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Política

Cajuina produzida no Estado será reconhecida como Cajuína do Piauí

A identificação geográfica é determinada por aspectos culturais e/ou geográficos

É dessa forma que a cajuína fabricada no Estado deverá ser conhecida nacionalmente dentro de pouco tempo. Através do Projeto de Cajucultura executado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Sebrae no Piauí, está sendo iniciado todo o processo de identificação geográfica, um termo que conceitua a certificação de produtos de uma região.

A identificação geográfica é determinada por aspectos culturais e/ou geográficos, agregando valor ao produto e garantindo a qualidade para o consumidor.

“A cajuína é um produto tipicamente piauiense e precisamos valorizar ainda mais essa bebida e suas características culturais. O processo de identificação geográfica trará reconhecimento, mais qualidade ao produto e mais competitividade para o setor. Temos uma considerável produção de cajuína no Estado, mas precisamos ampliá-la, além de abrir novos mercados para essa bebida saborosa e genuinamente piauiense”, afirma o presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae no Piauí, Ulysses Gonçalves Nunes de Moraes.

A iniciativa surge através do Arranjo Produtivo da Cajucultura, que envolve quinze micro e pequenas empresas e trinta associados da Cooperativa de Produtores de Cajuína do Estado do Piauí, Cajuespi, localizados nas cidades de Teresina, Picos e Ipiranga do Piauí.

“Com a identificação geográfica será possível manter os atuais mercados e conquistar outros, além de fortalecer a produção de cajuína através da melhoria dos processos, tornando-a mais competitiva. Haverá também o reconhecimento da qualidade e valorização do produto cajuína”, explica a gestora do Projeto de Cajucultura do Sebrae no Piauí, Geórgia Pádua.

A identificação geográfica da cajuína é uma iniciativa do Sebrae Nacional, Sebrae no Piauí, Programa de Combate à Pobreza Rural, PCPR; Cajuespi e dos demais empreendedores do setor de cajucultura do Estado.

Sabor com história
Para o consultor do Sebrae Nacional, Roberto Castelo Branco, o trabalho de identificação geográfica da cajuína exige todo um embasamento histórico do caju e dessa bebida feita a partir do pedúnculo da fruta.

“Primeiro é preciso resgatar a memória do caju e da cajuína, como surgiram, caracterizando a bebida do ponto de vista degustativo, olfativo, não apenas físico-químico”, informa o consultor que também está conhecendo todo o processo artesanal de produção da cajuína.

De acordo com Castelo Branco, será feito todo um estudo de viabilidade econômica da cajuína. “O consumidor piauiense sabe escolher a cajuína, mas os consumidores de outras regiões do país desconhecem todas as características que a identificam como coloração, sabor, cheiro, como deve ser consumida, enfim, todas as especificações do produto”, esclarece o consultor.

O nome caju vem do tupi acaiu que significa “noz que se produz”. A cajuína é feita a partir da “água do caju”, ou numa linguagem mais técnica, do suco de caju clarificado.

Do caju aproveita-se praticamente tudo: a amêndoa consome-se ao natural ou torrada; o pedúnculo tem uma polpa da qual se produzem doces, sucos, licores, sorvetes e vinhos, além da “carne do caju”, que quando retirada a acidez, é matéria-prima para muitos pratos da culinária regional.

A disseminação do caju foi feita pelas correntes indígenas migratórias que percorriam o nordeste brasileiro, popularizando o consumo da fruta como alimento e como propriedade medicinal.

Quando a castanha garantiu alto valor mercadológico, em especial nas exportações, as políticas agroindustriais no Brasil incluíram o caju como produto importante, surgindo as grandes plantações.

Produção
O Piauí, atualmente, tem o maior percentual de áreas plantadas no cultivo do caju. Segundo dados do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural, Emater, em 2005, o Piauí tinha 190.213 hectares de pés de caju, o que rendeu uma produção para o Estado de 24.497 toneladas de castanha.

A partir daí, a produção de cajuína entra em processo de expansão.
No Estado, não existem estatísticas atualizadas, mas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, este segmento agrícola movimenta cerca de trinta e sete mil empregos diretos no campo e um volume de quase R$ 70 milhões.

“A cajucultura é uma realidade dentro da economia piauiense, mais particularmente, uma vocação econômica, que tem gerado renda e novas oportunidades de trabalho. A identificação geográfica da cajuína vai fortalecer ainda mais as ações do setor, dando reconhecimento a essa bebida que já foi imortalizada pelo cantor e compositor baiano Caetano Veloso. Toda essa ação é um esforço conjunto do Sebrae, da Cajuespi e dos demais empreendedores que atuam no segmento”, justifica o diretor superintendente do Sebrae no Piauí, Delano Rodrigues Rocha.

Patrimônio Cultural
Dentro dessa iniciativa de valorizar a cajuína e de reconhecê-la como um produto típico do Estado, os empreendedores do setor de cajucultura e os associados da Cajuespi fizeram uma solicitação junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, para que a cajuína seja considerada patrimônio cultural piauiense e, conseqüentemente, patrimônio cultural brasileiro, com o objetivo de preservar sua identidade local, como também estimular o surgimento de políticas destinadas à qualidade do produto.

Metas
O trabalho posterior à identificação geográfica envolve a dinamização da comercialização da cajuína dentro e fora do mercado nacional.

“Dentre os resultados que pretendemos atingir estão o aumento em 10% da comercialização da bebida até agosto de 2009, com formalização das empresas do setor e com a indicação da procedência do mesmo”, explica o gerente da Unidade de Atendimento Coletivo Agronegócio do Sebrae no Piauí, Francisco Holanda.

O gerente acrescenta que serão repassadas aos empreendedores do setor mais ferramentas de gestão.

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