Estudantes e professores da Uespi realizam manifestação na Alepi

Na manhã desta quarta-feira (12) estudantes e professores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) realizaram uma manifestação em frente a Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). Os discentes e docentes da instituição protestam pelo aumento do orçamento para a Universidade, que segundo eles passa por uma grande crise.

Hoje aconteceria na Alepi a votação do Orçamento do Estado para 2019, mas por falta de quórum, foi cancelada. Durante o protesto, que iniciou com uma caminhada partindo da Faculdade de Ciências Médicas (Facime), os estudantes exibiam faixas com os dizeres: “S.O.S Uespi”.

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O acadêmico de Medicina Jonathan Dias explicou que além do orçamento não ser suficiente, todos os anos o governo do Estado faz o corte, que acaba implicando no não funcionamento de da instituição.

“A nossa principal reivindicação é que a Universidade não tem autonomia financeira, o orçamento é insuficiente para garantir professores dentro das salas de aula, práticas em laboratórios, para garantir técnicos oferecendo o suporte necessário para ter uma universidade de qualidade”, explicou.

“Além disso esse orçamento nunca é cumprido porque no meio do ano, no fim do ano o governador sempre vai lá e faz o corte desse orçamento que está previsto. Mesmo se esse orçamento fosse executado na integralidade, o orçamento que os deputados estaduais destinam para Uespi é insuficiente para garantir a qualidade da universidade”, afirmou.

Medicina sem aula prática

O estudante ainda relatou um grave problema que acontece nos cursos da área da Saúde, como o caso de Medicina. De acordo dom Jonathan, muitas vezes os acadêmicos se formam sem realizar aulas práticas, como é o caso da disciplina de Pediatria.

“Só no curso de Medicina nos último quatro anos nós perdemos mais de 10 professores efetivos comprometendo aulas de várias matérias, fazendo com que em várias matérias a gente não tenha prática, como é o caso da disciplinas de Pediatria, só tem aulas teóricas e a gente não consultou nenhuma criança por só ter um professor e ele não conseguir com tanta coisa, com um assunto tão grande, dar aula prática”, contou.

Reivindicações

Jonathan contou ao GP1 que os estudantes pedem o aumento do orçamento para a Universidade para 2019 porque só com a verba “os problemas serão resolvidos”.

“A gente quer o aumento do orçamento para 2019 porque a gente sabe que nossos problemas só vão ser resolvidos. O destino orçamentário para 2019 para poder contratar professor, para ter aula, para ter material laboratorial, para ter contrato de técnicos, para as bolsas serem pagas em dias. A universidade só é boa se ela for boa para toda a comunidade acadêmica”, disse.

Falta tudo

Em entrevista ao GP1 a estudante de Fisioterapia Viviane Gomes contou que a estrutura física da Universidade está comprometida. Segundo a jovem, as salas de aula estão “alagadas” por conta das chuvas e livros da biblioteca foram perdidos por conta de goteiras.

“Por conta de chuvas estamos perdendo auditório, biblioteca, perdeu todos os livros, salas alagadas, a gente perdeu as estruturas. Também por bolsas atrasadas, investimentos que estão sendo desviados da Universidade”, explicou Viviane.

A jovem contou também que “muitos alunos estão deixando de estudar” por não estarem recebendo o pagamento das bolsas de estudo. “Muitos alunos estão deixando de estudar, muitos alunos não estão recebendo bolsa. No Pirajá tem aluno que não tá recebendo auxílio-alimentação e estão passando fome, várias necessidades. Isso dá um desequilíbrio emocional”, concluiu Viviane.

Críticas aos poderes

O estudante de medicina Jonathan Dias ainda fez duras críticas aos poderes legislativo e executivo, que segundo ele, deixam de destinar recursos para a Educação para continuar com “regalias” aos seus membros.

“Não falta recurso para comprar um avião, não falta recurso para um gabinete luxuoso, não falta recurso para manter essa Casa, que é a casa do povo, com um absurdo de regalias, mas para o estudante, para o usuário do sistema público de saúde, de hospitais, falta tudo”, concluiu.

Repercussão nacional

No mês de agosto um internauta aluno da Uespi, identificado como Lucas Freitas, entrou em contato com o Youtuber Whindersson Nunes e pediu ajuda para a resolução dos problemas na universidade. Na ocasião o estudante já dizia que a instituição estava com “déficit gritante” de professores.

“Nossa instituição está com um déficit gritante de professores, 12 cursos denegados, 51 cursos prestes a vencer o reconhecimento, 41% dos cursos sem a quantidade mínima de professores”, dizia o estudante. Na publicação o jovem disse que a instituição possuía “590 disciplinas descobertas” por falta de docentes.

Whindersson Nunes respondeu ao jovem questionando como poderia ajudar. Procurada pelo GP1 na época, a Uespi disse considerar legítima a reivindicação do aluno. “A Universidade Estadual do Piauí considera legítima a reivindicação do aluno, ao tempo em que segue trabalhando para que os impasses sejam resolvidos. Informa também que a convocação dos 167 professores aprovados no concurso efetivo e garantida pelo Governo do Estado, servirá para alterar essa situação”, informou o comunicado.