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"Ela matou para não morrer", diz defesa da enfermeira Isabelle Brandão

Advogado Jacinto Teles vai ingressar com pedido de liberdade da jovem, que é mãe, e está presa no Ceará.

O advogado Jacinto Teles Coutinho, que representa a defesa da enfermeira Isabelle Cristina Simplício Brandão, acusada de praticar um duplo homicídio em Parnaíba, vai ingressar com pedido de liberdade da jovem, que está reclusa na Penitenciária de Sobral, no Ceará. Em entrevista ao GP1 na noite desta sexta-feira (17), Jacinto Teles ressaltou que sua cliente “matou para não morrer”.

De acordo com o advogado, Isabelle Brandão contraiu empréstimo há aproximadamente um ano com os agiotas Deoclesio Rodrigues Silva de Souza e José de Maria Vieira Lira, por se encontrar em dificuldades financeiras. Ela havia se formado em Enfermagem e vinha tentando aprovação em concursos, veio a pandemia e teve uma filha, que hoje tem 1 ano e 7 meses, razão pela qual decidiu pedir dinheiro emprestado. No entanto, Jacinto Teles afirma que os homens que fizeram o empréstimo passaram a fazer da vida da jovem um inferno.

Foto: Reprodução/FacebookIsabelle Cristina Simplício Brandão
Isabelle Cristina Simplício Brandão

“Tudo começou em razão de um empréstimo que ela fez há aproximadamente um ano. Desde que ela conseguiu esse empréstimo ela estava em situação difícil. Ela vinha em uma dificuldade financeira, chegou a fazer um concurso e não conseguiu passar, veio a pandemia e ela teve um bebê, que agora está necessitando de cuidados. A Isabelle teve que tomar esse dinheiro emprestado, então começou o inferno na vida dela”, declarou o advogado.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1Jacinto Teles
Jacinto Teles

Ainda conforme o representante da defesa, os agiotas obrigaram Isabelle a alugar um carro em seu nome, como forma de ficar pagando os juros da dívida mensalmente. Essa seria a razão pela qual ela foi processada por apropriação indébita, isso porque, de acordo com o advogado, os agiotas não devolveram o veículo alugado.

“Ela não podia pagar e eles queriam sempre que ela pagasse com aluguel de um carro, no cartão dela e no nome dela e ela vinha mantendo sigilo para a mãe. Ela estava de tal forma refém desses agiotas que eles a pressionavam constantemente e no processo nós vamos provar, tem uma testemunha que afirma ter visto eles levando geladeira e fogão da casa dela. A Isabelle vinha em um acúmulo de pressão e chantagem. Ela alugou esse carro, venceu o prazo para entregar o carro e ela não entregou, porque eles não entregavam, não existe essa história de ela ter deixado carro como penhora, ela chegou inclusive a responde por apropriação indébita, porque ela alugava esse carro e eles não devolviam”, explicou Jacinto Teles.

Não armou emboscada

O advogado afirmou ainda que Isabelle não armou emboscada para os homens, e que foram eles quem a procuraram. Deoclesio Rodrigues e José de Maria Vieira Lira estavam na companhia de Pedro Jorge do Nascimento Freitas e os três foram encontrar Isabelle. Jacinto Teles enfatizou que os três homens tinham passagem pela polícia. “Não foi ela que foi encontrar eles, eles foram pegá-la, ela chegou a ligar para a mãe dizendo que estava sendo vítima dessas pessoas nesse dia e que eles queriam matá-la. A investigação está sendo feita, e a história não é como está sendo ventilada. É fato que houve os homicídios, mas é fato também que essas pessoas que foram mortas tinham registro na polícia, já tendo cumprido pena na Penitenciária Mista de Parnaíba. Um dia antes de morrer, eles também foram presos pela Polícia Rodoviária Federal, mas pagaram fiança e saíram”, frisou.

Vida pregressa

O advogado Jacinto Teles também divulgou documentos que revela detalhes da vida pregressa de Deoclesio Rodrigues e Pedro Jorge. Um dos documentos é uma guia de recolhimento de Deoclesio para a Penitenciária Mista de Parnaíba, em cumprimento a mandado de prisão preventiva, datada de 19 de março de 2013.

O outro documento é um mandado de prisão temporária em desfavor de Pedro Jorge, datado de 23 de junho de 2009, em um processo onde ele respondia pelo crime de tráfico de drogas.

"Matou para não morrer"

Por fim, Jacinto Teles reforçou que está dando entrada no Juízo competente baseado em decisão pacificada do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema, que é o fato de Isabelle Brandão ser mãe de uma criança pequena. Além disso, a jovem tem curso superior, e endereço fixo.

“A Isabelle Brandão se encontra na Penitenciária de Sobral, e estou dando entrada, como advogado, no pedido de liberdade. Ela não pode mais ser mantida presa, tem que responder em liberdade, ela vai se defender na Justiça e vai provar que ela matou para não morrer, e tem que estar em liberdade sobretudo pelo direito da criança”, pontuou Jacinto Teles.

O advogado disse ainda que a mãe de Isabelle, uma policial penal, não tinha conhecimento de que a filha havia pego sua arma.

Entenda o caso

Isabelle Cristina Simplício Brandão foi presa na última quarta-feira (15) na cidade de Camocim, no Ceará, acusada de matar dois homens identificados como Deoclesio Rodrigues Silva de Souza e José de Maria Vieira Lira.

O duplo homicídio aconteceu na terça (14) na cidade de Parnaíba. Deoclesio, José Maria e Pedro Jorge foram alvejados dentro de uma Hilux (o carro alugado por Isabelle). Os dois primeiros foram a óbito, e Pedro Jorge segue internado.

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