O juiz Luís Henrique Moreira Rego, do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), manteve nesta sexta-feira (04) a prisão preventiva da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), que foi capturada pela Polícia Federal nessa quinta-feira (03), no âmbito da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, que investiga o financiamento de campanha com recursos ilícitos da facção criminosa Bonde dos 40.
A parlamentar chegou ao TRE-PI por volta de 8h40, com uma bíblia na mão. A audiência teve início às 9h no plenário do tribunal e durou cerca de 05 minutos. Durante a sessão, a defesa da parlamentar, representada pelo advogado Edson Araújo, solicitou o relaxamento da prisão preventiva. O Ministério Público Eleitoral pediu vistas para analisar o pleito dos advogados da vereadora.
Após decisão de manutenção da prisão preventiva, a vereadora Tatiana Medeiros foi levada para ao Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar do Piauí, onde ficará presa em sala de Estado Maior por também ser advogada.
A juíza Melissa Vasconcelos, do TRE-PI, destacou à imprensa que o encaminhamento da parlamentar para a sala de Estado Maior encontra-se dentro do direito que Tatiana Medeiros tem por ser advogada. Além disso, a magistrada pontuou que o prazo de vistas do Ministério Público, para analisar o pedido de soltura, pode ser de até 10 dias.
“É uma audiência de custódia, uma etapa natural, é um direito daquele que é preso, de ter com o magistrado e de pedir, por exemplo, a sua liberdade. Tem pedido liberdade feito, o Ministério Público vai apreciar, vai se manifestar e depois o magistrado também. A ida da vereadora para a sala de Estado Maior foi uma determinação a partir do pedido dos seus advogados, é um direito que ela tem, porque ela é formada em direito, e exercia advocacia, o Estatuto da Advocacia prevê esse direito. O magistrado vai lançar nos autos, o prazo do Ministério Público se manifestar, provavelmente de 5 a 10 dias deve apresentar sua manifestação, talvez até antes. Por enquanto, ela ficará presa, existem medidas que os advogados podem propor, então vamos aguardar a tramitação natural”, disse a juíza.
Prisão
A vereadora Tatiana Medeiros foi presa, na manhã dessa quinta-feira (03), no The Residence Tower, rua das Orquídeas, bairro Jóquei Clube, número 485, na zona leste da Capital. Conforme a Polícia Federal, a ação policial contra a vereadora tem como fundamento a suspeita de que a parlamentar seja ligada à facção criminosa Bonde dos 40.
A Polícia Federal esteve em dois endereços ligados a Tatiana: sua residência, na zona norte; e um apartamento, na zona leste de Teresina.
Afastamento da Câmara
A Justiça Eleitoral determinou o afastamento da vereadora Tatiana Medeiros (PSB) da Câmara Municipal de Teresina. As ordens judiciais foram expedidas pelo 1º Juízo de Garantias da Justiça Eleitoral no Piauí e cumpridas em Teresina e Timon/MA. O mandado de afastamento de função pública da vereadora foi cumprido hoje.
Segundo a Polícia Federal no Piauí, também existem indícios de possíveis desvios de verbas públicas de uma organização não governamental.
Alvo de inquérito da Polícia Federal
Em 25 de novembro de 2024, o delegado da Polícia Federal, Daniel Araújo, abriu um inquérito para apurar a possível ligação da vereadora Tatiana Medeiros (PSB) com Alandilson Cardoso Passos, apontado como membro da facção criminosa Bonde dos 40 e seu namorado.
A investigação também apura o crime de lavagem de dinheiro durante a campanha eleitoral. A suspeita é que a advogada tenha usado o Instituto Vamos Juntos para lavar recursos provenientes da organização criminosa e, posteriormente, empregá-los no pleito municipal de 2024.
Envolvimento com o Bonde dos 40
No inquérito instaurado em novembro de 2024, a Polícia Federal apontou quatro possíveis crimes envolvendo Tatiana Medeiros e a facção Bonde dos 40. As suspeitas são:
1. Uso do Instituto Vamos Juntos – Tatiana pode ter utilizado a ONG para captar recursos ilícitos, incluindo dinheiro oriundo da facção criminosa, e direcioná-los para sua campanha eleitoral.
2. Financiamento Eleitoral Irregular – O Bonde dos 40 pode ter financiado diretamente a campanha da advogada em troca de influência política e facilitação de suas atividades no Piauí.
3. Coação e Manipulação de Eleitores – A facção teria mobilizado membros para coagir ou aliciar eleitores em comunidades vulneráveis sob seu domínio, garantindo votos para Tatiana.
4. Fraude na Prestação de Contas – A vereadora é suspeita de omitir ou adulterar informações em sua prestação de contas, incluindo despesas fictícias. Um dos exemplos citados é a locação de um veículo registrado no nome de sua mãe, Maria Odelia de Aguiar Medeiros, que não possui registro de CNH, o que levanta indícios de irregularidade.
Eleição de Tatiana Medeiros
Tatiana Medeiros foi eleita vereadora de Teresina, no dia 06 de outubro de 2024, com 2.925 votos, por quociente partidário, no Partido Socialista Brasileiro (PSB). No registro de sua candidatura, a parlamentar declarou que hão havia nenhum bem material em seu nome.
Namorado preso
Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora presa Tatiana Medeiros, que está preso desde 14 de novembro do ano passado, é alvo de uma investigação que aponta seu envolvimento com crimes como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Seu nome consta em diversos boletins de ocorrência e processos, incluindo posse irregular de arma de fogo, tráfico de drogas, roubo qualificado e dano qualificado com substância explosiva.
Vida de luxo e ostentação
Apesar de não possuir vínculo formal de emprego, Alandilson ostenta um estilo de vida luxuoso, morando em condomínios de alto padrão e mantendo um haras com cavalos de vaquejada. Sua empresa, AC Passos LTDA, registrada como prestadora de serviços automotivos, não existe de fato e opera como fachada para ocultação de dinheiro ilícito.
Há indícios de que ele esteja envolvido com a facção criminosa Bonde dos 40, realizando transações financeiras suspeitas com outros investigados ligados ao tráfico. Ele também teria remetido dinheiro para empresas utilizadas para lavagem de dinheiro, como a Val Carnes/Val Veículos.
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