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*Zé da Cruz
Imagem: Divulgação / GP1Zé da Cruz poeta e liderança comunitária(Imagem:Divulgação / GP1)Zé da Cruz poeta e liderança comunitária
É com muito pesar que vejo as denúncias feitas pelo Estadão e enfatizadas pela mídia do meu Estado sobre os fortes indícios de irregularidades no Programa Segundo Tempo. Não quero aqui fazer juízo de valor, mas como diz minha avó onde há fumaça há fogo. As denúncias iniciam com a ONG Bola Pra Frente da vereadora Karina Rodrigues(PC do B) em Jaguariúna, São Paulo. A referida entidade faz a intermediação Prefeitura Municipal e Ministério dos Esporte e “come uma ponta” ou melhor, para não ser muito chulo, recebe uma taxa, por isso não é de se admirar que tenha sido a que mais aportou recursos da pasta.

Não ficam atrás as denúncias contra o Distrito Federal, Santa Catarina, Goiás e mais uma vez o meu Piauí, mais especificamente a Federação das Associações dos Moradores do Estado do Piauí – FAMEPI cuja função é agregar, organizar, ser a caixa de ressonância das entidades filiadas e canalizar a necessidade gritante da periferia que vive jogada às traças. Ao contrário disso, vem desviando sua finalidade e funcionando como uma espécie de empresa ou cabide de emprego atendendo a pedidos do município ou do Estado dependendo do convênio ou do montante de recursos em jogo.

O que me entristece mais ainda é que esses recursos, canalizados para o Segundo Tempo, mesmo já sendo tão escassos são rateados e gastos em campanhas milionárias com candidatos previamente eleitos às custas do dinheiro público. O que me deixa “puto” é que o mais prejudicado nessa historia é o povo que precisa de projetos como esses, em especial as crianças carentes que moram por essas bandas onde moro. Essas crianças e jovens poderiam estar participando de um time de base orientados por um instrutor da própria comunidade, pois por aqui o futebol também é uma paixão unânime. Eles poderiam também tá pegando uma merenda pra reforçar a alimentação em casa. E o mais importante: ações como essas poderiam funcionar como armas poderosíssimas contra o crime e o crack, males que se alastram paulatinamente por toda a sociedade.

Fico mais indignado ainda, porque alem do prejuízo que trazem ao nosso povo, os representantes dessa entidade fazendo discursos na mídia pregando a moralidade, a ética e a decência, mas tudo não passa de retórica aprendida ao longos do tempo, decorada de políticos tradicionais que nada têm a ver com a plebe . Falo de discurso na mídia pois ninguém mais vê os representantes dessa entidades na periferia, ao contrário só são vistos pela televisão ou em solenidades ciceroneando o político que detém o seu passe. Digo isso porque rasgo Teresina de norte a sul e zona rural e não encontro nenhum desses sujeito, a não ser em alguma mesa de negociação com alguma autoridade de peso, para posarem como representantes do povo como alguns vereadores.

Fico impressionado porque esses elementos são oriundos do seio do povo e era de se esperar que estivesse conosco e não contra. Espero em Deus que essas denúncias como sempre dizem os políticos, sejam apenas perseguição política ou coisa da oposição, inveja , perseguição pessoal e todo esse rosário de lamúrias que todos nós já conhecemos. Mas, sendo verdade temos que dar o troco a esses verdadeiros bandidos em nada diferentes de algumas aves de rapina que dilapidam os recursos públicos como se fossem seus. Precisamos provocar também o Ministério Público, investigar e colocá-los numa fria.

Quanto ao projeto Segundo Tempo, a reportagem tem razão é fantasmagórico, não existe, apesar do arranque inicial quando de sua criação, mas foi como fogos de artifício em festa de político do interior: bonito de se ver mais logo acaba. Das muitas entidades que conheço, poucas conseguiram fazer o projeto funcionar embora precariamente; algumas lideranças secaram as canelas atrás e não viram nem o azul. Só muita propaganda.

Apesar de toda a decepção, estou tranqüilo pois o Ministro dos Esportes Orlando Silva, coincidentemente filiado ao PC do B, disse no auge de sua onisciência que não se pode segregar ninguém por conta da coloração partidária; e que nós brasileiros, inclusive eu, podemos ficar tranqüilo porque não houve nenhum desvio de recursos. Ô cabra bom!!!! Sabe tudo sem sequer investigar. Deveria mudar seu nome para Mefisto, o bruxo do filme Senhor dos Anéis. Pensa que o povo é égua. Somos pobres, mas não somos bestas!!!

*Zé da Cruz é poeta e liderança comunitária
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*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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