Fechar
GP1

Saúde

Bolsonaro volta a usar OMS para criticar destruição de emprego

Presidente fez novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV nesta terça-feira.

No dia em que o País registrou recorde de mortes por coronavírus em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro defendeu em cadeia nacional de TV e rádio a necessidade de se preservar empregos e renda de trabalhadores informais durante a crise do coronavírus. Citando uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, o presidente disse que sua missão é "salvar vidas". Como fez mais cedo, ele tirou do contexto as declarações do dirigente do órgão internacional. O discurso foi acompanhado de panelaços em vários pontos do País.

"Temos uma missão, salvar vidas sem deixar de lado os empregos. Por um lado, temos que ter cautela com todos, principalmente os mais velhos, por outro, temos que preservar empregos", afirmou o presidente.

O pronunciamento foi ao ar no mesmo dia em que o País registrou 42 mortes por coronavírus em apenas 24 horas - recorde para um mesmo dia. Já são 5.717 casos confirmados.

Diferentemente do pronunciamento feito na semana passada, porém, Bolsonaro não defendeu explicitamente o fim do isolamento social, medida considerada como mais eficaz no combate à Covid-19. "Não me valho dessas palavaras para negar a importância de medidas de prevenção e controle contra a pandemia", disse.

Pela primeira vez, o mandatário admitiu que não existe vacina ou remédio com eficácia comprovada contra o novo coronavírus e defendeu a necessidade de se preservar ao máximo “a vida e os empregos”. “O vírus é uma realidade, ainda não existe vacina contra ele ou remédio com a eficiência cientificamente comprovada. Apesar da hidroxicloroquina parecer bastante eficaz. O coronavírus veio e, um dia, irá embora. Infelizmente, teremos perdas pelo caminho”, afirmou.

O mandatário disse ainda ser preciso evitar ao máximo qualquer perda de vida humana. "Como disse o diretor-geral da OMS: todo indivíduo importa. Ao mesmo tempo, devemos evitar a destruição de empregos, que já vem trazendo muito sofrimento para os trabalhadores brasileiros”, disse.

No discurso da semana passada, o presidente defendeu a "volta à normalidade" no País e criticou governadores que adotaram medidas para reduzir a circulação de pessoas, como o fechamento de escolas, shoppings e comércio. O isolamento social é, segundo especialistas, a forma mais eficaz de se evitar a propagação da covid-19. Segundo o Ministério da Saúde a doença havia matado 159 pessoas no País até a última segunda-feira, 30.

Ao citar a declaração do diretor do órgão internacional Bolsonaro tenta dar respaldo ao seu argumento sobre a necessidade de se flexibilizar as restrições impostas por causa do vírus.

No entanto, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dizem em conversas reservadas que se Bolsonaro levar adiante sua ideia de reabrir o comércio a medida será barrada pela Corte. O Estado apurou que o Supremo não vai autorizar nenhuma ação que confronte as recomendações das autoridades de saúde do Brasil e do mundo com relação ao combate do novo coronavírus. A principal delas é o isolamento social.

Fim do isolamento

Na contramão do que defende o ministério da Saúde e a OMS, o presidente está tentando afrouxar as medidas de isolamento para o combate ao novo coronavírus. No último domingo, 29, um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir para não menosprezar a gravidade da pandemia do novo coronavírus em suas manifestações públicas, Bolsonaro foi às ruas de Brasília e causou aglomerações ao visitar vários comércios locais ainda abertos. A atitude, de acordo com especialistas, pode enquadrar o mandatário no artigo 268 do Código Penal ou na Lei de Responsabilidade.

Apesar da tensão com o ministro da Saúde, Bolsonaro indicou nesta terça que Mandetta vai continuar no cargo. “Comigo ninguém vai viver sob tensão, está bem o Mandetta”, disse Bolsonaro.

Mais conteúdo sobre:

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.