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PF abre inquérito sobre depoimento do porteiro do condomínio de Bolsonaro

Corporação atendeu a pedido encaminhado mais cedo pela Procuradoria Regional da República.

A Polícia Federal atendeu a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e abriu inquérito nesta quarta-feira, 6, para investigar o depoimento prestado pelo porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro, no âmbito do caso Marielle Franco.

A solicitação foi atendida horas depois da manifestação da Procuradoria Regional da República, que encaminhou ofício enviado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Em nota, a Procuradoria indicou que somente se manifestará de forma conclusiva após o fim das investigações.

Há 602 dias Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados em circunstâncias que ainda não foram completamente esclarecidas.

No último dia 30, o procurador-geral da República, Augusto Aras encaminhou ao MPF o ofício assinado pelo ministro Sérgio Moro, que pedia a abertura de um inquérito para apurar se houve ‘tentativa de envolvimento indevido’ do nome do presidente na investigação do caso Marielle.

O pedido de Moro foi feito após o presidente acioná-lo para que a Polícia Federal escutasse o porteiro novamente.

A solicitação foi atendida por Aras, que disse ainda que já havia recebido uma notificação sobre a citação ao nome do presidente no caso, mas não viu elementos suficientes e mandou arquivá-la.

No documento, o ministro da Justiça apontou que haveria uma inconsistência no depoimento do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra – onde o presidente morava na época do crime – que ‘sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro’.

Segundo reportagem exibida no Jornal Nacional, da TV Globo, o funcionário afirmou à Polícia Civil que, às 17h10 de 14 de março de 2018 (horas antes do crime), um homem chamado Elcio (que seria Elcio Queiroz, um dos acusados pelo duplo homicídio) entrou no condomínio dirigindo um Renault Logan prata e afirmou que iria à casa 58, que pertence a Bolsonaro e onde morava o presidente. Ronnie Lessa, outro acusado pelo crime, era vizinho do presidente. O então deputado, porém, estava em Brasília, conforme registros da Câmara.

Em setembro, a então a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que o caso passe a conduzido em âmbito federal, o que será analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) até o fim deste ano. A defesa de Lessa e Queiroz, inclusive, utilizam a manifestação de Dodge para pedir a suspensão do processo, alegando falhas na investigação e obstrução por parte da Polícia Civil.

Porteiro

No dia seguinte ao envolvimento do nome de Bolsonaro no caso, o Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou perícia nos áudios, feita em menos de duas horas e meia. Foi a partir desta análise que promotoras do caso sustentaram a tese de que o porteiro mentiu em depoimento.

O MP afirma que os áudios não foram editados, nem adulterados, mas perícia é questionada por especialistas. Segundo eles, não houve tempo suficiente para uma análise aprofundada das provas e ressaltam que, como os computadores do condomínio não foram avaliados, não é possível saber se algum áudio foi suprimido ou renomeado de forma a enganar os investigadores.

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, exibiu nas redes sociais gravações alegadamente obtidas com o síndico do Vivendas da Barra. Os áudios apontam que foi o próprio Ronnie Lessa, e não Bolsonaro, quem liberou a entrada de Elcio Queiroz. No entanto, não é possível confirmar se Carlos estava, de fato, na administração do condomínio nem o dia em que os áudios foram registrados.

Além disto, a voz do porteiro exibida por Carlos não é a mesma do porteiro que fez o registro no livro físico de visitas do Vivendas da Barra, que seria um antigo funcionário do condomínio e estaria de férias neste momento. Até o momento, ninguém conseguiu localizá-lo.

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