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Teresina - Piauí

Saiba como atuou grupo criminoso que roubou avião do médico Jacinto Lay

Ao todo, 17 criminosos foram presos. Cinco pessoas tiveram participação incisiva no intento criminoso.

O delegado Francírio Queiroz, do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), revelou nesta quinta-feira (16) como atuou cada membro do grupo criminoso acusado de roubar a aeronave do médico e empresário Jacinto Barbosa Lay Chaves, que seria utilizada pelo cartel boliviano. O crime ocorreu no dia 14 de janeiro e teve participação de pessoas de confiança da vítima.

Segundo o delegado Francírio Queiroz, a investigação no âmbito da Operação Cessna, deflagrada na manhã desta quinta, desvendou a atuação de vários núcleos dentro do grupo criminoso, contudo, cinco pessoas tiveram participação incisiva no intento criminoso, são elas: Edmir Dias da Silva, Lucas Marciel Pereira da Silva, Francisco Nascimento, Demétrius de Moraes Gomes e Mykhell Make Abreu Pereira (filho do piloto que prestava serviço para o médico Jacinto Lay).

Foto: Reprodução/InstagramMédico Jacinto Lay
Médico Jacinto Lay

De acordo com o delegado, Edmir Dias foi o integrante responsável por alugar um carro utilizado no dia do crime. Esse veículo foi adquirido em Recife-PE e foi conduzido para Teresina. O DRACO apontou que dois teresinenses, Lucas Maciel e Francisco Nascimento, tiveram atuação na articulação do crime, como conseguir formar equipe para executar o roubo do avião e receber o veículo alugado em Recife.

“Nós temos a pessoa Edmir Dias, que ficou responsável pela locação do veículo utilizado no crime, que foi locado em Recife e trazido para Teresina com objetivo de ser usado na prática delitiva. Ligado a ele temos dois teresinenses, que receberam o veículo, que foi repassado para o Lucas Maciel, responsável pela articulação do crime do roubo da aeronave, foi a pessoa que arregimentou outros integrantes da associação criminosa e que, efetivamente, executou o roubo. Ele está ligado a essa parte da organização que executou o crime no Clube de Ultraleve. Francisco Nascimento aparece na investigação como sendo uma das pessoas que participou da execução e que intermediu a negociação do veículo com o investigado Edmir Dias e os teresinenses”, informou o delegado Francírio Queiroz.

Participação de Mykhell Make

Ainda segundo a investigação do DRACO, Mykhell Make, que é filho do piloto que prestava serviços para o médico Jacinto Lay, tinha a função de repassar informações privilegiadas ao grupo criminoso sobre a rotina do Clube Ultraleve em Teresina e, inclusive, detalhes sobre a situação mecânica da aeronave. Assim, os responsáveis pelo roubo tiveram conhecimento detalhado sobre o aeroclube, antes de invadi-lo para realizar o primeiro roubo de uma aeronave no estado do Piauí.

Foto: Reprodução/FacebookMykhell Make Abreu Pereira
Mykhell Make Abreu Pereira

“Outro investigado fundamental e ligado a Lucas Marciel chama-se Mykhell Make, que é filho de um piloto. O filho atuou como informante, passou todas as informações privilegiadas com relação a rotina do Clube de Ultraleve e, também, quanto às condições de uso da aeronave, tendo em vista que ela ficou dois anos parada, sem uso, e, recentemente, passou por uma revisão geral, ou seja, os autores do crime tinham pleno conhecimento de que a aeronave estava em perfeitas condições de voo, não foram utilizadas somente as informações em relação à rotina do clube de ultraleve, como também informações quanto à aeronavegabilidade dessa aeronave, por isso ela foi alvo do grupo criminoso”, destacou Francírio Queiroz.

Percurso do avião após ser roubado de Teresina

Após o avião ter sido roubado em Teresina, no dia 14 de janeiro, a aeronave fez um pouso em Paço Lumiar, no estado do Maranhão, onde passou por um processo de adulteração. Por lá, os funcionários do aeroporto do município auxiliaram na modificação da cor do avião e a capacidade de autonomia de combustível. Já no dia 22 de janeiro, os criminosos saíram do estado do Maranhão, com a intenção de pousar na zona rural de Juara, no estado do Mato Grosso, antes de chegar na Bolívia, mas foi necessário fazer um pouso forçado, em função de um pane seca, o que possibilitou que o avião fosse localizado no dia 22 de janeiro, a 80km da sede do município de Juara-MT.

A investigação também apontou que no Mato Grosso, três pessoas dariam apoio logístico para receber os pilotos, reabastecer a aeronave e, de lá, ir para a Bolívia. Esses suspeitos foram presos em flagrante na época em que a aeronave foi localizada e, desta vez, foram alvos da Operação Cessna.

Foto: Reprodução/WhatsAppAvião caiu no Mato Grosso
Avião caiu no Mato Grosso

“Essa aeronave pousou no aeroporto de Paço Lumiar, funcionários desse aeroporto, atuaram na logística para fazer a adulteração da aeronave que teve modificada a sua cor. Ela era azul e foi pintada para vermelho. Foi modificada, também, a matrícula da aeronave e houve uma mudança para aumentar a sua autonomia, para ela fazer um voo mais longo. A finalidade seria pousar na zona rural de Juara-MT, em uma pista clandestina, mas por questão de 8 a 9 km o combustível não foi suficiente, a aeronave entrou em pane seca e foi feito um pouso forçado. No Mato Grosso nós temos três pessoas indiciadas, que dariam apoio logístico para receber os pilotos, reabastecer a aeronave e de lá sairiam com destino a Bolívia”, afirmou o delegado Francírio Queiroz, do Draco.

Núcleo criminoso do Estado do Maranhão

Apontado como um dos alvos importantes do grupo criminoso, Demétrius de Moraes Gomes, é velho conhecido da polícia e já possui extensa ficha criminal por roubo de cargas no Piauí e Maranhão. “Demetrius já é bastante conhecido da polícia tanto no Piauí como no Maranhão, pela prática de roubo de carga, responde a vários processos criminais, com condenações, ele tem extensa ficha criminal e durante as investigações foi possível conseguir elementos que colocam ele e os filhos como, possivelmente, envolvidos na organização responsável pelo roubo da aeronave”, finalizou.

Avião seria usado pelo cartel boliviano

Um levantamento feito pela Polícia Civil do Piauí indicou que o avião monomotor do médico Jacinto Lay seria usado por um cartel boliviano para o tráfico internacional de drogas. As investigações da Operação Cessna continuam com o objetivo de identificar, entre outros elementos, quem foi o responsável por retirar a aeronave de Teresina e pilotá-la até o Estado do Maranhão. Há suspeitas que dois pilotos profissionais tiveram a responsabilidade de pilotar o avião do Piauí ao Maranhão e do Maranhão ao estado do Mato Grosso.

Foragido

O alvo identificado como Lucas Marciel Pereira da Silva, que o GP1 apresentou no início desta reportagem, é tido pela Polícia Civil do Piauí como o alvo responsável pela arregimentação do grupo criminoso em Teresina. Durante a fase ostensiva da Operação Cessna deflagrada nesta quinta-feira (16) ele não foi localizado. Segundo levantamento do DRACO, o alvo que é do Piauí, tem ramificações no estado do Maranhão e também no Ceará.

Balanço de prisões da Operação Cessna

Ao todo foram expedidos 53 ordens judiciais, 22 relacionadas a mandados de prisão e 31 a mandados de busca e apreensão nos estado do Piauí, Maranhão, Pernambuco e Mato Grosso.

Do total, 18 pessoas foram presas, 9 delas na cidade de Teresina, 7 em cidades da região Metropolitana de São Luís-MA e no interior do Maranhão. Uma pessoa foi presa no estado de Pernambuco e outra pessoa foi presa no estado do Mato Grosso.

O impacto financeiro movimentado pelo braço criminoso alvo da primeira fase da Operação Cessna ainda não foi calculado, no entanto, a Polícia Civil do Piauí estima que nesse primeiro momento o roubo da aeronave no Clube de Ultraleve de Teresina movimentou cerca de meio milhão de reais.

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