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Jovem assassinada por ex-presidiário em SP se casaria em janeiro

Mariana desapareceu na manhã de terça-feira, depois de sair da academia de ginástica e aceitar a ajuda de um estranho para trocar um pneu do seu carro, que havia murchado.

Familiares e amigos da universitária Mariana Forti Bazza, de 19 anos, assassinada depois de aceitar ajuda de um estranho para trocar um pneu do carro, em Bariri, interior de São Paulo, descrevem a jovem como uma pessoa amorosa, cheia de planos e de bem como a vida. “Ela era voluntariosa e simpática ao mesmo tempo, uma menina alegre, vaidosa e cheia de vida. Ela tinha um coração muito bom, ajudava a todos, não via maldade nas pessoas”, disse Jessylen Vianna, irmã do namorado de Mariana, Jefferson Vianna.

Ela conta que os dois namoravam havia dois anos e pretendiam se casar e morar juntos, em Santos, onde ele trabalha na Marinha do Brasil. A mudança dela para a cidade litorânea estava prevista para janeiro. A amiga Patrícia Fernandes, que frequentava a mesma academia de ginástica, descreve Mariana como uma pessoa amável. “Estava sempre sorrindo, parece que não tinha tempo ruim. Até chorei quando acharam o corpo. Podia ter acontecido comigo, com alguém da família. Foi uma coisa brutal, inexplicável.”

  • Foto: FacebookMariana Forti BazzaMariana Forti Bazza

Mariana desapareceu na manhã de terça-feira, 24, depois de sair da academia de ginástica e aceitar a ajuda de um estranho para trocar um pneu do seu carro, que havia murchado. O corpo foi encontrado no dia seguinte, em um canavial de Ibitinga, cidade próxima. Imagens de uma câmera de segurança mostraram quando a jovem foi abordada pelo pintor Rodrigo Pereira Alves, de 37 anos, ex-presidiário, condenado por sequestro e estupro, entre outros crimes, que tinha saído havia um mês de prisão. Ele foi preso no mesmo dia do crime.

Jefferson não falou com a reportagem, mas repassou a mensagem dirigida a Mariana que publicou em sua página no Facebook. “Você se tornou minha companhia, minha melhor amiga, a pessoa com quem eu queria viver todos os dias de minha vida. Criamos sonhos juntos, nossa última conversa era qual o nome que íamos dar aos nossos filhos. Planos de logo morarmos juntos e dividir, mais que carinho, um lar, construindo juntos nossos objetivos.” Ele encerra, pedindo “que Deus te dê aquele abraço que hoje eu não posso te dar...”

Um amigo da família Bazza contou que os pais estão arrasados, pois Mariana era filha única. “São pessoas de família tradicional, muito religiosa, e eles viviam em função dessa menina”, disse, pedindo para não ser identificado. Enquanto aguardava a liberação do corpo, na quarta-feira, 25, a mãe dela, Marlene Aparecida Forti Bazza, falou com jornalistas e fez um desabafo: “Minha filha era única, minha filha era linda, amada. Perdi o chão, perdi tudo, ele tirou o bem mais precioso que eu tinha. Ele acabou também com a minha vida.”

A mãe contou que, enquanto acompanhava as buscas, já pressentia que algo de ruim tinha acontecido com Mariana. “Mas meu marido é uma pessoa de muita fé. Ele acreditava que ela pudesse estar bem. Eu tentei me controlar, ter esperança. Agora, quero que esse assassino fique preso até o fim da vida dele.”

No dia anterior, quando as buscas ainda aconteciam, Marlene postou em rede social uma imagem de Nossa Senhora e um apelo: “Minha mãezinha, traga minha filha com vida.” Nesta quinta-feira, a página trazia uma foto de Mariana com asas de anjo e a frase: “Minha filha virou um anjo lá no céu, olhando por nós que ficamos com o coração despedaçado. Que Deus possa amenizar nossa dor.”

Comoção

Na cidade de 35 mil habitantes, a morte de Mariana causou comoção. O prefeito Francisco Leoni Neto (PSDB) decretou oficial por três dias no município. A academia Cross, onde a jovem fazia ginástica, não abriu na quinta-feira “em razão de luto”. Funcionários foram dispensados para acompanhar o velório da jovem.

No Centro Universitário Sagrado Coração (Unisagrado), em Bauru, onde Mariana cursava o segundo ano de fisioterapia, as aulas foram suspensas e foi celebrada uma missa, na noite de quarta, em que houve apelos contra a violência. Em nota, a faculdade manifestou tristeza e se solidarizou com a família e colegas de turma enlutados. “Infelizmente, um sonho, um futuro, uma mente, um coração jovem foi perdido! Essa ruptura dolorosa impõe a reflexão sobre o que a sociedade precisa fazer pelos seus jovens e reafirma o importante papel das instituições de ensino como promotoras de um mundo em que as esperanças e entusiasmos não deem espaço para a precariedade, que gera o medo.”

Em redes sociais, entre centenas de mensagens de repúdio e ódio ao autor do crime, amigos, conhecidos e pessoas que não conheciam a família manifestaram pesar e solidariedade. “Deus conforte o coração de todos e amenize essa dor. Nós, mães, estamos de luto. Descansa em paz, Mariana”, escreveu Silvia Eldécio Crespi. “O céu de Bariri chora junto com todos nós! É difícil acreditar que um ser humano seja capaz de tanta crueldade e frieza. Mari não dá para acreditar, tão jovem, tão linda, amiga, com a vida toda pela frente! Quero me lembrar de você sorrindo!” postou Isabela Carvalho.

Violência

O corpo de Mariana foi sepultado às 13 horas desta quinta-feira, 26, no Cemitério Municipal de Bariri, em clima de comoção. Centenas de pessoas acompanharam o féretro. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Araraquara, onde a necropsia foi realizada, ainda não ficou pronto, mas análise preliminar indicou sinais de estrangulamento.

Conforme a Polícia Civil, Mariana foi encontrada amordaçada, com as mãos amarradas atrás do corpo e um ferimento na boca, mas estava vestida. Os peritos pediram exame residual para apurar se houve violência sexual. Na quarta-feira, durante audiência de custódia no Fórum de Jaú, o suspeito do crime alegou inocência e chorou durante o interrogatório. O juiz decidiu mantê-lo na prisão. Alves não tinha advogado constituído até a tarde desta quinta-feira.

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