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Taxa de juros dos EUA é elevada em 0,75 ponto percentual

Banco central dos EUA decidiu aumentar a taxa de juros para o maior patamar desde o início da pandemia.

Pressionado por causa da inflação acelerada nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu elevar a taxa básica de juros do país em 0,75 ponto porcentual nesta quarta-feira, 15, em sua reunião de política monetária.

Com o aumento, a taxa básica de juros americana subiu para a faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano, a mais elevada desde março de 2020, no início da pandemia, quando estava entre 1% e 1,25%.

Foi o terceiro aumento consecutivo da taxa de juros nos Estados Unidos e a maior em quase três décadas. A última vez em que o Fed elevou os juros básicos dos Estados Unidos, os chamados Fed Funds, em 75 pontos-base foi em 1994, momento em que a autoridade monetária tentava impedir um repique nos índices inflacionários do país.

Até aqui, o Fed vinha tentando fazer um aperto monetário gradual de 0,5 ponto a cada reunião para controlar a inflação galopante que vem afetando a economia americana. Mas persistência da alta dos preços fez com que o banco central americano tomasse uma medida mais dura.

A decisão de elevar a taxa em 0,75 ponto, porém, não foi unânime entre os diretores do Fed. A presidente da distrital de Kansas City, Esther George, votou por um aumento de 0,5 ponto.

Até a semana passada, um aumento dessa magnitude era visto como pouco provável pelo mercado. Porém, a divulgação de novos dados sobre a inflação nos Estados Unidos mudaram essa visão. Em maio, o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) chegou a 8,6% em 12 meses, o maior nível em 40 anos. Apenas no mês de maio, a alta foi de 1% sobre abril, o que fez os investidores apostarem em um aperto ainda maior das taxas de juros do Fed.

Levantamento da consultoria CME Group já mostrava que as chances de o Fed elevar os juros em 75 pontos-base passaram a predominar no mercado, com 95,3% dos economistas apontando nesta direção, contra 4,7% indicando uma alta de 50 pontos-base. Há uma semana, esse cenário era tido como improvável. A probabilidade de uma alta de 75 pontos base era de apenas 3,9%. Por sua vez, um aumento de 50 pontos base era o consenso, respondendo por 96,1% das estimativas.

Agora, o cenário exige um aperto maior, colocando o BC norte-americano em uma sinuca de bico: ou controla a inflação ou condiciona a maior economia do mundo para um pouso suave. Ao apertar ainda mais as condições financeiras do país, porém, pode levar os EUA a dias mais difíceis à frente.

O comunicado do Fed divulgado nesta quarta aponta que novos aumentos na taxas de juros serão apropriados. "A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços", diz o comunicado. "A invasão da Ucrânia pela Rússia e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários", completou.

Diante desse cenário, o Fed assegura que continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. "O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê", destacou.

Dentre os 18 diretores do Federal Reserve (Fed) que participaram da reunião de política monetária, 13 acreditam que a taxa básica de juros nos EUA estará entre 3% e 3,5% até o fim de 2022, com oito dirigentes prevendo juro na faixa entre 3,25% e 3,50%, enquanto outros cinco projetam que a taxa dos Fed funds estará no patamar de 3% e 3,25% após o encontro de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Na reunião de março, a última em que o Fed atualizou suas projeções, apenas um dirigente esperava juro de 3% ou mais, e a maioria previa algo em torno de 2% a 2,75% como apropriado. A mudança nas expectativas ocorre em meio à resiliência da forte inflação nos EUA e consequente aperto monetário mais agressivo pelo Fed.

Para 2023, sete dirigentes esperam que os juros estejam entre 3,5% e 3,75%, quatro preveem taxa básica de 3,75% a 4% e outros quatro enxergam o patamar de 4% a 4,25% como adequado. Apenas um dirigente prevê juro entre 2,75% e 3%, mais um espera algo na faixa de 3,255 e 3,50%, e outro membro do Fomc vê juro de 4,25% a 4,5% até o fim do ano que vem.

Os dirigentes do Federal Reserve ainda alteraram as projeções para o crescimento dos Estados Unidos nos próximos anos, na comparação com as estimativas divulgadas em março. Para 2022, a mediana das estimativas de crescimento da economia americana caiu de 2,8% em março para 1,7% agora. Para 2023, a projeção foi de 2,2% a 1,7%. E para 2024, de 2,0% a 1,9%.

As medianas das projeções para a taxa de desemprego dos Estados Unidos subiram na comparação com a previsão de março. Para 2022, a projeção da taxa de desemprego foi de 3,5% para 3,7%. Para 2023, saiu de 3,5% para 3,9%.

Outras medidas

Além do aumento da taxa básica de juros, o Fed também decidiu elevar a taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 1,65%, decisão que entra em vigor a partir de amanhã, e a taxa de desconto e 0,75 ponto, de 1% para 1,75%.

O Federal Reserve ainda reafirmou o plano de diminuir o balanço de ativos da entidade conforme os termos definidos na reunião de maio. No comunicado, o Fed explicou que reduzirá suas participações nos títulos do Tesouro americano (as treasuries) e em títulos lastreados em hipoteca (MBS, na sigla em inglês).

Segundo o plano, iniciado em 1° de junho, o Fed reduz as compras de MBS em US$ 17,5 bilhões ao mês e as de treasuries em US$ 30 bilhões, em um total de US$ 47,5 bilhões, durante os três primeiros meses. Depois disso, a redução será de US$ 60 bilhões por mês para Treasuries e US$ 35 bilhões para MBS, em um total de US$ 95 bilhões.

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