha, mas a luta não acabou, pois este decreto é provisório de 30 ou 60 dias e até lá podem querer continuar pagando os diretores do SETUT às custas do salário mínimo da gente”, ironiza José Antonio referindo-se à inclusão na planilha apresentada pelo SETUT do valor de 154 mil reais destinados ao pagamento de salários altos aos diretores daquele Sindicato.

Confrontos

Durante a manifestação, a prefeitura recebeu os manifestantes com polícia militar, com o RONE, com o GATE e até com a cavalaria. Os estudantes entraram em confronto, apanharam, foram presos, mas mantiveram a luta. “Elmano Férrer a ditadura acabou, guarde cavalos e armas e use o diálogo, afinal de contas foram suas as palavras que disseram que você não ia voltar atrás e ia até aumentar mais ainda se a gente continuasse, mas você teve que engolir em seco porque o povo não é palhaço.
Imagem: ReproduçãoConfronto com a polícia militar(Imagem:Reprodução)Confronto com a polícia militar
Para José Antonio a assinatura do decreto de suspensão do aumento foi uma grande vitória do movimento popular. “Há muito tempo todos vem engolindo a seco os aumentos da passagem e o não retorno desse aumento para a melhoria do transporte público. Na luta por nossos direitos o confronto muitas vezes faz-se necessário, afinal, os poderosos tem esse costume de fazer represálias quando o povo se cansa dos abusos”, explica.

Redes Sociais foram os grandes aliados

As redes sociais foram o ponto chave para o sucesso e o crescimento do movimento nos cinco dias em que ocorreu. A todo momento manifestantes se articulavam através da internet, principalmente pelo Facebook e pelo Twitter, informando locais de concentração, estratégias de ação, opiniões e até avisando ações da polícia. Usuários como o #contraoaumento e #vitoriadopovothe, do Twitter, foram amplamente divulgados e seguidos naquela rede social.
Imagem: ReproduçãoO poder das redes sociais(Imagem:Reprodução)O poder das redes sociais
Mas não foi somente para se comunicarem que utilizaram a internet. Durante os cinco dias de manifestação dois sites foram invadidos e em suas páginas incluídos conteúdos de apoio ao movimento. No dia 30 de agosto, terça-feira, o site do SETUT foi invadido e em sua página posta a frase #contraoaumento. Na sexta-feira foi a vez do site do Diário Oficial do Piauí, onde colocaram a foto do poderoso chefão e colocaram frase em comemoração à vitória da manifestação.

“O povo não é marionete”

Para a estudante de assistência social da UFPI Eulina Maria, a história da humanidade sempre conta com momentos em que o povo não suporta mais abusos dos seus representantes. “Faz parte da história diversos momentos em que o povo diz ‘já chega’, e no que diz respeito à passagem muito cara de Teresina em contradição com as condições oferecidas, o povo cansou”, opina a estudante. “O povo não é marionete ao contrário do que muitos pensam, e se não houver luta não haverá conquistas”, finaliza.

Para Eulina Maria só se poderia falar em aumento de passagem quando o sistema integrado estiver implantado. “Escuto essa história de sistema integrado desde que me entendo por gente”, disse a estudante. “Quer aumentar a passagem prefeito? Então nos entregue o um sistema de transporte que valha a pena pagar”, finaliza Eulina.

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