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Premiê de Israel vai pressionar Biden sobre o Irã em visita aos EUA

Analistas acreditam que são pequenas as chances de as conversas levarem a uma mudança de posição.

O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, pretende pressionar o presidente dos EUA, Joe Biden, a endurecer sua abordagem com Irã nesta quinta-feira, 26, durante sua primeira visita à Casa Branca. Analistas acreditam que são pequenas as chances de as conversas levarem a uma mudança de posição do governo americano.

Bennett é menos dramático, mas publicamente tão inflexível quanto o ex-premiê Binyamin Netanyahu ao prometer não permitir que o Irã, que Israel vê como uma ameaça existencial, construa uma arma nuclear, dizendo em uma reunião de gabinete no domingo que a situação estava em um ponto crítico.

Bennett afirmou que diria a Biden: "Esta é a hora de deter os iranianos, não de dar a eles uma tábua de salvação na forma de entrar novamente em um acordo nuclear que expirou".

Um funcionário dos Estados Unidos disse que os esperados pedidos de Bennett para que o governo Biden abandone seus esforços para retomar o acordo provavelmente não darão frutos.

Trump, em 2018, retirou os Estados Unidos do acordo de 2015 entre seis potências mundiais e o Irã, que considerava exageradamente vantajoso para Teerã, e impôs as sanções dos EUA.

Em um relatório obtido pela Reuters na semana passada, a Agência Internacional de Energia Atômica disse que o Irã acelerou o enriquecimento de urânio até uma produção próxima ao nível usado em armas.

O Irã tem negado sistematicamente a busca por uma bomba, mas o enriquecimento aumentou as tensões com o Ocidente, já que ambos os lados buscam retomar as negociações sobre a o acordo para conter as atividades nucleares de Teerã em troca do levantamento das sanções.

Bennett disse a seu gabinete que apresentaria a Biden "um plano ordenado que formulamos nos últimos dois meses para conter os iranianos, tanto na esfera nuclear quanto em relação à agressão regional". Ele não deu mais detalhes.

Mesmo assim, tanto Israel quanto os Estados Unidos expressaram esperança de que a reunião desta quinta-feira defina um tom positivo entre Biden e Bennett, um político de extrema direita e milionário de alta tecnologia que conseguiu unir uma coalizão de vários espectros da política de Israel para encerrar o mandato de 12 anos de Binyamin Netanyahu como primeiro-ministro, em junho.

Seria um nítido contraste com anos de tensões entre o conservador Netanyahu, que era próximo ao ex-presidente Donald Trump, e o último governo democrata liderado por Barack Obama com Biden como seu vice-presidente.

"Há um novo governo nos Estados Unidos e um novo governo em Israel e estou trazendo comigo um novo espírito de cooperação de Jerusalém", disse Bennett na partida para Washington do aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv na terça-feira.

A visita dá ao governo dos EUA a oportunidade de falar com seu aliado mais próximo do Oriente Médio, enquanto enfrenta a situação caótica no Afeganistão, a maior crise de política externa de Biden desde que assumiu o cargo.

Bennett disse que deseja que seu governo seja conhecido como o "governo da boa vontade" e que deseja adotar um tom mais brando em relação aos Estados Unidos do que seu antecessor, Binyamin Netanyahu, que frequentemente entrava em confronto com os presidentes democratas.

Biden, que ligou para Bennett para parabenizá-lo menos de duas horas após sua posse, há dois meses, tentou enviar um sinal claro de que os Estados Unidos apoiam seu novo e diversificado governo de coalizão.

Mas, apesar de todo o estilo conciliador, o desafio pode ser a substância. Biden e Bennett, que nunca se encontraram antes, têm visões muito diferentes do conflito israelense-palestino e dos esforços para restaurar o acordo nuclear com o Irã.

Bennett deixou claro que não haverá um Estado palestino independente enquanto ele for o chefe de governo. Biden, em contraste, expressou um profundo compromisso com uma solução de dois estados que, por definição, inclui um estado palestino independente.

Bennett também se opõe à volta dos Estados Unidos ao acordo nuclear com o Irã, que o governo Biden está explorando. “Essas são duas questões centrais nas relações EUA-Israel, nas quais existem pontos de vista radicalmente diferentes”, disse Jeremy Ben-Ami, presidente da J Street, um grupo de defesa liberal pró-Israel. “O tom e a atmosfera não podem substituir o fato de que há uma diferença fundamental sobre as questões centrais em jogo na relação EUA-Israel.”

Em uma recente entrevista ao The New York Times, Bennett disse que expandiria os assentamentos na Cisjordânia, uma medida a que Biden se opõe. E ele se recusou a apoiar os planos americanos de reabrir um consulado para palestinos em Jerusalém.

Ainda assim, ele deixou claro que deseja que a reunião mostre que o relacionamento com os Estados Unidos está em terreno mais sólido, mesmo que algumas de suas políticas sejam semelhantes às de Netanyahu.

“Há uma nova dimensão aqui - surgindo com novas maneiras de resolver problemas, sendo muito realista, muito pragmático e sendo razoável com os amigos”, disse Bennett.

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