O preço do café, que vem registrando aumentos contínuos há mais de um ano, deve entrar em um período de estabilidade, segundo previsão da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Em março, as grandes empresas do setor fizeram um novo reajuste, que ainda está sendo repassado pelos supermercados aos consumidores. Após esse repasse, o setor acredita que os preços não deverão subir mais.

Segundo o presidente da Abic, Pavel Cardoso, os aumentos mais recentes foram suficientes para compensar o descompasso entre o preço do café cru e o valor cobrado no varejo pelo café torrado e moído. A expectativa da associação é de que não haja novas elevações nos preços, mas também não se projeta uma redução expressiva no curto prazo.

Foto: Alef Leão/GP1
Café
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A estabilidade, no entanto, depende do comportamento do mercado internacional, especialmente das cotações do café cru nas bolsas de valores. Cardoso acredita que o preço chegou ao teto e que não deve ultrapassar os níveis atuais, desde que não haja novos aumentos no preço da matéria-prima. A oferta e a demanda globais continuam sendo fatores determinantes para a dinâmica dos preços.

As altas históricas do café foram causadas por diversos fatores, como problemas climáticos, estoques baixos e aumento do consumo em países como a China. Atualmente, os estoques mundiais estão em 20,9 milhões de sacas de 60 kg, o menor volume das últimas 25 safras. Como o consumo mundial é de 168 milhões de sacas por ano, o estoque atual cobriria menos de dois meses de demanda.

Especialistas acreditam que só no fim do ano, com a previsão da safra de 2026, pode haver alguma redução nos preços. Mesmo assim, a queda seria limitada, já que a produção teria de ser muito alta para recompor os estoques mundiais. Segundo o analista Guilherme Morya, do Rabobank, há espaço no mercado para absorver até mesmo uma grande colheita, o que limita o impacto de uma eventual safra recorde sobre os preços ao consumidor.