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Maurício Macri admite aumento de pobreza e eleva ‘Bolsa Família’

Presidente argentino faz firme defesa de sua política de austeridade no tradicional discurso do Estado.

O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou nesta sexta-feira um aumento de 46% no benefício social por filho (semelhante ao Bolsa Família), ao admitir que, “lamentavelmente, a pobreza aumentou aos níveis de antes”. Segundo ele, apesar de que quando chegou ao poder, em 2015, a pobreza iniciou uma “tendência de baixa” durante dois anos, agora voltou a subir em razão da crise econômica, que atinge a terceira maior economia da América Latina.

Macri fez uma firme defesa de sua política de austeridade no tradicional discurso do Estado da Argentina diante da Assembleia Legislativa, apesar da crise. A atividade econômica caiu 2,6% em 2018; a inflação chegou a 47,6%; a indústria desabou em 5% e a pobreza chegou aos 27,3% da população no primeiro semestre de 2018.

  • Foto: EFE/David FernandezMaurício MacriMaurício Macri

“Hoje, a Argentina está melhor que em 2015 (quando assumiu). Continuamos fazendo mudanças profundas. Saímos do pântano”, disse.

A primeira sessão do Congresso foi turbulenta, com um clima de campanha para as eleições gerais de 27 de outubro. O presidente falava em voz alta e às vezes gritava e desanimava, enquanto a oposição protestava e levantava cartazes com a legenda “Existe outra maneira” ou “Macri já saiu”.

Ao justificar o grave corte nos gastos públicos que empurrou o país para a recessão, ele disse que “o déficit fiscal é o que causa inflação e pobreza”. Seu objetivo com o FMI é “o déficit fiscal zero”. A inflação registrará em 2019 uma “baixa substancial”, previu o chefe de Estado, que apostou em lutar contra a pobreza estrutural, não só na econômica, mas também fomentando a qualidade da educação.

Macri disse que “algumas mudanças exigem paciência” e “não há como voltar atrás” com as políticas que estão sendo aplicadas, apesar de a inflação acumular 50% em um ano, a pobreza estar crescendo, fábricas e empresas fechando e quase 200 mil funcionários demitidos em 2018, segundo dados oficiais.

Macri tentará sua reeleição por mais um mandato de quatro anos. Mas um dos maiores institutos de pesquisa do país, Poliarquía, acaba de revelar que 64% dos argentinos desaprovam a gestão de Macri.

No entanto, ninguém sabe se a maior rival de Macri nas pesquisas, a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner, apresentará seu candidatura. Ela enfrenta mais de dez casos na justiça por suspeitas de corrupção.

Estatísticas oficiais apontaram 2,9% de alta dos preços do varejo em janeiro, o que elevou o acumulado em ritmo anual a 50%, o mais alto em 28 anos. A recessão levou a economia a recuar 2,6% em 2018, com uma queda de 7% em dezembro em relação ao mesmo período de 2017.

Macri não voltou a dizer que "a inflação está caindo", como tinha declarado há um mês. As estatísticas oficiais apontaram 2,9% de alta dos preços do varejo em janeiro, o que elevou o acumulado em ritmo anual a 50%, o mais alto em 28 anos.

"Estamos no caminho certo", reiterou o presidente. No entanto, a recessão levou a economia a recuar 2,6% em 2018, com uma queda de 7% em dezembro em relação ao mesmo período do ano anterior.

A deputada da centro-esquerda Victoria Donda, filha de desaparecidos na ditadura, disse que o discurso "foi de um presidente que está deixando o poder".

Nos arredores do Congresso, Olga Alderete, uma faxineira que ganha 6 mil pesos por mês (US$ 150), disse à AFP: "Que Macri vá embora, não conseguimos mais, tudo aumenta, as fábricas estão fechando".

"Agora a escola vai começar, e é um problema, pois não há dinheiro para comprar o material", disse ela, enquanto outras pessoas da periferia levantavam uma grande faixa com as palavras "Fuera Macri, Ya" (Fora Macri, já).

Centenas de empresas de grande e médio porte entraram em uma chamada para credores ou reivindicaram entrar no quadro do Procedimento de Crise para demitir funcionários, argumentando que não conseguem mais pagá-los. Até a Coca-Cola solicitou o procedimento para uma de suas fábricas.

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