A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber lançou nesta quarta-feira (19), a Constituição Federal de 1988 em uma língua indígena, Nheengatu. A cerimônia foi realizada na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), no município de São Gabriel da Cachoeira, no estado de Amazonas.

A constituição em Nheengatu foi feita por um grupo de 15 indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós. “Foi um trabalho árduo e desafiador”, disse a tradutora Dadá Baniwa.

Foto: Divulgação/STF
Indígena celebra Constituição Federal de 1988 lançada na língua indígena Nheengatu

O evento contou também com as presenças de Cármen Lúcia, ministra do STF; Nélia Caminha, presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas; Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas e Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A presidente do STF disse na ocasião que não falaria como Rosa Weber, mas como Raminah Kanamari, nome indígena com o qual foi batizada no Vale do Javari (AM). “Levamos 523 anos para chegar a este momento, que considero histórico”, afirmou Raminah Kanamari durante a solenidade. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, enalteceu o trabalho feito pelos tradutores em tempo recorde de três semanas, e considerou um “gesto de respeito às tradições indígenas”. Já a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, observou que agora o indígena poderá “conhecer seus direitos em sua própria língua” e que o desafio é incluir as outras línguas indígenas em iniciativas como essa.

Foto: Divulgação/STF
Ministra Rosa Weber e ministra Sonia Guajajara durante lançamento da CF/88 em língua indígena Nheengatu

Nheengatu

Também chamada de Língua Geral Amazônica, o Nheengatu é a única língua descendente do Tupi antigo que é viva até os tempos atuais e que permite a comunicação entre comunidades de distintos povos espalhados em toda a Região Amazônica.