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Teresina - Piauí

Casas populares são construídas com aquecedor de água no Piauí

O Piauí é um estado quente e, em determinados meses do ano, chega a registrar temperaturas de até 40°C. Portanto, a instalação deste tipo de equipamento é totalmente inadequado para o clima.

Lucas Dias/GP1 1 / 9 Casas no Residencial Torquato Neto Casas no Residencial Torquato Neto
Lucas Dias/GP1 2 / 9 Casas com aquecedores Casas com aquecedores
Lucas Dias/GP1 3 / 9 Residencial Torquato Neto Residencial Torquato Neto
Lucas Dias/GP1 4 / 9 Aquecedor de água Aquecedor de água
Lucas Dias/GP1 5 / 9 Senhor Luiz Antônio Senhor Luiz Antônio
Lucas Dias/GP1 6 / 9 Casas em Demerval Lobão em obras Casas em Demerval Lobão em obras
Lucas Dias/GP1 7 / 9 441 unidade habitacionais com aquecedores em Demerval Lobão 441 unidade habitacionais com aquecedores em Demerval Lobão
Lucas Dias/GP1 8 / 9 Casas do residencial Francisca Azevedo de Moraes, em Demerval Lobão Casas do residencial Francisca Azevedo de Moraes, em Demerval Lobão
Lucas Dias/GP1 9 / 9 Residencial em Demerval Lobão Residencial em Demerval Lobão

O Piauí é conhecido nacionalmente por sua alta temperatura. Em determinada época do ano, no conhecido B-R-O BRÓ, os termômetros chegam a marcar 40°C em vários pontos do Estado. Os piauienses fazem de tudo para amenizar o calor em casa, com o uso de ventiladores, condicionadores de ar e climatizadores. No entanto, a construção de casas do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, vem de encontro a todo esse esforço para atenuar a alta temperatura do Estado.

O GP1 detectou a existência de aquecedores de água em unidades habitacionais de um residencial da capital e até no município de Demerval Lobão, microrregião de Teresina, algo que é totalmente inadequado às condições da região.

Nossa equipe esteve no residencial Torquato Neto, localizado na região do bairro Porto Alegre, zona sul de Teresina, e conversou com alguns moradores, que falaram da ‘inutilidade’ dos aquecedores. O senhor Luiz Antônio mora há dois anos no Torquato Neto, e criticou a instalação da peça. “Acho muito errado, porque a ‘quentura’ já está matando a gente quando desce no chuveiro, isso daí é um desperdício. Era para ser [instalado] em outro estado, Rio Grande do Sul, Santa Catarina...”, afirmou.

O morador avaliou ainda que os recursos empregados nos aquecedores deveriam ser investidos em outras coisas, como uma expansão na planta das casas. “É dinheiro jogado fora e serviria para outra coisa, para melhorar a casa, colocar mais uma área”, colocou.

O GP1 pesquisou o preço dos aquecedores, que funcionam a base de energia solar. O valor de um aquecedor varia entre R$ 1 mil e R$ 1.500,00.

Construtora tenta se explicar

O GP1 entrou em contato com a construtora Habplan, responsável pela construção do residencial Francisca Azevedo Moraes, em Demerval Lobão, cuja obra está orçada em R$ 25.814.000,00 (vinte e cinco milhões, oitocentos e catorze mil reais), e teve início em novembro de 2013, com previsão de conclusão para novembro de 2015. A entrega das casas ainda não ocorreu.

Reginaldo Fonseca, representante da construtora Habplan, explicou que a instalação dos aquecedores obedece um critério nacional. “Os projetos elaborados dentro do programa Minha Casa Minha Vida concebidos até o final de 2014, para que fossem aprovados deveriam atender alguns critérios, dentre eles o aquecedor solar. O que se observou à época é que não se pensou nas mais variadas diferenças climáticas do País, o que foi corrigido em 2015. Em 2013 [a instalação de aquecedores] era condição para aprovação, hoje já não é mais condição, ou seja, hoje é opção, inclusive temos projetos para mais 304 casas no mesmo empreendimento, onde o aquecedor solar foi retirado do projeto”, explicou.

Envolvidos devem ser investigados

A instalação de aquecedores em casas populares construídas no Piauí representa a mais perfeita demonstração de desperdício de dinheiro público e denota direcionamento do projeto para beneficiar fabricantes de um determinado produto que não possui nenhuma utilidade na nossa região.

Os envolvidos deveriam ser investigados, pois é inconcebível que tais burocratas não conheçam as peculiaridades das regiões brasileiras.

Ministério Público Federal

O Ministério Público Federal foi procurado pelo GP1 há cerca de um mês, para que o órgão pudesse se pronunciar quanto a possibilidade de investigar o caso. Até o momento não obtivemos resposta.

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