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Descubra como a morte é encarada em algumas religiões

Algumas religiões acreditam em reencarnação, outras acreditam que existe um céu e um inferno e existem aquelas que acreditam que desse mundo partimos para o outro.

A morte é conhecida por causar uma das maiores dores no ser humano. Para muitos, isso é um tema difícil e para lidar com ela, diferentes religiões e doutrinas ajudam a amenizar o sofrimento. Algumas religiões acreditam em reencarnação, outras acreditam que existe um céu e um inferno e existem aquelas que acreditam que desse mundo partimos para o outro.

Confira como a morte é encarada em algumas religiões:

Cristianismo

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1Paróquia de Nossa Senhora da Vitória Paróquia de Nossa Senhora da Vitória

Os católicos acreditam que a morte é uma passagem para ressureição, para ficar junto a Deus.  Após a morte a pessoa passa por um juízo particular,  onde os atos da sua vida na terra serão devidamente analisados. Se ela foi uma pessoa boa, que praticou atos em prol do próximo, ela ficará no céu, para ficar próxima Deus. Agora se foi uma pessoa pecadora, ficará no Inferno.

“O Cristianismo acredita que a morte não é o fim, mas uma passagem para a vida eterna. Certo da ressurreição. Nascemos para a vida e a ressurreição em cristo. A igreja não vê o céu ou o inferno como um local, mas como um estado de espírito daquela pessoa”, explicou o padre Francisco Borges, da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, na Vila Meio Norte.

  • Foto: Arquivo PessoalPadre Francisco BorgesPadre Francisco Borges

Espiritismo

Considerada uma religião ou ciência, o Espiritismo defende que a morte não é o fim. Só no Piauí existem cerca de 80 comunidades espíritas. Ao GP1, o presidente da Federação Espírita do Piauí, José Lucimar, explicou como a morte é vista.

 “Para nós a morte não é o fim. Tudo se iniciou com Alan Kaderc, por meio de espíritos superiores, que revelou o que ocorre após a morte. Vários outros espíritas como o Chico Xavier, mostraram que a morte é apenas uma passagem para o mundo espiritual. Quando acontece o desencarne, que é a morte, o espírito continua a existir, ligado àqueles que ficaram. A vida terrena é apenas em um corpo físico, onde passamos por um aperfeiçoamento e aprendizado do espírito. Quando morremos levamos tudo que aprendemos para o mundo espiritual. O Espiritismo é uma ciência, mas também uma religião”, disse.

  • Foto: Arquivo Pessoal/ José LucimarJosé LucimarJosé Lucimar

José Lucimar explicou que após a morte, a alma segue para o mundo espiritual que possui várias dimensões. “No mundo espiritual, existem várias dimensões, onde você vai de acordo com a sua vida. Se você foi uma pessoa boa, de paz, você continua com essas qualidades e vai para uma dimensão que se adequa a essas qualidades. Agora se você foi uma pessoa vaidosa, egoísta, que fez mal a outras pessoas, então você vai para aquela dimensão que se adequa a essa vida terrena que você teve. É como se fosse o que os católicos chamam de céu e inferno”, explicou.

No espiritismo, após a morte “temos as práticas dos ocidentais. Velamos o ente querido e enterramos o corpo, mas não existe, por exemplo, a missa de sétimo dia. Temos todo um apreço pelo que morreu, mas acreditamos que é só o corpo, que o espírito vai continuar”, finalizou.

Hinduísmo

Com mais de 950 milhões de seguidores, sendo a terceira maior religião do mundo, ela acredita que Deus está em tudo e tudo é Deus. No hinduísmo acredita-se que o mundo existente é o próprio “Deus”, que no hindu é chamado de Brama. Eles acreditam na reencarnação, onde aquela pessoa que levar uma vida voltada para o bem, levará a sua libertação do Karma, acontecendo assim a reencarnação. A cremação é a forma que eles usam para libertar a alma para que siga seu caminho e o corpo passe por uma purificação.

Umbanda

É uma religião brasileira, que incorpora vários elementos das religiões africanas e cristãs. Somente no Piauí existem mais de 400 comunidades registradas. Em entrevista ao GP1, o presidente da Federação Umbandista do Brasil (FEUBRA) no Piauí, Itamar Andrade, e o umbandista Raimundo Nonato, conhecido como Nonatinho do Oxóssi, explicaram que a religião acredita na reencarnação.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1 O nonatinho do oxóssi, Raimundo NonatoO nonatinho do oxóssi, Raimundo Nonato

“Há alguns anos, enchiam as cadeias com os pais de santo, então fizeram uma lei que diz que a Umbanda estava registrada como religião brasileira. Assim os umbandistas foram retirados das cadeias. Ainda hoje existe perseguição, pois as pessoas olham de forma diferente, mas é uma religião muito boa. Um é Deus e banda é povo. Ela nasceu no Brasil para os espíritos protetores, os guias exercerem a mediunidade. A ligação entre o mundo físico e espiritual. É importante dizer que todos nós temos as três pessoas da santíssima trindade e o nosso anjo da guarda”, explicou Itamar Andrade. Para a entrevista ele solicitou que não fossem tiradas fotos.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Terreiro de Umbanda Terreiro de Umbanda

O presidente da Feubra, explicou como a religião encara a morte. “Somos reencarnacionistas. Reconhecemos que para a elevação do espírito, sem a reencarnação sucessiva não há elevação do espírito. O espírito só pode galgar a sua evolução através do bem, da caridade, por exercício dessa reencarnação, o reconhecimento de que se você não viver de novo não tem como se evoluir. Você vem predestinado para cumprir missões aqui na terra. Quando se é enterrado, a terra consume [seu corpo]. A essência é que é importante. Você vai para junto de Deus, receber novos ensinamentos no mundo espiritual, sem perder o que você aprendeu. Tanto que você pode observar, quando nasce uma criança, vamos dizer que ela tem de dois a três anos, e já tem uma sapiência, que os pais se empolgam e dizem que aquela pessoa é uma superdotada. Usam esse termo, mas na verdade, aquele espírito é evoluidíssimo. Tudo que aprendeu nas vidas sucessivas, não se perde. Leva para onde for esse seu conhecimento. A morte é uma passagem de um plano para outro. Não tem dor. Se tivermos a mente fraca nos perturbamos com ela. Essa passagem é certa. Somos navegantes desse planeta. Estamos nele em busca de uma evolução”, afirmou Itamar.

Nonatinho do Oxóssi atua na Vila Samaritana, na zona Leste de Teresina, e é secretário de  Assuntos Sociais e do Meio Ambiente da Feubra. Ele afirmou que aquilo que você faz de bom ou ruim é levado para o mundo espiritual. “Tudo que a gente faz aqui na terra a gente leva. Tudo que a gente faz de bom ou ruim nós levamos. A causa e efeito. A única coisa que você leva é o que fez aqui na terra, não leva carro, apartamento, dinheiro, nada, só o que você fez e o seu conhecimento. As obras más você leva para descontar elas”, destacou Nonatinho do Oxóssi.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Raimundo Nonato, o nonatinho do oxóssiRaimundo Nonato, o nonatinho do oxóssi

Candomblé

Para quem acredita nessa religião, a morte não representa o fim da vida humana, mas uma mudança para outra vida, para ficar com outros espíritos, orixás e guias. As almas que estão na terra devem apenas cumprir o destino, caso contrário vagarão entre o céu e a terra até se realizar plenamente como um ser consciente e eterno. Eles acreditam no poder de Deus em todas as coisas.

Após a forte é feito um ritual especial e complexo para liberação do orixá protetor do corpo da pessoa. O corpo do iniciado no candomblé geralmente é velado no terreiro. O rito funerário, chamado de axexe, começa depois do enterro e costuma ser longo, podendo durar vários dias.

Budismo

É uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário da região da Índia, que acredita que a morte não é o fim, mas que após ela, ocorre o renascimento. Ao GP1, a monja Ani Zamba, que nasceu em Londres, mas mora atualmente na Bahia, explicou que é importante a forma como você encara a morte e que os budistas aprendem a trabalhar esse processo.

“Na visão budista morte é um período de migração, não é uma pausa. O último momento condiciona o próximo. Morte é só um nome, assim como nascimento também é só um nome. Tudo depende do significado que atribuímos, do modo com vemos as coisas. Se você vê como uma continuação do processo da vida, você só precisa ser hábil para trabalhar com a mudança das condições, a dissolução dos elementos -  os grosseiros e os sutis - que suportam nossa consciência. Elementos grosseiros suportam nosso corpo e elementos sutis suportam nossa consciência. Então nós aprendemos sobre este processo, aprendemos como trabalhar com ele e nos familiarizamos com este processo através de certas práticas meditativas. Então, morte não é uma grande coisa, mesmo que aparente ser. Nossos medos e esperanças estão envolvidos no processo. Podemos ver como uma oportunidade para nos conectarmos com nossa própria natureza. Porque é na hora da morte estaremos frente a frente com o que chamamos a natureza de luz pura da morte . Muitas pessoas que tiveram experiências de quase morte falam sobre essa experiência de natureza de luz clara”, explicou Ani Zamba.

  • Foto: Facebook/Ani ZambaMonja Ani ZambaMonja Ani Zamba

Judaísmo

Acredita-se que após a morte, a alma e o corpo, que antes formavam uma entidade, agora se separam. A alma vai para um mundo espiritual, mas esse processo de separação acontece de forma gradual, de acordo com a decomposição do corpo. A alma continua em contato com o corpo, mesmo depois do enterro, por isso não é permitido a cremação ou o embalsamento, onde se espera a decomposição do corpo para liberação da alma.

A alma precisa passar por uma série de purificações para poder entrar no Gan Éden, que é tido como um paraíso. Uma pessoa que teve uma vida pregressa, passará por um sofrimento espiritual e precisará passar por uma purificação dos pecados cometidos para conseguir chegar ao Gran Éden.

Quando um judeu morre, o enterro deve acontecer de forma mais rápida possível, de preferência no mesmo dia da morte. Depois de se cobrir o corpo, ninguém mais pode vê-lo e a cerimônia é feita de forma simples, sem qualquer ostentação. O caixão é feito com um tipo de madeira simples, que se desintegra facilmente. Segundo o judaísmo, as pessoas vêm do pó e voltam ao pó.

Islamismo

Considerada a segunda religião com o maior número de seguidores, com mais de 1,6 bilhão de mulçumanos. Eles também entendem que a morte não é o fim, mas uma transição para outro mundo. A alma abandona o corpo após uma determinação divina.

A sua vida após a morte será de acordo com as suas ações na terra. A alma ficará então aguardando o dia da ressurreição, mais conhecido como juízo final, onde será julgado pelo criador, de acordo com a sua conduta na vida terrena. Eles acreditam que Alá [Deus] trará de volta a vida todos os mortos no último dia.

 A cerimônia dos mulçumanos após a morte é bem simples. O corpo é enrolado em um tecido limpo branco, e enterrado com uma simples prece, preferencialmente no mesmo dia da morte.

Wicca

Com quase 19 milhões de seguidores, a Wicca é uma religião neopagã com influência de crenças pré-cristãs e práticas da Europa ocidental que foi fundada pelo antropólogo Gerald Gardner. Os seguidores se consideram bruxos ou bruxas, que possuem uma forte ligação com a natureza, onde por ano há a realização de cerca de 8 festivais sanzonais conhecidos como sabás.

Eles acreditam na reencarnação e acreditam que as almas vivem entre o Outro Mundo e a Terra de Verão, conhecida nas escritas de Gardner como o "êxtase da Deusa". Essa dimensão se adapta de acordo com o tipo de alma. Nesse local a alma passa por um processo de evolução, onde pode descansar, até que renasça.

Igreja Batista

O pastor Isaías, da Igreja Batista da Ressurreição em Teresina, afirmou que os evangélicos encaram a morte “como o começo de uma nova vida, só que eterna, tendo em vista que essa foi uma promessa de Jesus em João 14:6 (Eu sou o caminho, a verdade é a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim). Acreditamos que há um céu e lá será a nossa nova terra”.

Ele explica que após o falecimento “normalmente não há rituais, pois cremos que depois da morte, segue-se o juízo, e qualquer coisa que fizemos não vai mudar o então quadro. O que fazemos é um culto de gratidão pela aquela vida, mas não oramos pelo falecido e sim pelos seus familiares, para que suportem aquela dor da perda de um ente querido”.

O pastor afirmou todos passarão pelo juízo, onde serão analisadas as suas ações na terra. “A Bíblia, no livro de Hebreus 9:27, diz que depois da morte, segue-se o juízo. Nós cremos que os que receberam Jesus como Salvador irão para o paraíso, lugar preparando para os salvos descansarem. Digo isto com base no que Jesus disse para um dos Ladrões que estavam com ele na cruz. Teologicamente falando, os que rejeitam a Jesus, já entram em tribulação, ou seja, em sofrimento eterno”, afirmou.

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