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GP1
* Arthur Teixeira Junior

Imagem: GP1Arthur Teixeira(Imagem:GP1)Arthur Teixeira

Toda semana, a mesma insistência dos colegas da Repartição, para que eu participe do bolão da Mega-Sena. Sempre com uma importante justificativa: ou é a última Mega do mês, ou a primeira, ou este sorteio termina em “zero”, ou é a Mega da Virada, enfim, esquivo-me sempre de colocar meu suado dinheirinho nestas apostas tentadoras.

Engana-se quem atribua esta resistência a motivos religiosos, dogmáticos ou simples sovinice. Mas, eu imagino: E se eu ganhar? Tornar-me o mais novo milionário do Brasil?

Ganhar na Mega Sena, nesta altura do campeonato, seria uma baita sacanagem divina!

Passei toda minha juventude na maior dureza, vendendo o almoço para comprar a janta. No auge de minha virilidade, o melhor carro que tive foi um Chevette 74, azul pálido, apelidado de “fumacê”, que tinha um monte de arame segurando o pára-choque dianteiro e não abria a porta do passageiro. Os pneus eram mais carecas que o Feitosa e acendia somente um farol, quando queria. Depois de muito batalhar uma piriguete na saída da extinta gafieira “Paulistanos da Glória”, tinha que convencê-la a entrar no carro pela janela lateral, e, pior, fazer o caminho inverso assim que chegássemos ao Motel. Raras eram as que topavam.

E sempre apostei nas loterias...

Imaginem eu, agora no fim da vida, ficar milionário. Para quê? Comprar um andador dourado, contratar uma enfermeira diplomada ou fazer uma excursão para Poços de Caldas? E tem mais: minha ex, Raquel, iria entrar com uma Ação Revisional da pensão alimentícia antes que eu recebesse o prêmio e Débora ligaria dando-me os “parabéns” e dizendo-se “morrendo de saudades”.

É melhor deixar como está.

Falando da Raquel, tenho fotos de todas minhas ex esposas ou companheiras afixadas nas paredes lá de casa. Afinal, todas tiveram sua importância em minha breve existência, por um ou outro motivo. A foto de Raquel afixei por detrás da cordinha da descarga, lá no banheiro. Toda vez que uso o sanitário, sorrio-lhe candidamente e... puxo a cordinha.

Velho rico é coisa para político, que escreve um livrinho “chinfrim”, que sua família cangaceira obriga todos os correligionários a comprarem e todos os críticos a elogiarem e, depois, ganha um assento na Academia Brasileira de Letras, para ter mais um lugar para não fazer nada. Ou aquele, do qual os eleitores falam “_ Ele já é velho e rico, se eleito não vai precisar roubar...” E o ladrão, eleito com os votos dos incautos eleitores, rouba para garantir o futuro dos filhos e netos...

Por falar em político, nesta semana assisti a uma cena inusitada na Câmara Municipal de minha cidade, em sua Seção Inaugural do Ano Legislativo: uma suplente de vereadora subiu na tribuna com o único intuito de mostrar a todos sua nova prótese dentária, provavelmente paga com o dinheiro público. Só no Brasil...

Ainda nesta última semana, conheci minha nova paixão. Pena que ela ainda não saiba disto... Seu nome é Isabel (pelo menos foi este nome que ela me deu). Uma lindíssima garçonete de churrascaria popular, pelos lados da Piçarra. Sorriso lindo e constante, impecável em seu traje de rodomoça de carro funerário. Ninguém é perfeita.

Sempre aprendi: decisão de juiz não se discute, cumpre-se. Realmente, pela manutenção do Estado de Direito, conquistado depois de muito derramamento de sangue pela morte ou pela tortura, devemos respeitar a ordem emanada de um Magistrado. Mas não necessariamente concordar com ela. O que vimos acontecer, recentemente, no STF, foi lamentável. Uma vergonha, de corar a mais indigna das meretrizes da Baixa da Égua, mas que alguns Ministros sustentaram com invejável altivez.

Não contarei ao meu filho, por pura vergonha, que agora os quadrilheiros que roubaram o nosso país, serão postos em liberdade antes do próximo Natal. E que outro renunciou ao mandato de Deputado com o único intuito de ser julgado por um Tribunal mais “amigo”. Meu filho não merece.

* Arthur Teixeira Junior é funcionário público


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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