Ricos x pobres: Preconceito e luta de classe dentro do PT em Teresina

* Socorrinha Silva


Atualmente, o que vivemos dentro do PT pode ser caracterizado por diversas vertentes, mas a mais profunda, apropriada e visível é a de que há uma “luta de classes”, uma disputa velada das “ELITES DO PT” contra os “POBRES DO PT”. Tenho ouvido afirmações como “somos nós que temos os votos”, “não vão a lugar nenhum sem a gente, porque somos nós que temos a estruturas”, “somos os grandes líderes”. Demorei perceber isso, mas esse processo de disputa interna sobre os rumos do PT nas eleições em Teresina deixou cada vez mais claro essa postura preconceituosa. Esse preconceito que é de classe, mas também de autodominação de uns sobre os outros, da elite do PT sobre os “iletrados e os pobres do PT”, povo do carbono, da sede caindo aos pedaços, entre outros; foram várias as formas pejorativas de tratamento ao se referirem aos companheiros do Diretório Municipal.

O grupo do senador – Construindo um Novo Brasil - CNB afirmava que iria respeitar a decisão final do partido e que todos seguiriam a tese vencedora. Mesmo sendo o senador quem tenha dito isso, não o fizeram para não legitimarem “os pobres do PT”. Não se contentando com os mais de 700 votos de diferença, o grupo do senador recorreu à instância estadual, e, sob o pretexto de que o recurso ainda não havia sido votado, a CNB decidiu que o grupo não participaria do Encontro de Delegados, mais uma vez pra não legitimar os “pobres”.

Na Executiva Estadual, a maioria votou contra o recurso da CNB. Ainda assim, o grupo liderado pelo senador recorreu ao Diretório Nacional, que, mais uma vez, e finalmente tiveram seu recurso negado por unanimidade do PT Nacional. Depois de perder em todas as instâncias, só restaria como afirmara a liderança maior da CNB, o senador Wellington Dias: “respeitaremos a decisão final do partido”, mas isso não ocorreu e novamente pra não legitimar “os pobres do PT” não participaram do encontro de homologação do PT na chapa de vice do PTB. Será que não participarão da Convenção? O senador vai continuar estimulando candidaturas de outros partidos? Será que o senador vai fazer campanha velada para o PSDB? Não vai respeitar as instâncias partidárias?

Neste contexto, mais uma vez, a palavra do Senador e de seu agrupamento dada publicamente e reafirmada várias vezes perante os meios de comunicação, perdeu-se em nome dos interesses individuais. O mesmo ocorreu em 2010, quando nossa candidatura própria foi derrotada, numa clara demonstração de desrespeito às instâncias partidárias, mas, sobretudo de preconceito, desprezo pelas minorias que hoje coordenam o PT em Teresina. Grupos que ao longo da história do PT foram forjados no movimento sindical, nos movimentos populares, juvenis, pastorais, pessoas simples trabalhadores organizados nos mais diferentes espaços de organização da sociedade civil, como os comerciários, rodoviários, construção civil, confecção, professores, empregadas domesticas e tanto outros, trabalho que a CNB não faz há muito tempo.

Esses companheiros que coordenam o diretório municipal, “os pobres”, “os maus educados”, “os iletrados”, essa gente têm uma história de luta por Teresina, são os mesmo que ajudaram a eleger parte dos parlamentares que agora simplesmente ignoram a disputa em Teresina, e que se acham maiores que o PT, que desprezam as lideranças da Capital que hoje são candidatos a vereadores por essa cidade. Esse olhar preconceituoso é muito parecido como o olhar do PFL quando ganhamos as eleições em 2002 um olhar de desprezo e de raiva, porque já não eram mais “os donos” do Piauí tinham que compartilhar com aqueles que sempre se opuseram a eles, os petistas.

O PT nasceu pra ser diferente, é por isso, que ao contrário, dos que muito imaginam o PT não tem dono, nem lideranças que estejam acima do partido, no PT o voto do senador, do deputado, do vereador, do presidente tem o mesmo valor de qualquer um dos filiados, é isso que nos faz ser um partido forte e de massa.

* Socorrinha do PT é membro do Diretório