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Saúde

Infectologista diz que isolamento social é “garantia de quebra econômica”

A cada dia surgem argumentos mais contundentes que contradizem a efetividade da quarentena, apregoada por grande parte das autoridades.

Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar pandemia de coronavírus, o mundo se viu obrigado a pensar medidas a serem tomadas a fim de conter a propagação do vírus causador da doença covid-19. A norma mais utilizada é sem dúvidas a que tem gerado mais controvérsias: o lockdown, expressão da língua inglesa que em português significa bloqueio - quando uma quarentena é imposta para todos os segmentos e para toda a população. Há dois tipos de lockdowns: vertical e horizontal. O vertical consiste em manter empresas abertas e isolar o grupo de risco (no caso da covid-19, manter em quarentena idosos e pessoas com problemas de saúde crônicos). O lockdown horizontal consiste em manter empresas fechadas (exceto serviços essenciais, como farmácias e mercados) e a população isolada em suas casas.

No Brasil, bem como na maior parte do mundo, tem sido adotado o bloqueio total das atividades, ou seja, o lockdown horizontal, o que nos últimos dias tem sido bastante questionado. Questiona-se sobre a eficácia do método estabelecido pelos governantes, com o fechamento de escolas, shoppings, bares, lojas, fábricas, parques, dentre outros estabelecimentos, com a manutenção apenas dos serviços essenciais. A grande questão é: quem vai pagar a conta desse bloqueio decretado pelo estado?

A cada dia surgem argumentos mais contundentes que contradizem a efetividade da quarentena, apregoada por grande parte das autoridades. Recentemente, o médico infectologista Ricardo Zimmermann, do Rio Grande do Sul, começou a publicar vídeos no Youtube com orientações sobre a pandemia. Em sua última publicação, o especialista apresentou inúmeros contrapontos à proposta de lockdown, que, segundo ele, “é garantia de quebra econômica, não é garantia de proteção”.

Curva epidemiológica

O infectologista iniciou explicando como funciona o conceito da curva epidemiológica. De acordo com Zimmermann, a Curva de Gauss, que tem esse nome por fazer referência a um cientista, mostra o pico de número de casos e mostra também uma linha reta que fica sempre no mesmo valor, que é a linha da capacidade de atendimento.

“A ideia [do lockdown] é restringir ao máximo a circulação, pra gente ter um achatamento dessa curva, para que o pico epidêmico fique abaixo da linha da capacidade máxima de atendimento e não ocorra essa calamidade”, colocou.

Quarentena

Para o médico, a proposta de quarentena só é viável se for restrita a determinados grupos, sob risco de gerar um colapso na economia. “Sou a favor de restringir socializações, sou a favor de restringir atividades, sou a favor do achatamento da curva. Qual é o problema: ninguém parou para pensar quem deveria fechar antes e quem nunca deveria fechar, não se fez nenhuma ação coordenada”, criticou.

O infectologista defende que os idosos devem manter a quarentena e que o restante das pessoas deve voltar a circular, para que adquiram resistência ao vírus. “A chave, na minha opinião, teria sido evitar o lockdown [horizontal] e deixar os idosos em casa, realmente os idosos com mais de 65 anos são muito suscetíveis. Eles poderiam ficar em casa e a gente manteria a circulação das pessoas, permitindo que elas fossem se infectando e adquirindo imunidade protetora. São pessoa imunizadas naturalmente que não morreram que se tornam barreiras para a propagação no futuro, é a chamada imunidade de rebanho”.

O especialista argumenta que, com uma economia frágil não seria possível garantir o pleno funcionamento do sistema de saúde. “Se quem parar é quem produz, quem leva a atividade econômica adiante, a linha de capacidade de atendimento jamais vai poder se manter estável, porque saúde não é de graça, a gente paga e paga caro”, ressaltou.

China e Itália

Ricardo Zimmermann rebateu autoridades que usam os exemplos da China e Itália, como se realmente o lockdonw horizontal tivesse sido eficaz nos dois países. “Se a gente olhar o que aconteceu na China, quando se fez o lockdown em Wuhan já se tinha 80 mil infectados, já havia uma certa imunidade de rebanho, e mesmo assim houve um aumento no número de casos depois do lockdown. Itália, fez o lockdown, um pouco depois o número de casos explodiu, porque as pessoas passaram a conviver mais dentro de casa”, refutou.

Por fim, o médico afirmou que é necessário pensar e utilizar as melhores estratégias no combate à pandemia, e que, para ele, o lockdown total não significa uma tática correta. “O lockdown [horizontal] é garantia de quebra econômica, não é garantia de proteção. A gente entrou numa guerra e essa guerra tem que ser encaminhada para uma vitória, a gente tem que usar a inteligência, então, vamos nos tranquilizar, usar a cabeça, repensar essas estratégias de lockdown, para manter a capacidade de atendimento [no sistema de saúde]”, finalizou.

Assista ao vídeo na íntegra:

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