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Deusval Lacerda de Moraes*

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
Nenhum povo alcançou elevado grau de desenvolvimento sócio-econômico sem antes investir maciçamente na educação. Isso é sabido por todos em todos os quadrantes do mundo, como recentemente fez a Coréia do Sul, agora faz a China e no passado fizeram os Estados Unidos. No entanto, em terra brasilis, os governantes se fazem de desentendidos para reconhecer essa premissa básica. É simples, se esses governantes têm dificuldades de compreender realidade tão clarividente e agem de maneira a não privilegiar a educação como meta prioritária dos seus governos, não há o que mais se esperar deles em nível de mudança da sociedade por serem um fiasco na valorização da pessoa humana como força indutora das grandes transformações coletivas.

No Piauí, os exemplos da educação pública estadual são os mais desanimadores possíveis. Por se tratar arraigadamente de um dos Estados mais pobres da Federação brasileira, os nossos dirigentes deveriam fazer verdadeira cruzada no setor educacional, já que, em não sendo assim, não há como se suplantar o somatório de fatores que persistem no atravancamento do Piauí para se deslanchar na busca do progresso que necessita para a promoção dos setores das atividades humanas e público-privadas com vistas à redenção das gerações futuras dos nossos coestaduanos.

Mas pelo andar da carruagem as coisas ficam cada vez mais difíceis em nosso Estado. A julgar pelas declarações do Coordenador do Grupo Dever de Classe, o professor de português Landim Neto, o quadro é extremamente desolador. Ele disse em matéria publicada no Jornal Diário do Povo, de 1º de agosto de 2012, que neste ano letivo já foram fechadas 18 escolas das 246 fechadas total ou parcialmente nos últimos tempos. Disse ainda que os diretores de seis unidades escolares agora foram chamados à Secretaria de Educação para finalizar alguns turnos em escolas estaduais em Teresina.

O professor-denunciante afirmou que a rede pública estadual tem cerca de 400 mil alunos matriculados em todo o Estado, sendo cerca de 150 mil em Teresina. Ao todo, o quadro de professores estadual é de quase 22 mil professores. Segundo o Grupo Dever de Classe, o Piauí tem uma carência de 15 mil professores para atender a atual demanda das instituições de ensino. E dos 22 mil professores da rede pública estadual, quase 5 mil estão fora da sala de aula e boa parte destes estão à disposição de outros órgãos ou em serviços administrativos.

Afirmou também o professor Landim Neto, “O próprio governo tira os professores da sala de aula. A falta de professores em diversas disciplinas leva os alunos a deixarem a sala de aula. Faltam professores de Matemática, Português, Física e Química. Isso desestimula os alunos que deixam a escola”. E arremata ainda o professor Landim, “Isso tem contribuído para os alunos deixarem de estudar. Na minha escola, a Álvaro Ferreira (Piçarra/Teresina), não tem professor de Matemática desde o início do ano. Então, o Estado está sucateando a escola para depois fechar”.

Com base no depoimento acima, chega-se à conclusão de que a verborragia oficial de empenhar-se para implantar escolas em tempo integral na rede educacional piauiense não passa de retórica, pois os fatos apresentados pelo mencionado educador falam por si só, mostrando o verdadeiro descalabro da educação estadual, inclusive na Capital, que assim cai por terra o sofismável discurso das autoridades educacionais da Secretaria de Educação do Estado.

Assim, o Piauí está totalmente fora do padrão de qualidade do ensino público que se exige atualmente do sistema educacional como vetor transformador da sociedade para que os piauienses atinjam melhor lugar ao sol. Governo que tem compromisso com o Estado não admite que quase ¼ do seu corpo docente fique fora da sala de aula para fugir da suas responsabilidades educativas. Não fecha escolas, ao contrário, abre mais escolas de qualidade. Como também não deixa de pagar salários dignos aos professores e educadores responsáveis pela gestão dos estabelecimentos educacionais. E reciclaria o seu quadro de mestres para ministrar aulas à altura do nível de aprendizagem que hoje requer o alunado. Reitera-se que urge que a educação estadual mude o seu planejamento para se enquadrar na dinâmica do conhecimento técnico-científico que o mercado de trabalho precisa para produzir riquezas e gerar o bem-estar de todos.

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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