A Agência Mundial Antidoping (WADA) divulgou nesta quinta-feira (08) uma nota oficial detalhando fraudes cometidas pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) nos últimos anos. A denúncia, que veio à tona após uma reportagem da Reuters, revela que atletas dopados competiram sem punição, com a permissão da USADA.
A WADA afirmou estar ciente de pelo menos três casos em que atletas competiram por anos enquanto atuavam como agentes secretos da USADA, sem notificação à WADA e sem qualquer disposição permitindo tal prática. Um dos casos envolve um atleta de elite que competiu em eliminatórias olímpicas e eventos internacionais, mesmo após admitir o uso de esteroides e outras substâncias ilegais.
Segundo a WADA, esse atleta nunca teve seu caso publicado, seus resultados desqualificados, prêmios devolvidos ou suspensão cumprida. A USADA justificou que a divulgação das consequências colocaria a segurança do atleta em risco, e a WADA, sem alternativas, concordou com a não publicação. A entidade internacional chamou a USADA de “hipócrita” por permitir que trapaceiros competissem enquanto criticava outras organizações antidoping.
A USADA defendeu a liberação dos infratores para que atuassem como informantes secretos, alegando que isso ajudou em investigações do FBI sobre tráfico de pessoas e drogas. Travis Tygart, presidente-executivo da USADA, afirmou que essa prática é eficaz para lidar com problemas maiores e sistêmicos, mas não forneceu mais detalhes sobre os incidentes.
O código mundial antidoping permite que atletas que ajudem substancialmente em investigações peçam a suspensão de parte das proibições após o processo. No entanto, a reportagem da Reuters destaca que não há previsão para que atletas violadores continuem competindo sem serem processados ou sancionados. A USADA classificou a declaração da WADA como “difamação” em resposta às críticas sobre o caso das nadadoras chinesas.
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