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*Arthur Teixeira Júnior

Imagem: ReproduçãoArthur Teixeira Junior(Imagem:Reprodução)Arthur Teixeira Junior
Se o editor permitir, voltarei a ocupar este espaço. Logicamente, se também o leitor assim o desejar.

Afastei-me por alguns meses. Poderia aqui elencar diversos fatores como “excesso de trabalho”, “problemas familiares”, “de saúde”, “falta de tempo”. Mas não posso mentir: na verdade foi por pura covardia. Voltaire diria que “quem renuncia a liberdade em troca de promessas de segurança, acabará sem uma nem outra”.

Ao estilo stalinista, alguns, talvez almejando cargos ou somente uma maior flexibilização em seus horários de trabalho para palestrarem aos incautos, resolveram questionar estas minhas fantasiosas crônicas. Ao final, em um espaço de um dia, fui julgado, condenado e sentenciado, mais ou menos como ocorre nos “tribunais do crime” nos morros cariocas. Somente Maria levantou-se contra isto. São as mulheres nos ensinando a sermos homens.

A nossa Constituição, que Ulisses Guimarães bem batizou de “Constituição Cidadã”, garante-me a livre expressão de pensamento, a liberdade artística, sem qualquer tipo de censura. Quando carimbam uma fantasiosa crônica minha de “tentativa de desmoralização” é exatamente o mesmo que alguns lunáticos agarrados ao poder usam para justificar a volta da censura e o cerceamento da liberdade de expressão. Vivemos, na realidade, uma constante batalha evolucionária com os ditadores e seus bajuladores, não havendo garantia alguma que seremos nós os sobreviventes.

Repito e reafirmo: “estes meus escritos são fruto exclusivamente de minha imaginação e liberdade literária. Não se referem a qualquer pessoa, lugar ou instalação do mundo real. Qualquer semelhança é mera coincidência ou sentimento de culpa de alguns.”

Depois de muito reclamar, de até cartas remeter, meu vizinho resolveu conter e aquietar seu cachorro que cria dentro de um cubículo no interior de sua residência. O coitado do animal latia a plenos pulmões toda vez que se via só, o que ocorria a maior parte do dia e da noite. Confessou-me (o vizinho humano) que agora está ministrando Diazepam no vizinho canino antes de ausentar-se.

Acarretou-me sérios problemas. Outrora, eu despertava às seis da manhã com os desesperados latidos, bem na hora de aprontar-me para trabalhar. Nesta semana, por três dias consecutivos dormi até as nove da matina, perdendo meu horário de “ponto”. À tarde, após o expediente, não podia cochilar ou mesmo assistir minha novelinha ou o jornal da noite. Só dormia após a chegada do referido que acalmava o outro citado.

Agora, durmo ferradamente à tarde, acordo de madrugada sem saber quem sou, onde estou e muito menos que horas são. Vou comprar um relógio que marque às 24 horas, pois nunca sei se são seis da manhã ou seis da tarde. Espio pela janela da frente o bar do Domingão: se está aberto é de noite, se fechado é de manhã.

Estive ontem à noite naquela churrascaria onde trabalha Isabel, aquela que me deu uma tremenda “dispensada”. Lá fazem uma manjubinha frita que é uma delícia. Não declinarei o endereço, pois é contra meus princípios fazer propaganda gratuita. Mas notei que agora todas as garçonetes ostentam reluzentes argolas douradas em seus dedos anulares direitos, e só nos servem com esta mão. Uma delas confidenciou-me que foi iniciativa do gerente a utilização compulsória deste ornamento. Objetiva diminuir o assédio dos clientes às suas atendentes.
É esculhambação geral: censuram os escritores e agora impedem, ou inibem, que se flerte com as garçonetes. Aonde iremos parar?

*Arthur Teixeira Júnior é articulista

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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