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Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: Divulgação/GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Divulgação/GP1)Deusval Lacerda de Moraes
Na política piauiense acontecem coisas que no final das contas dificultam a vida do próprio Estado. Há excesso de criatividade nesse campo. Não precisaria tanto para defender o próprio umbigo. Percebemos que na nossa classe política existem deles que são extremamente personalistas, individualistas, e que assim negam subliminarmente o sentido da política, da coisa pública e da democracia. E acham tudo muito normal. Ainda estufam o peito e dizem que são políticos, que representam o povo e que cuidam da coletividade. É como na comédia pastelão mexicana, disfarçam mal o papel de bons políticos, pois a máscara sempre cai com facilidade.

O mais estranho é que alguns inventam que são políticos do nada. Não possuem a embocadura para realmente exercerem a função de verdadeiros políticos. Aqui, pelo que sentimos, qualquer um pode ser político de uma hora para outra, dependendo apenas de circunstâncias meramente ocasionais que lhe favoreçam até involuntariamente, e aí já se considera político e quer sobreviver da política ad aeternum sem estatura, autocrítica, pois o que vale, até mesmo no caso de sair da prisão, é que estará sempre apto para exercer a atividade pública. E por qual motivo? Porque no Piauí, contrário senso, o político não precisa necessariamente de espírito público para a complexa missão, basta ter vontade própria, e vontade para tanto jamais faltará aos espertalhões.

Diante dessas improvisações, imperfeições, o Piauí paga caro por isso. As notícias que temos de como alguns ex-prefeitos deixaram os municípios que diziam administrar são as mais deploráveis possíveis, não parece ser gente deste mundo, não. Em algumas prefeituras não ficaram sequer cadeiras para sentar-se. Em outras, não existem um documento que possa comprovar que se trata realmente de organismo público. É sucateamento total. Esses políticos agiram como se o ente público municipal fosse a sua propriedade e que ao perderem o direito de usufruto não poderiam deixar nada para os sucessores que lhes defenestraram pela via legal do processo eleitoral. Aliás, processo eleitoral que fizeram de tudo para burlá-lo em proveito próprio e ainda sem qualquer contraposição dos escalões da política estadual aos quais pertencem.

Contudo, os erros fatais persistem reiteradamente no nosso modelo político como impulsionadores de um sistema eleitoral de posições superpostas. Um acode o outro para, no fundo, dar certo para todos os envolvidos. Mesmo sabendo que esse jeito de se proceder contradiz os métodos genuinamente republicanos, pois há quem aposte que o grupo vitorioso estará imunizado de quaisquer contratempos para continuar no poder em razão do respaldo popular conquistado, não importa o custo para a sociedade ou até a desorganização pública que obstaculizará o aprimoramento do bem comum. Aliás, bem comum que para determinados segmentos mandonistas se trata quase de pecado capital, por render pouco para as vantagens esquemáticas do açambarcamento do poder.

Agora mesmo criaram uma nova situação política no Piauí. A de que os vice-governadores devem ser eleitos governadores do Estado. Às vezes, sem os requisitos eleitorais exigidos, mesmo forçando a barra para transpor os obstáculos. Forçar a barra é criar, ao assumir a titularidade do governo, condição política favorável no exercício do cargo que, convém lembrar, continuará pertencendo a todos indistintamente e não para satisfazer os interesses partidários imediatistas. Inventaram mais essa no laboratório político do Piauí. Apesar de geralmente ocorrer de vice não possuir o devido potencial eleitoral para triunfar, mas por saber das deficiências do nosso sistema democrático e das fragilidades de alguns dos nossos políticos, sai percorrendo o Estado para atrair apoio de lideranças na tentativa de viabilizar a sua candidatura na reeleição futura.

Tal comportamento deve ser ponderado. Pois governo não tem nada a ver com reeleição de ninguém, é questão político-partidária. Todo vice pode ser candidato, não por assumir efetivamente o poder, mas por ser político. Assim, os piauienses, que já viram quase tudo na política, devem exercer a sua cidadania, empreendendo verdadeira cruzada em prol do Estado. Não podemos mais cair em esparrelas, pois os estragos são enormes. Observamos que os políticos quando se juntam para manter o status quo governativo é porque está bom para eles e nem tanto para a sociedade em geral.

Assim, pode ocorrer até de vice oferecer a vaga do vice na sua chapa da reeleição para repetir com o novo postulante a vice o mesmo fenômeno, doravante. Pois o que seriam dois mandatos normais totalizando oitos anos, o vice que se reelege fica apenas quatro anos e nove meses no governo e depois poderá ir para o Senado. Há quem diga que os oitos anos diminuídos para quatro anos e nove meses do vice que se reelegeu governador o povo entenderia como alternância reduzida de poder. Não precisamos de tanta ciência para saber o que é bom para todos. Apesar das artimanhas, necessitamos apenas de boa vontade para seguir o caminho da vitória do Piauí.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

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