Em encontro da cúpula do Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira, 2, que buscará um esforço para "desfazer opiniões distorcidas" sobre a política ambiental do Brasil no exterior.
Ele disse que os próximos meses serão de "grandes desafios" para a América do Sul devido ao novo coronavírus e que será preciso conciliar a preservação de vidas com "o imperativo de recuperar a economia". O presidente também defendeu a agenda reformista e fez acenos por novos acordos comerciais do bloco.
"Nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor as ações que temos tomado em favor da proteção da floresta amazônica e do bem estar das populações indígenas", disse Bolsonaro no encontro, por videoconferência.
Apesar do discurso do presidente, o País tem acumulado dados negativos na área. O Brasil fechou junho com o maior número de queimadas na Amazônia dos últimos 13 anos, conforme os dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foram registrados 2.248 focos de calor na região, volume que não era atingido em junho desde 2007 e representa aumento de 19,57% em relação ao registrado em junho de 2019, quando 1.880 foram detectados. A situação também preocupa o agronegócio, que teme novamente pela imagem do País no exterior.
Os recordes no desmatamento registrado na floresta amazônia durante o governo Jair Bolsonaro colocam em risco a ratificação do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, assinado no ano passado. Desde então, três parlamentos na Europa (Áustria, Holanda e o da região da Valônia, na Bélgica) já anunciaram que não darão seu aval ao acordo. Também há manifestação contrária de entidades e ativistas.
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela também fazia parte do bloco, mas teve a participação suspensa em 2017 por ruptura da ordem democrática. Sobre isso, Bolsonaro afirmou que espera que a Venezuela "retome o quanto antes o caminho da liberdade".
O presidente também lamentou que a Bolívia, que está em processo de adesão ao Mercosul, não tenha participado dos trabalhos do semestre. "Continuemos todos a defender de modo incansável o compromisso do Mercosul com a democracia", declarou.
Em sua fala, Bolsonaro afirmou que o Mercosul é um "aliado essencial" para a "ambiciosa agenda de reformas" que o seu governo tem buscado implementar. O objetivo, segundo ele, é tornar o Estado mais eficiente e a economia mais dinâmica.
"No ano passado, alcançamos uma conquista histórica ao conseguir aprovar a reforma da Previdência. Estamos empenhados agora em outras reformas. Temos atuado com o mesmo empenho na melhoria do ambiente de negócios, atração de investimentos e renovação da infraestrutura", disse Bolsonaro.
"Buscamos também mais e melhor inserção do Brasil na região e no mundo. E o Mercosul é nosso principal veículo para essa inserção. Os históricos acordos selados em 2019 com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) evidenciam que estamos no caminho certo", emendou.
Além do acordo de livre-comércio firmado com a União Europeia no ano passado, que ainda terá de passar por processo de ratificação, Bolsonaro disse que "o Brasil está disposto a avançar em outros entendimentos com parceiros mundo afora".
"Queremos levar adiante Canadá, Coreia, Cingapura e Líbano. Queremos expandir acordos vigentes com Israel e Índia e abrir novas frentes na Ásia. Temos todo interesse de buscar tratativas com países da América Central."
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