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Teresina - Piauí

Pedida prisão de empresário acusado de aplicar golpe em sobrinho de Marcelo Castro

Procurado pelo GP1, o empresário Alexandre Cavalcanti disse que desconhece a existência do inquérito.

O delegado Ademar Canabrava, do 12º Distrito Policial, representou pela prisão preventiva do empresário Alexandre Cavalcanti Castelo Branco, acusado de aplicar golpe contra o também empresário Mathias Neto Maia Machado e Castro, sobrinho do senador Marcelo Castro (MDB).

O pedido foi feito no relatório final do inquérito policial, concluído em 8 de fevereiro deste ano, que indiciou Alexandre Cavalcanti pelo crime de estelionato praticado contra Mathias Neto.

Para justificar o pedido, o delegado alegou que a liberdade do empresário representa um perigo à garantia da ordem pública, por ele continuar praticando o mesmo crime.

Foto: Reprodução/Redes SociaisAlexandre Cavalcanti
Alexandre Cavalcanti

Inquérito

O inquérito teve início após a vítima, o empresário Mathias Neto, comparecer até o distrito policial para denunciar Alexandre Cavalcanti.

Segundo depoimento de Mathias Neto à polícia, ele conheceu Alexandre Cavalcanti em fevereiro de 2021 por meio de amigos em comum, que possuíam interesse em carros antigos. Desde então, os dois passaram a participar de encontros com outros entusiastas desses tipos de veículos.

No dia 25 de agosto de 2022, de acordo Mathias Neto, foram iniciadas conversas sobre a instalação de uma usina de placas fotovoltaicas em uma propriedade de sua empresa de mineração, que seria feita por uma empresa de propriedade de Alexandre Cavalcanti.

Ainda conforme o denunciante, no dia 30 de agosto de 2022 foi enviada uma proposta comercial da empresa Solution 2B Energia Limpa, de Teresina, contudo, ele descobriu, posteriormente, que no endereço onde deveria funcionar a empresa, na verdade, funcionava outra de nome Espaço Vital.

“Após negociações com Alexandre Cavalcanti Castelo Branco, foi negociada a proposta final para instalação da usina solar no valor de R$ 849.999,00 que nas condições do negócio, os equipamentos chegariam até o dia 20 de setembro de 2022 e a conclusão da instalação se daria até o dia 20 de outubro de 2022”, diz trecho do relatório.

Consta que a proposta foi assinada digitalmente pela empresa de nome D2D Soluções Integradas em tecnologia, constando o nome de Alexandre Cavalcanti Castelo Branco como diretor comercial da suposta empresa e da Solution 2B.

Pagamento

Mathias Neto afirmou que efetivou o pagamento de três parcelas referentes a valor da usina, sendo uma entrada de R$ 200 mil no dia 1º setembro de 2022, um complemento de R$ 20 mil no dia 05 de setembro de 2022, e mais R$ 300 mil no dia 23 de setembro de 2022 totalizando R$ 520 mil e que, após envio da última parcela, Alexandre nada mais disse.

“No dia 13 de outubro de 2022, após questionar se a usina iria funciona em outubro, Alexandre alegou que o material atrasou um pouco mas estaria chegando na semana seguinte, na semana do dia 20 de outubro de 2022”, diz outro trecho do depoimento.

Já no mês de novembro, ao questionar novamente sobre o cronograma, Alexandre Cavalcanti informou que uma equipe iniciaria as construções das bases o que, segundo Mathias, não ocorreu.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1Delegado Ademar Canabrava
Delegado Ademar Canabrava

No dia 23 de novembro de 2022, Alexandre Cavalcanti solicitou mais R$ 50 mil, contudo, o valor não foi repassado. Posteriormente, Mathias pediu por diversas vezes o número do protocolo da Equatorial, mas que Alexandre não respondeu.

“O depoente, então, decidiu ir até a empresa D2D do Alexandre, com sede na avenida Irapuã Rocha para tentar conseguir informações acerca do protocolo da Equatorial, mas ao chegar encontrou o local desalugado e em reforma para novo locador que, na pesquisa pelo local da empresa, se deparou com comentários de pessoas questionando a idoneidade da empresa, alegando que a empresa recebia o dinheiro, mas não entregava as placas”, contou Mathias.

Confissão de dívida

Mathias Neto relatou que, no dia 2 de dezembro de 2022, ele e Alexandre foram até a delegacia e que, após conversa com o delegado Canabrava e o advogado de Alexandre, os dois assinaram o contrato de confissão de dívida.

Já na segunda-feira seguinte, Mathias Neto que enviou um representante até o Cartório Naila Bucar para reconhecer a firma de Alexandre no documento de confissão de dívida, mas que o funcionário do cartório disse que a assinatura não era similar à assinatura registrada.

Outras denúncias

Além de Mathias Neto, Alexandre Cavalcanti foi denunciado por outras quatro pessoas, entre elas a ex-esposa, a ex-sogra e um advogado. Todos os boletins foram registrados junto ao 12º DP entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022.

Advogado diz que foi vítima

O advogado Francisco Luciê Viana Filho registrou boletim de ocorrência em dezembro de 2021 relatando que firmou contrato de prestação de serviços com Alexandre Cavalcanti tendo repassado o valor de R$ 13,5 mil sem ter realizado nenhum serviço.

Após diversas tentativas de contato com Alexandre, Francisco Luciê não obteve nenhum retorno quanto à devolução do dinheiro e que, após realizar buscas na internet, verificou que o denunciado já praticou o mesmo delito contra outras pessoas.

Denúncia da ex-mulher e ex-sogra

A médica Lianna Martha contou, no boletim de ocorrência, registrado em fevereiro de 2022, que estava casada com Alexandre Cavalcanti desde outubro de 2020 e que em janeiro de 2022 ficou acertado que ele usaria o seu veículo, um Peugeot 2008, avaliado em R$ 55 mil, para dar entrada em um novo veículo, o que, segundo ela, foi feito.

Contudo, o novo veículo encontra-se com busca e apreensão por estar com várias parcelas em atraso. Lianna denunciou ainda que Alexandre apoderou-se de bens móveis, equipamentos de informática, além de eletrônicos e eletromésticos que foram adquiridos e pagos por ela e que ele se recusa a devolvê-los bem como a impede de acessar o local onde os objetos encontram-se.

Já a ex-sogra, Francisca Maria, contou que Alexandre se passou por proprietário de um imóvel de sua propriedade e agiu junto à Porto Imobiliária, como locatário, realizando um contrato de aluguel que ainda está vigente sendo ele o recebedor do referido pagamento.

Ela relatou ainda que Alexandre fez um acordo verbal de venda de um veículo no valor de R$ 61 mil, sendo que vendeu o carro há quase 2 anos e ainda não repassou o dinheiro para a vítima. O boletim de ocorrência foi registrado em julho de 2022.

Acusado não cumpriu contrato

A aposentada Joana Maria dos Santos declarou, em dezembro de 2022, que contratou a empresa de Alexandre Cavalcanti para fazer um trabalho de implantação de energia solar pelo valor de R$ 41,2 mil, tendo pago um adiantamento de R$ 16 mil como garantia do serviço e logo em seguida mais R$ 2,1 mil.

“Segundo informa a declarante a entrega deste serviço era de aproximadamente 20 dias uteis, em meados de setembro. Mas de fato, a entrega não aconteceu, descumprindo então um contrato feito entre as partes. Ao ser reclamado pela declarante, o autor se desculpou com argumento de que as placas nunca haveriam chegado e que não tinha nenhuma previsão, foi então que diante de tantas cobranças o autor resolveu, em 28 de outubro, propor um termo de descumprimento contratual, mas que devolveria os valores pagos, isto é R$ 18.100,00 reais. Adianta que até hoje o dinheiro não foi devolvido, e nem mesmo ligações o autor atende, resumindo despareceu por completo”, diz trecho do boletim de ocorrência.

Outro lado

Procurado pelo GP1, o empresário Alexandre Cavalcanti disse que desconhece a existência do inquérito, que não foi intimado a dar esclarecimentos e nem prestou depoimento à polícia. Ele ficou de encaminhar nota de esclarecimento, o que não ocorreu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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