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Comparado com os outros pecados, a ira tende a ser a disposição mais fácil de identificar no ser humano. Sua forma única de carrear as emoções humanas por meio de paixão arrebatadora e fúria ensandecida é o pecado capital com maior poder de destruição, podendo transformar indivíduos pacatos em feras indomáveis.

É interessante destacar que a ira é o único pecado capital que alguns admitem que possa ser cometido por Deus. Seria inconcebível, assim entendem, falar, por exemplo, da inveja, da luxúria ou avareza de Deus, mas seria compreensível falar da ira de Deus.

No que se refere ao tema, é possível analisá-lo considerando-se uma vasta gama de interpretações com dois limites opostos. Em uma das extremidades estão aqueles que aceitam a concepção antropomórfica de Deus e entendem a Bíblia como um livro a ser lido em seu sentido literal. Na outra, aqueles que interpretam a Bíblia como um livro que ensina moral, muitas vezes de forma alegórica. Entre os dois extremos, uma infinitude de posições com aceitações parciais de uma ou outra interpretação.
Imagem: Reprodução"Cristo expulsando os vendilhões do Templo", quadro de Luca Giordano (1634-1705)

Para aqueles que estão no primeiro grupo, eles “só conseguem conceber um tipo de ira que seja justa: a ira de Deus contra o mal.” Nesse diapasão, “o pecado capital da ira é diferente da indignação justificada. Na Bíblia, muitas vezes, descreve-se que Deus está irado, no sentido de estar indignado por motivo justo.” Para tentar esclarecer seu entendimento, lançam mão de posturas antropomórficas de Deus, asseverando que “o Deus retratado pela Bíblia não é uma pessoa acanhada, a figura calma e impassível encontrada em algumas religiões orientais. Ele é um Deus de amor ardente e de ira, compaixão e fúria.” O respaldo para tal entendimento estaria disposto em Deuteronômio 32:35: “A mim pertence a vingança e a retribuição.”

Para o segundo grupo, o disposto na Bíblia referente à ira de Deus é incompatível com as leis da natureza e com os próprios ensinamentos de Jesus, o Cristo, que teria vindo a este mundo para pregar a paz e o amor, sendo assim seria inconcebível Deus ter qualquer qualidade humana, seja positiva ou negativa.

Boa sorte a (nós) todos.
Fortaleza/CE, 21 de maio de 2012

SAVATER, Fernando – Os sete pecados capitais – Tradução de Luis Carlos Cabral – Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 79.
TOMLIN, Graham – Os Sete Pecados Capitais: você pode vencê-los – Tradução de Valéria Lamim Delgado Fernandes - Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil – 2008, p. 88.
GUINESS – Sete Pecados Capitais: navegando através do caos em uma época de confusão moral – São Paulo: Shedd Publicações – 2006, p. 115.
TOMLIN, Graham – Os Sete Pecados Capitais: você pode vencê-los – Tradução de Valéria Lamim Delgado Fernandes - Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil – 2008, p. 84.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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