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*Por Deusval Lacerda de Moraes


Imagem: Divulgação/GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Divulgação/GP1)Deusval Lacerda de Moraes 
Independentemente de questionar-se a competência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para julgar matéria sobre alterações nas bancadas federal e estadual de alguns estados, como ocorreu na decisão da Corte que altera o número de deputados federais em 13 estados para as eleições em 2014, e que o Piauí perde dois dos seus 10 deputados na Câmara Federal e seis dos 30 deputados estaduais, a culpa é unicamente da elite política dominante do Piauí que ao longo da história não zelou devidamente das gestões político-administrativas do Estado e que por isso deixou enraizar pobreza extrema que obriga parcela ponderável da população emigrar de tempos em tempos para buscar sobrevivência em outros estados brasileiros.

Para relembrarmos, em razão dos dois anos consecutivos da estiagem que assola o semiárido piauiense e que outras regiões já vêm sentindo a chegada de mais retirantes da seca, aumenta sobremaneira a nossa emigração que já era de 35 mil habitantes/ano até 2010, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e agora passa dos 40 mil habitantes/ano que busca subsistência nos outros estados devido à negligência de ações governamentais em amparar os flagelados que são forçados a abandonar os sertões mafrenses.

A decisão do TSE para adequação da composição das Assembleias Legislativas e da Câmara Federal teve como base o Censo populacional brasileiro de 2010/IBGE alegado pela Assembleia Legislativa do Amazonas, e que dispensa examinarmos o mérito porque ante a emigração por ausência de políticas públicas para amenizar a nossa pobreza endêmica, é fato que a população piauiense há muito tempo estagnou-se e por isso não há população para justificar as vagas legislativas antes vigentes no Estado.

Mas a responsabilidade pelo atraso crônico e por consequência do êxodo rural – e à vezes até urbano – desses piauienses pela sobrevida é só e somente só da nossa classe política que exerce o poder com vistas unicamente a projetar seus familiares e grupelhos para continuar na política sem a preocupação de promover medidas para a geração de emprego e renda com o objetivo de alcançar o desenvolvimento econômico e social dos piauienses e contribuir para a fixação do homem no campo. Daí a pergunta: quais os políticos piauienses que têm experiência na geração de emprego e renda no Estado? Alguma exceção à regra.

Na verdade, talvez não exista outro estado da federação em que a sua elite política viva tão acomodadamente nas vantagens do erário como no Piauí, portanto sugando as suas seivas e consequentemente emperrando o progresso devido o poder público girar sempre em torno dela. Isso dificulta o nosso desenvolvimento que, no final das contas, prejudica os segmentos produtivos que precisam da indução do Estado como propulsão das atividades econômicas.
Na essência, parte da nossa classe dirigente exerce a atividade política visando o interesse próprio em prejuízo da coletividade, o que assim tem blindado o poder estatal como estímulo da população que espera e precisa do seu beneplácito. Por isso, a elite dominante está pagando preço caro com a falta de crescimento do Estado em se comparando aos estados nordestinos que ultimamente vêm atravessando visível apogeu político, econômico, social, cultural e empresarial-industrial.

A resposta do TSE pode até não se fazer sentir, mas é uma bofetada na cara das autoridades oficiais que dizem que estão promovendo o progresso do Piauí com índices que não correspondem com a realidade dos fatos. Desmente, portanto, todo e qualquer discurso no sentido de que o Piauí está no caminho certo.

Por fim, desmascara as falácias de governos que dizem que o Piauí cresce mais do que a média nacional, pelo fato da vida real desmontar os números maquiados que são divulgados pelos nossos dirigentes. E para provar ainda mais a triste realidade, basta ver matéria divulgada no Fantástico, da TV Globo, que mostra o Corpo de Bombeiros como um dos piores do Brasil. O Ministério Público Federal promoveu ação na Justiça Federal cobrando do Governo do Estado a devolução de mais de R$ 5 milhões supostamente desviados de convênio destinados à construção de milhares de cisternas e execução de outras melhorias em municípios piauienses que serviriam para combater o drama da estiagem (Jornal Diário do Povo, Improbidade Administrativa, edição de 13 de abril de 2013). E se avançar em todas as áreas públicas a verdade virá à tona face à precariedade imposta ao Piauí e, o que é pior, desenganar-nos-á da esperança no futuro.

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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