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GP1
Por Arthur Teixeira Junior*

Imagem: ReproduçãoArthur Teixeira Junior(Imagem:Reprodução)Arthur Teixeira Junior

Sempre intrigou-me o porquê daquele furinho que existe na tampa das canetas esferográficas. Parecia-me pura economia de material. Ontem meu colega Everaldo, o maior entendido sobre assuntos inúteis de todo o médio Parnaíba, explicou-me que aquele furinho é para evitar a asfixia de uma criança que eventualmente engula a tampinha. Sensacional! Nunca pensei nisto.

Agora resta-me saber algumas outras coisinhas que nem o Everaldo sabe. Por exemplo, aquele selinho plástico que existe nas placas traseiras dos carros e motos. Dizem que é “o lacre”. Mas, o “lacre” de quê? Do carro? Da placa? Do párachoque? Quem já teve que desamassar e pintar a traseira do carro sabe que qualquer lanterneiro analfabeto corta o araminho que prende o selinho, desparafusa a placa, pinta o carro e recoloca tudo no lugar, sem nem sequer tocar no lacre. Outros dizem que serve para comprovar que os impostos referentes ao veículo foram pagos. Eu pago religiosamente o imposto de renda, mesmo porque ele é descontado direto de meu contracheque (na verdade o fisco recebe sua parte antes do que eu, igualmente minha “ex” recebe sua pensão alimentícia). Já pensou se resolvem colocar um selinho em todos que pagam seus impostos? Onde será que ficaria o lacre e por qual orifício passariam o araminho? Não quero nem pensar...

Não entendo ainda algumas obras públicas. Quando construíram o prédio onde trabalho, as vagas para o estacionamento davam certinho para todos os veículos dos servidores. Alguns ainda davam-se ao luxo de pagar um estacionamento defronte, onde haviam vagas cobertas. Resolveram então plantar algumas árvores no nosso estacionamento, das quais garantiram um crescimento rápido de uma copa frondosa. Passaram-se seis anos e as árvores continuam com o mesmo tamanho nanico, com dois diferenciais: alguns galhos cresceram para baixo (riscando o teto dos veículos) e as largas folhas caem sistematicamente, tanto que tiveram que contratar o “seu” Raimundo e o “seu” Ilmar para passarem o dia inteiro recolhendo-as. Não resolveram o problema da sombra, mas criaram dois postos de trabalho no Piauí.

O número de servidores cresceu, e as vagas continuam as mesmas. Agora estacionaram um enorme trator e um carro pipa, que estão sendo utilizados na terraplanagem do terreno ao lado, ocupando 6 preciosas vagas. Não cabem todos os veículos. O servidor que chega depois das 9 h da manhã não encontra vaga para estacionar e fica indignado. Mas ninguém pergunta porque o sujeito chega as 9 quando o expediente começa as 7.
No portão de entrada, havia um cone plástico que era retirado e colocado pelo vigilante, dando acesso aos veículos. Acharam melhor colocar um portão automático que só abria ou fechava quando bem entendia. Instalaram então uma cancela, igualmente automática. Ficaram dois meses para decidirem onde instalar, se antes ou depois da guarita. Decidiram colocar depois, mas instalaram antes. Em menos de dois meses ela enguiçou. Voltaram a usar o cone. Ontem, um gaiato roubou o cone, enquanto o vigia cochilava. Cogita-se agora a trocar o uniforme do vigia para outro, vermelho com listras brancas, e postá-lo de braços abertos no lugar do cone.

Temo que o mesmo sofra uma insolação, ou alguma autoridade estressada o atropele.

* Arthur Teixeira Junior é funcionário público

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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