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Bolsonaro justifica alta em cartão corporativo com voos para China

Como mostrou o 'Estadão', a fatura dos quatro primeiros meses de 2020 foi de R$ 3,76 milhões, o dobro da média do que foi pago no mesmo período nos últimos cinco anos.

O presidente Jair Bolsonaro voltou nesta segunda-feira, 11, a justificar a alta nos gastos sigilosos com cartão corporativo neste início do ano com despesas da operação que resgatou brasileiros em Wuhan, na China, em fevereiro deste ano, quando o país asiático era o epicentro do novo coronavírus. Como mostrou ontem o Estadão, a fatura dos quatro primeiros meses de 2020 foi de R$ 3,76 milhões, o dobro da média do que foi pago no mesmo período nos últimos cinco anos.

"O que eu posso falar da China é que ontem a imprensa, como sempre, dá licença aí, a imprensa como sempre criticando o cartão corporativo", afirmou o presidente, em frente ao Palácio da Alvorada, a uma apoiadora que o questionou se o país asiático escondia dados sobre o coronavírus. "Parte da operação da China, três avião da FAB, por ser avião militar, foi financiado com cartão corporativo meu. Apareceu eu usando o cartão para fazer festa. Falta de caráter e de responsabilidade dessa imprensa aí."

Os gastos com a operação que trouxe de volta ao País 34 brasileiros estão em sigilo. Em resposta à reportagem na semana passada, o Palácio do Planalto deu uma versão diferente do que afirmou Bolsonaro para justificar o aumento.

Sem dar detalhes, a assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência – órgão responsável pela gestão dos cartões corporativos – informou que a maior parte das despesas neste ano está relacionada às viagens presidenciais em território nacional e viagens internacionais. Neste ano, o presidente esteve na Índia em janeiro, participou da posse do presidente do Uruguai, no início de março e, no mesmo mês, viajou com uma comitiva de 31 pessoas aos Estados Unidos.

O cálculo que aponta o gasto de R$ 3,76 milhões leva em conta apenas os valores vinculados à Secretaria Especial de Administração, que é responsável por despesas do presidente e de sua família, das residências oficiais e gastos corriqueiros – material de escritório, por exemplo. Quando considerados outros órgãos vinculados à Presidência da República, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o valor salta para R$ 7,55 milhões neste início de ano –aumento de 91% em relação à média do mesmo período.

Na mesma resposta dada na semana passada, a Secretaria-Geral chegou a citar o aumento a despesas com a operação na China, mas sem detalhar qual órgão foi responsável pela despesa.

"Dentre os valores que compõem a despesa de março/2020 do Portal da Transparência, está o pagamento das faturas dos serviços de apoio de solo e comissária aérea na viagem para a China, realizada em fevereiro de 2020, para o resgate de 34 brasileiros isolados em Wuhan, na China, em razão do surto epidemiológico inicial do covid-19 (Operação Regresso)", diz nota enviada na semana passada.

Em resposta posterior à reportagem, o Palácio do Planalto informou que o GSI havia classificado os gastos com a operação na China como de acesso restrito, motivo pelo qual eles foram mantidos em sigilo.

Coordenada pelo Ministério da Defesa, a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil ocorreu entre 5 e 9 de fevereiro, fase do envio e retorno dos aviões, e seguiu com mais 14 dias de confinamento dos resgatados na Base Aérea de Anápolis (GO). Documentos do Comando da Aeronáutica revelados pelo Estadão em março mostraram que a operação custou R$ 4,6 milhões aos cofres públicos –valor que não incluía os gastos colocados em sigilo pelo GSI.

Procurado nesta segunda-feira, o Palácio do Planalto não se manifestou.

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