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Teresina - Piauí

Delegado detalha atuação de quadrilha que fraudou concurso no PI

A Operação Infiltrados prendeu 12 policiais civis, sendo que um se encontra foragido, além de dois agentes penitenciários, um advogado, um estudante de medicina, entre outros.

Em entrevista realizada nesta terça-feira (9), o delegado Kleydson Ferreira, que coordenou a Operação Infiltrados, realizada pelo Grupo de Repreensão ao Crime Organizado (Greco), detalhou como funcionava a organização criminosa que fraudou o concurso da Polícia Civil realizado em 2012.

A Operação Infiltrados prendeu 12 policiais civis, sendo que um se encontra foragido, além de dois agentes penitenciários, um advogado, um estudante de medicina, entre outros.

Um dos presos foi Cristian Alcântara, acusado de ser o líder da organização criminosa e que chegou a passar nesse concurso, mas não assumiu. Juntamente com ele, Joselito Batista e José Vilomar Nunes Pereira atuaram no certame como “pilotos”. Eles faziam a prova, pegavam o gabarito e depois repassavam através de mensagem para o celular dos candidatos. “Depois que faziam a prova, eles saíam e se encontravam para montar um gabarito mais próximo, que depois era repassado via mensagem para os celulares dos candidatos que estavam no local de prova. Fizemos quebra do sigilo telefônico e comprovamos que receberam mensagens no horário da prova. Além de comprovar isso, temos a prova que o celular estava naquele local de prova”, explicou Kleydson.

  • Foto: Divulgação/ PolíciaCivilDelegado Riedel  Batista e delegado Kleydson FerreiraDelegado Riedel Batista e delegado Kleydson Ferreira

A organização cobrava dos aprovados com base no salário que constava no edital. “O salário de um agente policial é de R$ 5 mil, então eles multiplicavam por 10 vezes o valor do salário do edital. Na época o salário era de mais de R$ 2 mil, então era dez vezes esse valor”, disse o delegado.

Como a polícia descobriu a organização

Na Operação Veritas, que culminou na prisão de 30 pessoas acusadas de fraudar o concurso do Tribunal de Justiça, o Greco conseguiu depoimentos revelando a ocorrência de irregularidades em outros concursos e vestibulares realizados no estado do Piauí, incluindo o da Polícia Civil. Com base nesses depoimentos a investigação foi iniciada.

“O primeiro passo foi notificar o Nucepe para que tivesse um cruzamento de gabaritos, tanto dos suspeitos, como de todos os aprovados no concurso. Então acabamos descobrindo outras pessoas. Esse cruzamento de gabaritos não é feito com base nas questões que se acertam, mas nas que se erram. A probabilidade de errar a mesma questão, marcando a mesma alternativa, acima de determinada quantidade é difícil de acontecer. É mais fácil acertar na mega-sena do que errar a mesma questão. Seis pessoas tiveram gabaritos 100%, isso na estatística não existe”, destacou.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Delegado  Kleydson FerreiraDelegado Kleydson Ferreira

A quebra do sigilo telefônico ajudou na investigação. “Verificamos que praticamente todas elas se conheciam anteriormente ao concurso e alguns se comunicaram no dia através de troca de mensagens e ligações. Após isso, que é uma prova bastante robusta, continuamos as investigações, conferimos o histórico e conferimos que alguns já eram investigados por fraude”, afirmou o delegado.

Intimidações e histórico de má conduta

Kleydson Ferreira explicou que após ter todas as provas contra os suspeitos, ainda conferiu o histórico funcional deles na Polícia Civil e descobriu que alguns já respondiam por má conduta. A investigação descobriu ainda que alguns dos investigados estavam passando informações sobre a atuação da polícia para a organização criminosa. “No histórico funcional desses policiais, alguns já possuem ocorrências na Polícia Civil relacionada à má conduta, o que comprova que eles não tinham preparo para exercer a atividade da policia civil”, explicou.

Alguns desses policiais eram usados pelo grupo criminoso para intimidar quem ainda estava devendo. “Aqui existem os grupos. Os dos que se beneficiaram e dos que realmente participavam da organização criminosa. Após a aprovação no concurso, em alguns casos eles faziam cobranças de outros clientes. Por exemplo, se uma pessoa contratou o grupo em outro concurso e se recusava ou estava demorando para fazer o pagamento, esse policial se dirigia até a pessoa, usando o distintivo e arma para fazer ameaças. Então alguns desses policiais faziam cobranças para essa organização”, destacou.

O corregedor Adolfo Ferreira afirmou que todos os acusados já foram afastados de suas funções e serão abertos procedimentos administrativos, que devem culminar em demissão.

Outras investigações

A Polícia Civil continua investigando fraudes em outros concursos públicos realizados no Estado do Piauí. “Esses grupos se organizavam para fraudar outros concursos, então tudo está sendo investigado. Essa é só mais uma etapa”, explicou o delegado geral da Polícia Civil do Estado do Piauí, Riedel Batista.

Veja lista!

POLICIAIS CIVIS

Cícero Henrique de Sousa Araújo

Maria dos Remédios Alcântara Santiago

Jean Ribeiro da Costa

Ricardo Araújo Mesquita

Paulo Alberto Machado Mesquita

Thiago da Silva Macedo

Priscila Almeida Lima

Aline de Miranda Carvalho Nobrega

Anderson Vasconcelos da Nobrega

Cyro Nascimento Fonseca

André Luís de Carvalho

José Clodomar Sabóia Júnior

Antônio Lopes da Silva Júnior (foragido)

OUTROS

Cristian Alcântara Santiago

Joselito Batista Alves

Sávio de Castro Leite (estudante de medicina)

Jardeanny Ernesto da Silva

Paulo Roberto Scarcela Muniz

Willians da Silva Alves

Hermerson José da Silva

ADVOGADO

Edilberto de Carvalho Gomes

AGENTES PENITENCIÁRIOS

Entre os envolvidos no esquema estão também o agente penitenciário identificado como José Vilomar Nunes Pereira, que já havia sido preso durante a Operação Veritas, responsável por participar do esquema fraudulento do concurso do Tribunal de Justiça e uma agente penitenciária identificada como Cristiane Maria Alcântara Santiago. 

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