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Teresina - Piauí

Polícia investiga 2º suspeito de estuprar adolescentes em Teresina

“Descobrimos realmente que tem outra pessoa envolvida no caso, inclusive, efetuou um estupro físico", disse o delegado Odilo Sena.

O suspeito de estupro virtual contra mais de 10 adolescentes em Teresina, identificado como José Raimundo Abreu, foi ouvido na manhã desta sexta-feira (07) no 21º Distrito Policial, onde foi originada a investigação ainda no ano passado, que culminou com sua prisão nessa quinta-feira (06), na cidade de São Luís, no Maranhão. Os policiais conseguiram detectar uma segunda pessoa envolvida nos crimes, que também está sendo alvo de investigação.

José Raimundo, que é pescador e motorista de transporte alternativo, assumiu a autoria criminosa e ratificou as informações levantadas durante as investigações coordenadas pelo delegado Odilo Sena, titular do 21º DP.

  • Foto: Brunno Suênio/GP1José Raimundo AbreuJosé Raimundo Abreu

“Ele é um semianalfabeto, mas extremamente perspicaz no que diz respeito à questão de informática. Foi ratificado que ele criava uma série de embustes eletrônicos com equipamentos contrabandeados, que a gente não conseguia descobrir onde ele se encontrava e esse era uma dos motivos de nossa dificuldade. Tivemos um golpe de sorte e, claro, um empenho da equipe, onde temos um excelente analista de sistemas, mas a partir de uma brecha nós conseguimos entrar”, pontuou.

  • Foto: Brunno Suênio/GP1Delegado Odilo SenaDelegado Odilo Sena

O delegado Odilo Sena afirmou que através de uma segunda pessoa, que ainda não foi identificada, José Raimundo veio a Teresina, depois de tomar conhecimento que seu comparsa havia consumado um estupro físico contra uma vítima na Capital piauiense. Por conta disso José Raimundo passou a investir contra as vítimas na região da Usina Santana, na zona sudeste.

“Descobrimos realmente que tem outra pessoa envolvida no caso, inclusive, efetuou um estupro físico em virtude desse tipo de procedimento criminoso em Teresina e, ao que nos parece, a vítima é uma adolescente, nesse mesmo tipo de embuste. Ele criava uma situação, ameaçava e a vítima acabava caindo”, explicou.

  • Foto: Brunno Suênio/GP1José Raimundo AbreuJosé Raimundo Abreu

Como se dava o crime

O investigador do 21º Distrito Policial, Luis Carlos Vieira, explicou como a Polícia Civil conseguiu chegar até o alvo e o modo como se dava a atuação criminosa de José Raimundo Abreu, que utilizava um aparelho telefônico contrabandeado, que não possuía número de IMEI, uma espécie de CPF do celular, para não ser rastreado.

“Ele usava um telefone, um clone de um Samsung J5, comprado no Paraguai, que não era possível rastrear o IMEI. Sabendo disso, ele tinha a certeza que a polícia não poderia encontrá-lo, mas para se resguardar ele também fazia esse tipo de ação através de internet pública. Juntamente com seu parceiro, ele ia para praças, se conectava à internet, que tem um IP compartilhado, o que tornava difícil a identificação. Isso causou uma dificuldade na nossa investigação, pois nós utilizávamos os meios de praxe e não conseguíamos. O interessante é que ele é analfabeto e utilizava um recurso, onde gravava o áudio, que era transformado em conversa escrita, por isso as mensagens eram transcritas com vários erros e, muitas vezes, o diálogo não condizia com as respostas das vítimas”, destacou o investigador Vieira.

  • Foto: Brunno Suênio/GP1Investigador VieiraInvestigador Vieira

Acesso às vítimas

Os policiais identificaram que José Raimundo Abreu roubava aparelhos celulares para acessar a pasta de backup do WhatsApp, localizado no cartão de memória dos celulares das vítimas.

“Nessa pasta contém quatro arquivos que restauram todas as mensagens por data. Como ele tinha acesso a esses dados, ele instalava o chip roubado em outro aparelho, acionava a função de backup e todas as conversas das vítimas ficavam disponíveis. Daí então ele lia as mensagens, ouvia áudios, via fotografias e começava a conhecer a vítima profundamente, então se utilizava disso para fazer uma engenharia social. O próximo passo era abordar a vítima, que era chamada pelo nome e mais incisivamente fazia ameaças: ‘quero sua foto nua, caso contrário eu vou te estuprar, matar, matar seu pai, sua mãe,’ dando detalhes que ela estudada em determinado colégio e que todo dia a seguia. Por conta da forte emoção, a vítima acabava cedendo a lascívia do meliante”, detalhou.

Aos policiais, José Raimundo declarou que cometia os crimes para satisfazer a si e seu comparsa, pois os dois estavam envolvidos na situação.

Indiciamento

O delegado Odilo Sena afirmou que ao final das investigações ficou claro também a prática de interceptação telefônica. José Raimundo Abreu deverá ser indiciado ainda pelo crime de estupro virtual separadamente, em cada uma das vítimas. “A princípio, os crimes serão estupro virtual por cada uma das vítimas, publicação de mídia pornográfica de criança e adolescente e quebra de interceptação, que será apenas uma vez”, finalizou.

O suspeito passou por audiência de custodia na manhã desta sexta-feira (07) e em seguida foi encaminhado para o sistema prisional.

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