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Carnaval - Ratos e urubus larguem minha fantasia


O enredo do festejado carnavalesco Joãozinho Trinta, um maranhense – repito: maranhense - que faz historia e a diferença no carnaval do Rio de Janeiro, “Ratos e urubus larguem a minha fantasia”, que foi apresentando pela escola de samba Beija-Flor no início dos anos 90, dá a exata dimensão da situação vivida atualmente pelas escolas de samba de Teresina. Enquanto elas, as escolas, querem brilhar na passarela do samba, aparece uma promotora e outros mais que só querem mesmo é aparecer na mídia e ficam se apegando às querelas sensacionalistas. (Mas, o samba não morre por que amanhã vai nascer um novo dia. E Deus é Pai!)
Imagem: Divulgação/GP1Reunião(Imagem:Divulgação/GP1)Reunião
Se de um lado o Poder Judiciário piauiense já está desgastado com a surpreendente divulgação, dentre outras coisas, da venda de sentenças judiciais feitas pelos próprios magistrados, o que está levando juizes para a cadeia, aparece agora no MP - Ministério Público a procuradora Leida Dinis que, no momento em que estava de plantão naquele órgão, entra capengando numa discussão e leva para a sociedade uma peça jurídica cheia de preconceito contra as escolas de samba de Teresina.

Sim, porque, em reunião com as escolas de samba, ela disse com todas as letras que nas escolas de samba as pessoas são levadas a “fumar maconha e usar outros tipos de drogas”, no que foi imediatamente retrucada. “A droga existe no carnaval como existe em muitas outras festas sociais. Muitas escolas, pelo contrario, fazem um trabalho social sério como a Sambão, que todo ano leva grande parte de seus componentes voluntariamente para o hospital Areolino de Abreu e faz alegria daqueles enfermos”, disse Jamil Said, da escola Skindô.

Lógico que a promotora deve ser elogiada quando apela para a defesa de prioridades sociais como a saúde, principalmente, o que também estamos a favor. O equivoco é penalizar as escolas de samba. Aí é que entra o preconceito. Vale lembrar ainda que, durante a audiência, Leida Diniz, que estava tensa e nervosa, não parecia interessada em discutir, mas ratificar a posição dela. Será que também pode ter alguém por traz disso tudo, como suspeitaram? Afinal, quem teria interesse em inviabilizar a gestão do prefeito Elmano Ferrer? Seria o mesmo que prejudicou o ex-prefeito Silvio Mendes, com aquele carnaval tipo bumba-meu-boi?

Por outro lado, será que aquela instituição não tem outras prioridades mais urgentes? O que faz o MP numa discussão dessas, minha cara promotora? Veja só, o subsidio é de apenas R$ 50 mil e está rubricado para cada escola de samba, o que dá um total de R$ 350 mil. E não pode servir para outra função social. Diniz nem mesmo faz referencia ao restante de R$ 650 mil que vão financiar a estrutura do carnaval. Vejam que absurdo?!! Ademais, a PMT promete que, depois do carnaval deste ano, vai fazer um amplo debate sobre o assunto e assume o compromisso de que, se a sociedade quiser, não vai mais repassar o dinheiro para as escolas de samba.

No entanto, é surpreendente também a postura da PMT – Prefeitura Municipal de Teresina, que parece estar “com o cú na mão”. Sim, porque, se a promotora deu um prazo de 10 dias, a contar do dia 21/12/2010, para uma manifestação do jurídico da PMT, este não o fez. Foi preciso usar da experiência do “Todo Poderoso” secretário de Governo da PMT João Henrique, para compelir a presidente da Fundação Mons. Chaves Laurenice França e os presidentes de escolas para um embate frontal com Leida Diniz, numa tentativa desesperada de contornar a situação, num jogo político do tipo “se colar, colou!”.

A verdade é que Leida Diniz, se conseguir o seu intento de impedir o repasse da PMT para as escolas, não vai conseguir apagar a história grandiosa das escolas de samba de Teresina, cujo desfile já figurou entre os cinco melhores do país. A visão dantesca (algo relativo ao inferno) de Leida sobre carnaval parece ter um fundamento religioso muito forte. Mas, se a sensibilidade dela consegue alcançar a penúria do serviço público de saúde, oxalá possa ela perceber que a cultura carnavalesca é muito mais que mera folia. Ao contrario, o desfile das escolas de samba é um espetáculo completo que inclui música, dança, teatro, artes plásticas, dentre outras.

Aliais, Laurence França lembrou que os recursos aplicados pela PMT em saúde e educação estão dentro dos preceitos constitucionais. No caso da educação, o índice chega a ser superado. Ela lembrou ainda os vários projetos sociais da PMT destinados as crianças carentes da periferia, inclusive os que incentivam as crianças no âmbito da musica, dança, esporte, dentre outros.

Finalmente, é preciso lembrar que a promotora não é obrigada a entrar com uma Ação Judicial, no caso da prefeitura não cumprir a Recomendação Administrativa. Durante a audiência, ela deixou bem claro que não o fará. (Ela não teria coragem de jogar Elmano Ferrer num processo de cassação descabido). Acredito que Diniz está apenas aguardando uma manifestação do jurídico da PMT para notificá-la de sua intenção. Estamos certos de que o bom-senso vai prevalecer, eis que o tempo urge e faltam menos de dois meses para o carnaval. “Ratos e urubus larguem a minha fantasia!”.


* José Marques Filho é jornalista


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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