Na noite desta segunda-feira (26), o Cine Teatro da Universidade federal do Piauí (UFPI) recebeu a palestra de abertura da exposição “Coronelismo Eletrônico”. O objetivo é promover uma discussão crítica sobre a distribuição de concessões de radiodifusão para políticos e como isso influencia o atual sistema comunicacional brasileiro. O momento também serviu de debate sobre como as concessões dos meios de comunicação se tornaram “moeda de barganha” entre políticos e os grandes empresários do segmento de rádio e televisão no Brasil.
O evento, realizado pelo Grupo de Pesquisa em Comunicação, Economia, Política e Diversidade (COMum) e pelo Grupo de Pesquisa Políticas e Economia da Informação e da Comunicação (PEIC), contou com a presença da vice-reitora da UFPI, Nadir Nogueira; da coordenadora do grupo COMum, Prof. Dra. Jacqueline Dourado; das palestrantes da noite Suzy dos Santos e Janaine Aires, ambas da UFRJ; além de professores e estudantes do curso de Comunicação Social da instituição.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Coronelismo Eletrônico na UFPI
A organizadora da palestra, Prof. Dra. Jacqueline Dourado, afirma que o evento é importante para o atual período político que o país vive. “É um debate instigante, necessário e fundamental. Espero que a palestra e a exposição possam trazer nesse momento crucial que passa o nosso país, luzes, nesse estado caótico das coisas”, declarou.
“Espero ainda que possamos refletir o modelo de televisão privada de concessão pública vigente no Brasil. Queremos sugerir, criticar, apontar saídas para esta situação. Todos nós, professores, pesquisadores e estudantes que em breve, estarão votando nas eleições municipais”, disse Jacqueline Dourado.
A vice-reitora da UFPI, Nadir Nogueira, celebrou a realização da exposição e reafirmou a importância do debate sobre a concessão de empresas de radiodifusão no Brasil. “Essa reflexão é bastante necessária e contribui para a formação de graduados e pós-graduados desta instituição. É uma discussão que passa pelas concessões de radiodifusão para políticos nas várias esferas do poder, além de tratar da forma como isso acontece e como ficamos reféns dessas relações de poder. É esse período político é bastante oportuno”, finalizou.
O que é Coronelismo Eletrônico?
O termo foi utilizado pela primeira vez numa monografia e ganhou visibilidade na década de 1990, quando os impactos da distribuição desenfreada de concessões de radiodifusão para políticos começaram a revelar uma prática de barganhas que envolvia presidentes, ministros, senadores, deputados, grandes grupos de mídia nacionais e o universo isolado dos pequenos municípios brasileiros.
A obra referencial para a compreensão destes modelos sistêmicos é “Coronelismo, enxada e voto – o município e o regime representativo no Brasil”, de Victor Nunes Leal, lançada em 1949. O estudo indica o coronelismo como uma relação de reciprocidade entre o governo federal e o poder local, ambiente no qual os coronéis assumiam a posição de liderança.
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