A mãe de Janaína Bezerra, Maria do Socorro criticou o adiamento do julgamento de Thiago Mayson da Silva Barbosa acusado de estuprar e assassinar a estudante dentro da UFPI em janeiro deste ano.
“Janaína está chorando, clamando por justiça, Janaína quer justiça, nós queremos justiça e eu quero a ajuda de todos”, desabafou Maria do Socorro.
Maria do Socorro falou ainda sobre a dor que está sentindo desde o dia da morte da filha e que é algo, segundo ela, que não passa. “É muito difícil. Não traz minha filha de volta, mas a gente só clama por justiça. Não está sendo fácil. A dor todo tempo é a mesma, para o resto da minha vida. Foi muita maldade, sem amor no coração, ele não tem amor por ninguém. Foi um monstro que tirou a vida da minha filha", declarou.
Adiamento do julgamento
A sessão do Júri Popular estava marcada para esta quinta-feira (17), contudo foi suspensa por falta de quórum dos jurados causada pela ausência de 12 jurados do quadro de servidores da UFPI.
Segundo a advogada Rosemary Farias, da Frente Popular de Mulheres contra Feminicídio, a suspensão aconteceu devido à falta de quórum dos jurados causada pela ausência de 12 jurados do quadro de servidores da UFPI. "Infelizmente a UFPI falha mais uma vez com a Janaína. Isso é um absurdo. A intimação do Poder Judiciário não chegou às mãos dos jurados. O Judiciário mandou a intimação e a UFPI não encaminhou aos servidores", denunciou.
“O motivo do adiamento do julgamento para o dia 1º de setembro foi a ausência de quórum de jurados, ou seja, aqueles que deveriam estar aqui não estiveram e não estiveram porque 12 deles eram servidores da UFPI que recebeu a notificação, mas não encaminhou para eles, então eles não estiveram aqui porque não foram notificados, a UFPI é a responsável e ela será multada”, explanou a assistente de acusação, Jéssica Lima.
Família foi impedida de acompanhar a sessão
Antes do início da sessão, o juiz Antônio de Jesus Nollêto proibiu a família de Janaína de acompanhar o julgamento, o que causou revolta em todos os que estavam presentes.
Em entrevista ao GP1, a irmã de Janaína, Leidiane Maria, criticou a proibição. “Não deixaram ninguém entrar, só disseram que estava em segredo de justiça. É injusto a família não poder entrar. O que a gente clama é por justiça para que não aconteça com nenhuma outra Janaína no mundo. Paz ninguém tem, só queremos justiça”, afirmou.
Denúncia
O promotor João Mendes Benigno Filho, da 13ª Promotoria de Justiça de Teresina, denunciou o acusado pelos crimes de homicídio qualificado, por emprego de meio cruel e feminicídio, estupro de vulnerável, vilipêndio de cadáver e fraude processual. Caso seja considerado culpado, a soma das penas máximas pelos quatro crimes pode chegar a 50 anos.
A denúncia contra Thiago foi recebida no dia 24 de fevereiro.
O crime
Janaína da Silva Bezerra, 21 anos, foi brutalmente estuprada e morta dentro de uma sala de aula da UFPI no dia 28 de janeiro deste ano, após uma calourada. Thiago Mayson, que era aluno do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Matemática da instituição, foi preso em flagrante.
Segundo a Polícia Civil, a causa da morte de Janaína foi “asfixia ocasionada pela luxação da região cervical, havendo compressão da medula”. Isso significa que ela morreu por conta da violência do estupro.