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Assistimos, patéticos, à manifestação oficial da presidente Dilma Rousseff acerca dos movimentos que estão eclodindo no país. Talvez por experiência própria, ela tenha encontrado dificuldade de dar explicações convincentes de seu fraco governo ao ler um discurso pincelado por outrem, em que se reporta com ênfase a grupos isolados baderneiros e não à grande massa pacífica e apolítica que tomou conta do Brasil, indignada com os políticos e governos.

É estranho que só agora a presidente Dilma pretenda dialogar com as representações sociais e políticas, com governos estaduais, municipais e demais poderes da República, na tentativa de salvar a sua fraca administração, cujo reflexo será a sua não reeleição.
Imagem: ReproduçãoJúlio César Cardoso(Imagem:Reprodução)Júlio César Cardoso

Juridicamente, não há respaldo para pedir o impeachment da presidente da República por falta de competência administrativa para presidir o país, mas o impeachment moral da presidente e de todos os políticos já aconteceu com a explosiva manifestação nacional da sociedade.

É muito importante consignar que a reação social não é comandada por partidos políticos (opositores), mas é uma legítima demonstração pública e coletiva da sociedade em repúdio ao atual momento brasileiro de se fazer política sem ouvir os reclamos sociais, bem como de governar o país com sofismas, com mentiras, com irresponsabilidades, com politicagens mesquinhas, com incompetência, com menosprezo às classes sociais mais necessitadas de educação de qualidade, de serviços púbicos de saúde, de segurança pública para ir e vir. Enfim, é uma manifestação apolítica, sem viés partidário, um verdadeiro desabafo de indignação - engasgado em cada contribuinte nacional - com a direção e com os políticos nacionais. E, neste momento, os partidos do governo e da base de apoio devem estar muito preocupados com a reação brasileira.

Assim, finalmente, o país acordou com a liderança de seus jovens brasileiros manifestando repulsa contra a má qualidade dos transportes públicos; contra a corrupção política; contra a falta de investimento na produção nacional para geração de empregos estáveis; contra os intermináveis gastos públicos bancados pela alta carga tributária arrecadada, que não é revertida em serviços públicos de qualidade; contra o governo federal que dá ajuda financeira a Cuba, perdoa dívidas de países africanos, gasta com a construção de arenas de futebol para a Copa do Mundo, mas não atende com a mesma rapidez e eficiência às demandas sociais; contra o Congresso Nacional, inchado e inoperante, cujos políticos não desempenham com lealdade os mandatos que exercem, não votam as leis necessárias ao país, não trabalham a reforma tributária, não fazem a reforma política de acordo com o que deseja a sociedade, não corrigem as imperfeições constitucionais - que permitem que cidadão e parlamentar, condenados pelo STF, exerçam mandatos legislativos - e nem fiscalizam as ações do Executivo, mas se utilizam do Parlamento, a maioria, apenas para defende os seus próprios interesses e de grupos que representam.

*Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado

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*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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