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Colunista Jacinto Teles
GP1

Regina Sousa: “Talvez [Wellington] tenha que aprender a dizer não”


Com apenas alguns versos da linda música ‘Disparada’, que dizem assim: “Prepare o seu coração, prás coisas que eu vou contar/eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão/Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar [...] Aprendi a dizer não...Ver a morte sem chorar”, o governador Wellington Dias (PT), deu o tom do 'governo de sua vida', o qual começou nesse 1º de janeiro do ano em curso.

Esses versos, dos quais o governador Wellington Dias fizera uso no dia de sua posse (1º), para dar um recado direto aos aliados acerca do figurino do governo que se iniciou nesse 1º de janeiro, são da música 'Disparada' de Geraldo Vandré e Theófilo de Barros (1966), essa que figura como uma linda poesia amplamente recitada por consagrados cantores da música popular brasileira (MPB).

  • Foto: Lucas Dias/GP1Governador Wellington Dias tomou posse Wellington Dias cita Disparada de Geraldo Vandré para dá o tom do Governo que se inicia

Dentre outros artistas que interpretam essa "disparada poética", estão Elba, Zé Ramalho e o saudoso Jair Rodrigues, e está mais atual do que nunca, sobretudo para um governador que começa tendo que transformar o quarto mandato no “mandato de sua vida”, como bem lembrou e cobrou a vice-governadora, professora Regina Sousa.

Um discurso além de sua fala

Presenciei no momento da posse no Palácio de Karnak (01), além do belo, sensível e sertanejo pronunciamento de despedida de Margarete Coelho da Vice-Governadoria; olhares de aliados que mais pareciam com semblantes de notícia de morte prematura do que a saudação a um novo governo, quando a fiscal deste, Regina Sousa, não obstante a leveza e a profundidade do seu discurso, em tom de lembrança e por que não dizer cobrança, dirigiu-se à sua excelência, o governador Welington Dias assim:

"Esse tem que ser o mandato da sua vida. Talvez você tenha que aprender a dizer não (olha a professora aqui), talvez deixe alguns insatisfeitos, mas vai ser preciso inverter prioridades, fazer mais com menos.

Comecemos fazendo o necessário, depois o possível. Quem sabe haverá espaço pra fazer o que parece impossível. [...]".

E prosseguiu Regina Sousa, enfatizando que é preciso ousar, ter coragem! Concluiu esse alerta necessário citando o imortal Guimarães Rosa, que, como dito por ela, nos desafia, no seu Grande Sertão Veredas assim: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

Pelo que percebi do discurso da vice-governadora, Regina Sousa, por ocasião de sua posse concomitante com a do governador Welington Dias, para o mandato cujo período compreende de 2019-2023, é que seu discurso vai além de sua fala, que em certo momento pedia licença para rapidamente quebrar o protocolo, foi a preocupação de quem conhece a realidade do Estado, bem como a ganância dos que fazem e dizem que sustentam o governo em nome do povo.

  • Foto: Jacinto Teles/Gp1Regina Sousa sugere ao governador Wellington que tenha coragem de dizer nãoRegina Sousa sugere ao governador Wellington que tenha coragem de dizer não

Mas, inegavelmente essas palavras foram proferidas por quem, mais do que qualquer outro, tem o interesse de que o desenvolvimento se instale em todos os segmentos do Estado ou se complete de verdade neste Piauí, que como bem lembraram, tanto Welington como Regina, ainda passa sede e tem que conviver com essa famigerada “indústria” da seca do carro pipa.

Quando Regina Sousa mencionou que estava assumindo esse importante cargo na estrutura de governo do Piauí, para, dentre outros pontos destacados por ela, contribuir com um Piauí melhor, “sem feminicídio, sem intolerância, e, sobretudo, um Piauí sem fome, um Piauí onde todos possam ter água para beber, onde carro-pipa deixe de ser um negócio e vire só uma lembrança ruim, que a gente quer esquecer...”

A mim, me marcou profundamente essa questão sobre a falta de água, principalmente no semiárido do nosso Sertão, em especial na minha cidade de Jaicós, pois, sou sertanejo de lá e acompanho de perto o sofrimento do nosso povo há décadas. Entra prefeito, sai prefeito; entra governo e saí governo e não resolvem essa desgraça da falta d’água. Ali dia (01) na posse, eu acabara de chegar de Jaicós, onde presenciava mais uma vez a lástima da falta da água tão indispensável ao ser humano e a revolta do nosso povo, que, aliás com razão, pois luta por algo tão essencial e comum ao ser humano há anos e não ver ser concretizado.

Se por um lado me entristece essa situação, por outro me acalanto um pouco por ter presenciado o governador Welington Dias conclamando a bancada federal para envidar esforços conjuntos visando a combater e resolver essa, ainda triste realidade, que precisa urgentemente mudar.

  • Foto: Divulgação/AscomNenem de Edite, prefeito de Jaicós participou da açãoNenem de Edite, prefeito de Jaicós que espera atendimento de pleitos sobre a água

Toda a bancada federal do Piauí tem a obrigação de encampar essa luta, por que ela é em defesa da sobrevivência de todos os seres vivos, principalmente os humanos, mas, o deputado federal Júlio César, tem obrigação maior ainda, pois, com o apoio do prefeito de Jaicós, Neném de Edite, foi o mais votado naquela cidade.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Deputado Júlio CésarDeputado Júlio César, mais votado em Jaicós, recebe diploma das mãos do des. Pedro Alcântara Macedo do TRE

Está na hora de ombrear-se com o governador Wellington Dias e resolver essa situação, que, indiscutivelmente é vergonhosa para o Piauí e para o Brasil, pois água é o que não falta nos arredores de Jaicós, inclusive na cidade de Patos que até pouco tempo pertenceu ao município de Jaicós, por meio do açude Marruás, não está difícil, falta mais vontade política do que viabilidade.

Esperamos que o governo federal agora chefiado por Jair Bolsonaro (PSL) a quem o líder político piauiense Júlio César já declarou apoio, ele (Bolsonaro), que também tem origens no Nordeste (Ceará), possa dar essa contribuição para fazer chegar a água aonde ainda não chegou, me refiro à parte significativa do semiárido Nordestino, onde se inclui o sertão jaicoense.

  • Foto: Jacinto Teles/Gp1Igreja de N. S. das Mercês sede de muitas orações pela água que ainda não veioIgreja N. S. das Mercês em Jaicós, umas das sedes das orações pela água que ainda não veio

Portanto, entendo que o governador Wellington Dias deve continuar a sintonia com o discurso de Regina Sousa, e, deve dizer NÃO aos ‘gananciosos de governo’, sob pena de não poder dizer SIM às necessidades do Piauí, em especial as do povo do Sertão.

Essa é a minha opinião, salvo melhor juízo.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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