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Eles não querem propriamente ser candidatos ao governo, mas candidatos do governo! Por Zózimo Tavare


A sedução e o preço do poder

Quatro políticos de expressão do blocão governista se lançaram à aventura de concorrer ao cargo de governador nas eleições deste ano – o vice-governador Wilson Martins (PSB), o senador João Vicente Claudino (PTB), o secretário de Educação, deputado federal Antônio José Medeiros (PT), e o deputado federal Marcelo Castro (PMDB).

O que se observou, ao longo da caminhada, foi que todos travaram uma luta obstinada pela candidatura oficial. Tudo fizeram e tudo fazem para alcançar seus objetivos. Para começar, passaram acintosamente por cima da lei, fazendo campanha eleitoral antecipada. Estão respondendo na Justiça Eleitoral por terem avançado o sinal.

Isso, porém, é o de menos. Todos sofrem, privada e publicamente, os maiores vexames e as humilhações mais desconcertantes. Mesmo de cabeça baixa, esboçam um sorriso e seguem em frente. Os constrangimentos são menores que a vontade de ser candidato chapa-branca a governador!

O eleitor, posto à margem do processo, certamente fica a perguntar-se: por que um homem da envergadura econômica, política e moral do senador João Vicente Claudino é tentado a submeter-se a isso? Se ele que ser candidato, por que é que ter o selo oficial do governo em sua chapa é condição sine qua non?

O mesmo raciocínio vale para o vice-governador Wilson Martins, um profissional altamente qualificado e conceituado em sua área, respaldado por um partido com lastro político significativo, mas que igualmente tem engolido muito sapo para tentar ser o candidato da chamada “base” aliada.

Com o deputado Marcelo Castro não é diferente. Trata-se de um político habilidoso, de inteligência privilegiada, membro de uma família influente economicamente e que também se submete a toda sorte de desconforto para ser o candidato oficial.

E o que dizer do deputado Antônio José Medeiros? É um dos melhores quadros da política do Piauí, em todas as siglas, que põe o peso de sua trajetória pessoal, da história do seu partido e a sua própria saúde em jogo na mendicância de uma candidatura cada vez mais distante.

Descartado o interesse financeiro na motivação obsessiva desses candidatos, pois a remuneração do governador é de apenas R$ 12 mil – e todos eles já ganham mais do que isso –, o eleitor fica no direito de indagar: que interesses estão a movê-los? São os interesses grupais? Os partidários? Os políticos? Os do poder pelo poder? Os da vaidade ou apenas a vontade desmesurada de servir ao povo?

Não saberia apontar a resposta. O que sei, apenas, é que eles não querem propriamente ser candidatos ao governo, mas candidatos do governo.

*Zózimo Tavares é jornalista e editor chefe do Diário do Povo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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