Hospital que trata pacientes com transtornos mentais de alta gravidade e que perderam noção de relacionamento, ainda é visto como um lugar de terror. O Hospital Areolino de Abreu não foge dessa cultura. É o que afirma a diretora Maria das Graças Emília, médica psiquiatra que há 30 anos trabalha na reabilitação desses pacientes.
“Nossa maior dificuldade é informar que não somos um manicômio. Esse termo só é utilizado por juristas ao determinar o recebimento de um cidadão vítima de transtorno manicomial”, explica a diretora.
Há 43 anos, o Hospital Areolino de Abreu trabalha no atendimento aos pacientes vítimas de transtornos mentais de alta gravidade que influencia no seu comportamento em sociedade e de higiene. Em 1907, funcionava em uma casa no centro de Teresina denominada Canto de Marte, conhecida também como asilo de alienados. Um termo muito agressivo para uma instituição que trabalha com um tema já muito delicado, que é a saúde mental. Foi quando em 1961 o então vice-governador do Estado, Areolino de Abreu, transformou a casa em um hospital, passando a funcionar no atual endereço, localizado no bairro Primavera, zona Norte de Teresina.
A princípio, a administração do Hospital ficava sob comando das freiras, responsáveis também por manter a espiritualidade dos pacientes. Ao longo dos anos, a Secretaria de Saúde foi interagindo mais com essa administração e tomou para si a total responsabilidade de manter o hospital, que se tornou referência em atendimento na área de saúde mental no Piauí e entre os estados do Norte e Nordeste.
O Hospital Areolino de Abreu funciona também como hospital escola oferecendo aulas práticas e teóricas para alunos de medicina, enfermagem, psicologia e serviço social. No total, são 475 funcionários responsáveis por cuidar dos cidadãos que ocupam os 160 leitos disponíveis para internação, além de uma média diária de 220 pessoas que procuram o atendimento ambulatorial.
“A internação é o ultimo estágio de um transtorno mental. Só é necessária quando o comportamento do paciente interfere diretamente na suas relações sociais e compromete a segurança de quem está próximo”, explica a diretora Maria das Graças.
Através de assistência setorizada por categorias diagnósticas, o Hospital vincula o paciente a uma equipe terapêutica específica. Dessa forma, eleva o nível e a qualidade do atendimento, além de reduzir o tempo de atendimento. Ao receber o diagnóstico, o paciente passa pela Unidade de Enfermaria de Curta Permanência, onde fica em observação por 72 horas, acompanhado por uma equipe médica multiprofissional e, principalmente, pela família. “É fundamental que a família participe desse processo de tratamento. Mesmo que seja só na observação, porque é a própria família que percebe a melhora ou não daquele paciente”, afirma Maria das Graças.
Ao ser encaminhado para a internação, além da assistência médica com todos os profissionais atentos para a evolução do tratamento e com medicamentos regulados, o paciente também participa de terapias complementares, como costura, pintura em telas e técnicas agrícolas. “Aqui eles podem exercitar a consciência e ficarem livre da ociosidade. Muitos já procuram o espaço mesmo que seja só pra assistir filmes ou ler alguma revista”, afirma a terapeuta ocupacional do centro, Nívea Costa. Há também as oficinas de movimento, onde os internos fazem ginástica, alongamento, dança e praticam esportes, tudo isso para perceberem que podem voltar ao convívio social sem maiores riscos.
Além da terapia, os pacientes recebem todos os cuidados com a higiene igualmente oferecida por profissionais. O cabeleireiro Gerson Santos trabalha no Hospital há quase treze anos e afirma que além da higiene, a autoestima de quem passa pelo salão melhora. “Aqui, eles conversam, falam como querem ficar na aparência e até brincam para saber quem é o mais bonito”, afirma o funcionário que também é responsável pela equipe de teatro.
O Amor é o melhor remédio
Hospital psiquiátrico ainda é local de resistência tanto para os pacientes quanto para a família desses. Muitos deixam o psicológico abalar de tal forma que leva o abandono. O que prejudica sumariamente o tratamento do paciente que além de sofrer o isolamento social, sofre com o abandono da família.
A assistente social do Hospital Areolino de Abreu, Francisca Soares, afirma que pelo menos uma vez por semana reúne-se com os familiares dos internos para trocar experiências sobre a evolução nos tratamentos, além de sensibilizar ainda mais esse apoio familiar. “Além de ser responsável juridicamente, a família é a base a apoio moral do paciente. É a referência e a motivação que ele vai ter para procurar evoluir no tratamento”, explica Francisca.
Por isso, a diretora do Hospital, Maria das Graças, informa que é fundamental que a família participe de todo o processo de tratamento. “Desde o momento de consulta, passando pela observação na enfermaria até a internação, é a família que vai dá a base para aquele cidadão melhorar”, declara.
A diretora afirma ainda que existe uma grande resistência das empresas em relação a empregabilidade de um portador de transtorno mental. Segundo ela, pela falta de informação. “Muita gente não entende que se trata de uma doença crônica como qualquer outra. Quando alguém tem uma crise de asma, por exemplo, procura o médico para buscar o tratamento. E assim é também com o portador de transtorno mental”, reitera.
Estudos apontam que uma estimativa de 25% da população adulta irá exigir algum tipo de saúde mental no espaço de um ano. Dessa forma, considera-se que adoecer de um transtorno mental é um acontecimento tão natural que qualquer um pode ser vítima. Por isso, é necessário desarmar todas as formas de preconceitos e ajudar quem precisa de atenção e cuidado.
Todos estão convidados a participar das comemorações de 43 anos do Hospital Areolino de Abreu, a ser realizado na próxima segunda feira (4). A programação contará com uma missa de abertura, e atividades ao longo do dia, que inclui um torneio de futebol entre os internos, familiares e convidados. Além de premiação para as equipes que se destacarem, acontecerá o sorteio de brindes entre os participantes. O brinde é produção dos internos confeccionados nas oficinas de terapias ocupacionais.
“Nossa maior dificuldade é informar que não somos um manicômio. Esse termo só é utilizado por juristas ao determinar o recebimento de um cidadão vítima de transtorno manicomial”, explica a diretora.
Há 43 anos, o Hospital Areolino de Abreu trabalha no atendimento aos pacientes vítimas de transtornos mentais de alta gravidade que influencia no seu comportamento em sociedade e de higiene. Em 1907, funcionava em uma casa no centro de Teresina denominada Canto de Marte, conhecida também como asilo de alienados. Um termo muito agressivo para uma instituição que trabalha com um tema já muito delicado, que é a saúde mental. Foi quando em 1961 o então vice-governador do Estado, Areolino de Abreu, transformou a casa em um hospital, passando a funcionar no atual endereço, localizado no bairro Primavera, zona Norte de Teresina.
A princípio, a administração do Hospital ficava sob comando das freiras, responsáveis também por manter a espiritualidade dos pacientes. Ao longo dos anos, a Secretaria de Saúde foi interagindo mais com essa administração e tomou para si a total responsabilidade de manter o hospital, que se tornou referência em atendimento na área de saúde mental no Piauí e entre os estados do Norte e Nordeste.
O Hospital Areolino de Abreu funciona também como hospital escola oferecendo aulas práticas e teóricas para alunos de medicina, enfermagem, psicologia e serviço social. No total, são 475 funcionários responsáveis por cuidar dos cidadãos que ocupam os 160 leitos disponíveis para internação, além de uma média diária de 220 pessoas que procuram o atendimento ambulatorial.
“A internação é o ultimo estágio de um transtorno mental. Só é necessária quando o comportamento do paciente interfere diretamente na suas relações sociais e compromete a segurança de quem está próximo”, explica a diretora Maria das Graças.
Através de assistência setorizada por categorias diagnósticas, o Hospital vincula o paciente a uma equipe terapêutica específica. Dessa forma, eleva o nível e a qualidade do atendimento, além de reduzir o tempo de atendimento. Ao receber o diagnóstico, o paciente passa pela Unidade de Enfermaria de Curta Permanência, onde fica em observação por 72 horas, acompanhado por uma equipe médica multiprofissional e, principalmente, pela família. “É fundamental que a família participe desse processo de tratamento. Mesmo que seja só na observação, porque é a própria família que percebe a melhora ou não daquele paciente”, afirma Maria das Graças.
Ao ser encaminhado para a internação, além da assistência médica com todos os profissionais atentos para a evolução do tratamento e com medicamentos regulados, o paciente também participa de terapias complementares, como costura, pintura em telas e técnicas agrícolas. “Aqui eles podem exercitar a consciência e ficarem livre da ociosidade. Muitos já procuram o espaço mesmo que seja só pra assistir filmes ou ler alguma revista”, afirma a terapeuta ocupacional do centro, Nívea Costa. Há também as oficinas de movimento, onde os internos fazem ginástica, alongamento, dança e praticam esportes, tudo isso para perceberem que podem voltar ao convívio social sem maiores riscos.
Além da terapia, os pacientes recebem todos os cuidados com a higiene igualmente oferecida por profissionais. O cabeleireiro Gerson Santos trabalha no Hospital há quase treze anos e afirma que além da higiene, a autoestima de quem passa pelo salão melhora. “Aqui, eles conversam, falam como querem ficar na aparência e até brincam para saber quem é o mais bonito”, afirma o funcionário que também é responsável pela equipe de teatro.
O Amor é o melhor remédio
Hospital psiquiátrico ainda é local de resistência tanto para os pacientes quanto para a família desses. Muitos deixam o psicológico abalar de tal forma que leva o abandono. O que prejudica sumariamente o tratamento do paciente que além de sofrer o isolamento social, sofre com o abandono da família.
A assistente social do Hospital Areolino de Abreu, Francisca Soares, afirma que pelo menos uma vez por semana reúne-se com os familiares dos internos para trocar experiências sobre a evolução nos tratamentos, além de sensibilizar ainda mais esse apoio familiar. “Além de ser responsável juridicamente, a família é a base a apoio moral do paciente. É a referência e a motivação que ele vai ter para procurar evoluir no tratamento”, explica Francisca.
Por isso, a diretora do Hospital, Maria das Graças, informa que é fundamental que a família participe de todo o processo de tratamento. “Desde o momento de consulta, passando pela observação na enfermaria até a internação, é a família que vai dá a base para aquele cidadão melhorar”, declara.
A diretora afirma ainda que existe uma grande resistência das empresas em relação a empregabilidade de um portador de transtorno mental. Segundo ela, pela falta de informação. “Muita gente não entende que se trata de uma doença crônica como qualquer outra. Quando alguém tem uma crise de asma, por exemplo, procura o médico para buscar o tratamento. E assim é também com o portador de transtorno mental”, reitera.
Estudos apontam que uma estimativa de 25% da população adulta irá exigir algum tipo de saúde mental no espaço de um ano. Dessa forma, considera-se que adoecer de um transtorno mental é um acontecimento tão natural que qualquer um pode ser vítima. Por isso, é necessário desarmar todas as formas de preconceitos e ajudar quem precisa de atenção e cuidado.
Todos estão convidados a participar das comemorações de 43 anos do Hospital Areolino de Abreu, a ser realizado na próxima segunda feira (4). A programação contará com uma missa de abertura, e atividades ao longo do dia, que inclui um torneio de futebol entre os internos, familiares e convidados. Além de premiação para as equipes que se destacarem, acontecerá o sorteio de brindes entre os participantes. O brinde é produção dos internos confeccionados nas oficinas de terapias ocupacionais.
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