Os professores da rede municipal de Educação de Teresina, que estão em greve há 90 dias, realizaram uma nova manifestação na manhã desta quinta-feira (05), na frente da Câmara de Vereadores. A categoria reclama que tentou ter acesso à Casa Legislativa, mas foi impedida.
De acordo com Joaquim Monteiro, membro do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Teresina, o impedimento ocorreu durante a tentativa de alguns servidores usarem o banheiro da Câmara. “Nós estamos em assembleia aqui em frente à Câmara Municipal e nós queremos acesso à Câmara para uma coisa básica, ir ao banheiro. E também existe uma comissão que quer entregar o despacho do promotor Chico de Jesus para os vereadores tomarem conhecimento, mas a comissão e os próprios servidores que querem entrar na Câmara foram impedidos, não conseguimos entrar nem no banheiro”, contou.
“Hoje, a advogada tentou entrar e foi impedida. Inclusive, lançando mão das prerrogativas. E foi inclusive, machucada, o rapaz empurrou a porta e machucou o braço dela. Nós vamos fazer o Boletim de Ocorrência”, garantiu Joaquim Monteiro.
O vereador Jeová Alencar, presidente da Câmara, negou que eles estejam impedidos de entrar no local e que apenas pediu que fosse formada uma comissão para conversar com os vereadores. “Nós pedimos que formassem uma comissão para que possamos conversar com eles e ver direitinho a pauta, entendo que é um direito legítimo você reivindicar melhorias para a classe, mas acredito também que a Prefeitura de Teresina, dentro das suas possibilidades, já contemplou o pessoal da Educação", pontuou.
“De maneira alguma [há impedimento], eles têm todo o direito de fazer essa manifestação aqui, quem me conhece sabe e eu pedi só que formassem uma comissão, porque não tem como entrar todos os grevistas na Câmara Municipal de Teresina. Então, o ideal é que entre uma comissão e a gente tem maior prazer de atendê-los”, completou o vereador Jeová Alencar.
Categoria cobra reajuste
Joaquim voltou a falar que a categoria defende o cumprimento do reajuste no piso de 33,24% aprovado pelo Governo Federal. “A lei do piso determinou para esse ano um reajuste do piso de 33,24%. A cada dia entra na prefeitura um absurdo de dinheiro e a prefeitura hoje gasta apenas 47% com o salário dos professores. Então, essa própria lei do piso tem que ser no mínimo de 70%”, declarou.
“Nós entendemos e aprovamos em assembleia que a prefeitura, além de não estar cumprindo a lei do ponto de vista da reposição do piso dos 33,24%, também não cumpre a lei no que diz respeito ao gasto. Está gastando apenas 47% para o pagamento do salário dos professores. E ainda tem um problema, o piso é para quem está no começo da carreira. Hoje quem está no começo da carreira está ganhando menos do piso no vencimento”, explicou Joaquim Monteiro.
Posição da Câmara e greve
Joaquim Monteiro relatou ainda o que os professores esperam dos vereadores. “A princípio, o que a gente está querendo é que os vereadores chamem uma audiência pública. Inclusive, alguns até se comprometeram, o próprio vereador Ismael, mas a grande maioria dos vereadores não querem chamar para uma audiência pública para gente mostrar para a população”, pontuou o sindicalista que disse que o movimento grevista está mantido. “A greve continua por culpa do prefeito Dr. Pessoa que insiste em não respeitar a lei do piso”, declarou.
Líder do prefeito
O vereador Renato Berger, líder do prefeito Dr. Pessoa, explicou que o reajuste que a prefeitura poderia oferecer já foi concedido. "É uma matéria vencida. Os professores reivindicam um aumento de 33,24% para o piso e foi dado 16%, que é maior do que o piso nacional. Portanto, não tem nada de errado nisso. Segunda coisa, todo gestor tem a responsabilidade com a questão da Lei de Responsabilidade Fiscal. E o prefeito não pode estar passando por cima de uma lei para beneficiar a categoria", declarou.
Berger lembrou ainda que houve uma audiência pública com a presença do sindicato antes da aprovação do reajuste do piso. "Nós já fizemos uma audiência pública com a participação, inclusive, do sindicato. De todos. Foi-se discutido, foram dadas as opções que tinham, se modificou a lei para que fosse dado de forma linear o aumento. Se fez aquilo que foi possível. Nesse momento, não sei se cabe mais uma audiência pública porque é uma matéria vencida", concluiu.
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