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China aumenta atividades militares nas fronteiras com Taiwan

As eleições presidenciais e legislativas de Taiwan estão marcadas para ocorrer no dia 13 de janeiro.

A China está intensificando suas atividades militares realizadas nas proximidades das fronteiras com a ilha de Taiwan, o que tem ampliado as tensões entre os dois países.

Segundo o serviço de inteligência de Taiwan, a China estaria ampliando tais atividades com objetivo de interferir nas eleições presidenciais e legislativas do país, que estão marcadas para acontecer no dia 13 de janeiro. O regime chinês, segundo o governo de Taiwan, quer obter resultado favorável aos seus interesses políticos, influenciando a população a votar nos candidatos que estejam alinhados com a liderança comunista de Pequim.

O diretor do Escritório de Segurança Nacional de Taiwan, Tsai Ming-yen, destacou que as táticas de intimidação e perseguição do regime chinês, liderado pelo ditador Xi Jinping, estão sendo aplicadas contra cidadãos de Taiwan por meio de detenções e interrogatórios arbitrários daqueles que viajam para a China ou passam pelos aeroportos do país asiático. Os alvos são, em sua maioria, pessoas envolvidas em grupos políticos ativos ou acadêmicos em Taiwan, conforme explicou o diretor Tsai Ming-yen.

Ainda segundo a autoridade taiwanesa, o serviço de inteligência de Pequim estaria investigando as atividades desses alvos nas redes sociais, especialmente os comentários críticos ao Partido Comunista Chinês (PCCh). Essa vigilância intensificada vai de encontro com a expansão da Lei de Contraespionagem chinesa que ocorreu em abril deste ano.

Além disso, Tsai Ming-yen apontou que empresas de pesquisa de opinião e relações públicas em Taiwan podem estar colaborando com a China para manipular e influenciar a opinião pública, especialmente as que são relacionadas à independência de Taiwan e às relações da ilha com a China.

“Estamos atentos aos comunistas chineses que cooperam com empresas de pesquisa de opinião e relações públicas, considerando a possibilidade de que eles manipulem e divulguem pesquisas de opinião adulteradas para interferir nas eleições”, afirmou o diretor do Escritório de Segurança Nacional de Taiwan.

Eleições de 2024 em Taiwan

O vice-presidente Lai é o candidato favorito para ganhar as próximas eleições e está liderando as pesquisas presidenciais. A China, que considera Lai e seu partido como "separatistas", realiza atividades militares ao redor da ilha como demonstração de oposição a qualquer tentativa de declaração de independência futura por parte de Taiwan.

Em novembro, segundo informações da CNN, o Ministério da Defesa de Taiwan registrou quatro tentativas de aproximação de forças chinesas à zona contígua da ilha, que fica a 24 milhas náuticas (44 km) de sua costa. Conforme explicou a pasta, essas forças contavam com caças J-10 e J-16, bombardeiros H-6 e navios de guerra, que realizaram “patrulhas conjuntas de prontidão de combate” com o objetivo de “simular uma intrusão e testar a resposta” da defesa preparada por Taiwan.

Neste mês as atividades militares de Pequim se agravaram ainda mais. O regime comunista chegou a enviar 12 caças e um suposto balão meteorológico para cruzar a linha mediana do Estreito de Taiwan, que serve como uma barreira não oficial entre os dois lados. Além disso, a China enviou seu porta-aviões Shandong para navegar pelo estreito, acompanhado de uma escolta de navios de guerra. Taiwan, por sua vez, mobilizou suas próprias forças para monitorar e repelir as eventuais incursões chinesas.

Em agosto, os Estados Unidos pediram à China que cessasse sua pressão militar e diplomática sobre Taiwan, especialmente após exercícios militares intensificados em resposta à visita do vice-presidente Lai aos EUA. Os país norte-americano, principal fornecedor de armas para Taiwan, cultiva uma relação próxima com a ilha, o que tem gerado uma irritação ainda maior em Pequim.

O atual governo de Taiwan, que é liderado pela presidente Tsai Ing-wen, rejeita as reivindicações de soberania de Pequim e diz que somente o povo da ilha pode decidir seu futuro. Em setembro, Hsiao Bi-khim, chefe do Escritório de Representação Econômica e Cultural de Taipei em Washington e candidata à vice-presidente pela chapa de Lai, reiterou o compromisso de Taiwan com a democracia e a resistência à intimidação chinesa.

"Não permitiremos que a República Popular da China [nome oficial da China comunista] nos coaja a tomar essas decisões. O povo de Taiwan decidirá como serão nossas eleições", declarou Hsiao em entrevista concedida à Bloomberg, quando enfatizou a determinação de Taiwan em construir uma “democracia resiliente para “enfrentar as táticas cada vez mais sofisticadas” de interferência chinesa.

Apesar das diversas tentativas da China de interferir nas eleições de Taiwan, alguns analistas acreditam que o impacto do país sobre o pleito poderá ser limitado.

Kharis Templeman, pesquisador da Universidade de Stanford, disse ao Voz da América que não espera que a tentativa de interferência chinesa “mude fundamentalmente” o resultado final da eleição. “O povo de Taiwan sabe o que está em jogo e vai votar de acordo com sua consciência e seus interesses”, disse ele.

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