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Teresina - Piauí

Laudo de morte da criança Francisca Alice nega intoxicação

O exame cadavérico mostrou que a menina foi submetida a tortura e que foi vítima de um estrupo.

O Instituto de Criminalística do IML divulgou na manhã desta quarta-feira (25) durante uma coletiva de imprensa, o resultado do laudo que elucidou a causa da morte da menina Francisca Aline Silva Barreto, de 10 anos, no dia 28 de abril de 2016 na cidade de Timon. Participaram da coletiva o diretor do IML Janiel Guedes, o legista Dr. José Luís Castelo Branco e o diretor do Departamento de Polícia Técnico-Científico Antônio Nunes. O laudo apresentado descartou a possibilidade de morte por intoxicação e confirmou que as causas foram insuficiência hepática e um edema encefálico, decorrentes de uma pneumonia.

“Na verdade, não foi encontrado nada tóxico. Nem microrganismos, nem houve alteração sanguínea, as dosagens que foram encontradas estavam dentro de uma quantidade normal, aceitável pelo organismo”, afirmou o diretor Antônio Nunes do DPTC.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Coletiva no Instituto de CriminalísticaDr. José Luís Castelo Branco (Legista); Janiel Guedes (Diretor do IML) e Dr. Antonio Nunes (Diretor do DPTC) durante coletina.

O exame cadavérico mostrou que a menina foi submetida a tortura e que foi vítima de um estrupo. “Foi realizado um exame enquanto ela ainda estava no hospital pela perita Simone Batista, ela não encontrou alterações vaginais. No entanto encontrou lesões anais, típicas de conjunção canal. Não tivemos como identificar quem cometeu o ato, porque quando fomos fazer o exame já havia mais de 14 dias e não teria uma forma de coletarmos esse tipo de material” explicou o diretor.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Janiel Guedes, Diretor do IMLJaniel Guedes, Diretor do IML

No corpo da menina ainda foram encontradas cicatrizes em forma de cruz e linha aleatórias que, segundo o legista Dr. José Luiz Castelo Branco, responsável pelo exame cadavérico, seguem um padrão e, possivelmente, foram feitas durante algum ritual. Essa prova foi considerada pelo legista um crime de tortura.

“Primeiro foi encontrado no corpo da criança lesões incisas (cortantes), em fase de cicatrização e que faziam linhas paralelas ou cruzes, demonstrando que havia algum ritual. Além de disso, cortar uma pessoa dessa forma, demonstra total crueldade e tortura, é o que demonstrou o exame realizado pelo Dr. José Luís”, contou Antônio Nunes.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Dr. Antônio Nunes Dr. Antônio Nunes

Para o legista José Luís, responsável pelo exame cadavérico de Francisca Alice, o fato determinante para o óbito da criança foi uma infecção generalizada. “Além das marcas de rituais, as lesões as quais a criança foi submetida anteriormente, nós encontramos alterações em algumas vísceras tais como o pulmão, fígado que caracterizam que a criança teve uma insuficiência de vários órgãos e que isso foi determinante para a causa da morte. O exame geral constatou falência múltipla de órgãos”, explicou o legista.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Dr. José Luis Castelo BrancoDr. José Luis Castelo Branco

As provas já foram encaminhadas para a delegada Tatiana Nunes Ferreira, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) responsável pelo caso.

O caso

A menina de 10 anos, Francisca Alice Silva Barreto  foi internada no Hospital de Urgência de Teresina com sintomas de intoxicação após ter ingerido uma bebida desconhecida no interior do Maranhão.

Ela ficou internada durante 14 dias em coma profundo e teve falência múltipla dos orgãos, falecendo no dia 28 de abril de 2016. De acordo com as investigações, a garota passou por um ritual de purificação, tendo a cabeça raspada e recebido diversos cortes pelo corpo. Na época, um casal de religiosos foi indiciado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

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