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Gestores ignoram a Constituição e pobres padecem nas filas em busca de atendimento

Quem não tem condições de pagar por atendimento na rede privada enfrenta uma maratona nos hospitais e postos de saúde

Em meio à indiferença dos gestores, que ignoram o art. 196 da Constituição Federal onde diz “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, famílias pobres de Picos padecem longas horas nas filas em busca de atendimento médico ou ambulatorial.

O exemplo mais visível desse descaso pode ser constatado na secretaria municipal de Saúde de Picos, onde todo início de mês dezenas de pessoas dormem nas filas em busca de marcar um exame. Porém, a situação se repete no Hospital Regional Justino Luz e até mesmo nas unidades básicas do PSF nos bairros da cidade e nos povoados.

Imagem: Muda PicosFila para marcar exame dobra quarteirão(Imagem:Muda Picos)Fila para marcar exame dobra quarteirão

Segundo o vereador Hugo Victor Saunders Martins (PMDB), a saúde de Picos vive um verdadeiro caos e o problema atinge, principalmente, as famílias pobres do município que buscam atendimento e na maioria das vezes não conseguem.

“Se verificarmos o primeiro dia do mês para marcação de exames, nos deparamos com filas quilométricas na porta da secretaria municipal de Saúde. Percebemos também a falta de medicamentos nos postos, os quais funcionam sem estrutura. Enquanto isso é feita uma licitação para comprar mármore e granito para a pasta da saúde. Isso é inadmissível”, denuncia o vereador Hugo Victor.

No Hospital Regional Justino Luz, em Picos, a situação não difere muito. Basta passar meia hora na Sala de Recepção do Pronto Socorro, para se perceber o desespero de pessoas pobres que chegam a todo o momento em busca de atendimento e, muitas vezes esperam horas e voltam para casa sem conseguirem o objetivo.

Imagem: José Maria Barros/GP1Pacientes aguardam horas por atendimento no Hospital Regionalo Justino Luz(Imagem:José Maria Barros/GP1)Pacientes aguardam horas por atendimento no Hospital Regionalo Justino Luz

De acordo com o promotor de justiça Marcelo de Jesus Monteiro Araújo, mesmo sendo um município pólo Picos não é priorizado pelo governo no setor saúde.

“Os gestores recebem poucos recursos e sem dispor de estrutura física e humana não podem fazer milagres. Por mais vontade que todos nós tenhamos, a saúde de Picos não vai dar um salto de qualidade se não houver o repasse de mais recursos”, admite o representante do Ministério Público.

Vontade política

Para o promotor Marcelo de Jesus falta vontade política para resolver o problema. “Prova disso é que, das 31 cláusulas contidas no Termo de Compromisso de Ajustamento assinado dia 2 de maio de 2011 pela secretaria estadual de saúde, direção do Hospital Regional Justino Luz, secretaria municipal de saúde e outros órgãos, até o momento quase nada foi cumprido”, justifica.

Imagem: José Maria Barros/GP1Promotor diz que falta vontade política(Imagem:José Maria Barros/GP1)Promotor diz que falta vontade política

O documento tinha como objetivo propor a melhoria na prestação de serviços pelo Hospital Regional Justino Luz, mas, um ano depois da assinatura do termo pelos gestores da saúde pouca coisa mudou para melhor.

“Considerando que o Hospital Regional Justino Luz possui mais de 100 leitos, deveria ter pelo menos seis Unidades de Terapia Intensiva (UTI), mas não possui nenhuma”, exemplifica o promotor Marcelo de Jesus, lembrando que Parnaiba e Floriano, que não são cidades pólos como Picos, contam com UTI.

Policlínica

A secretária municipal de Saúde Hildegardes Gomes de Medeiros Borges (Maninha), admitiu que o problema das filas para marcação de exames persiste e somente será solucionado ou, pelo menos minimizado, com o funcionamento da Policlínica Especializada de Picos, inaugurada no dia 2 de outubro de 2009 e até hoje sem qualquer utilidade.

Imagem: José Maria Barros/GP1Inaugurada em 2009 Policlínica continua sem funcionar(Imagem:José Maria Barros/GP1)Inaugurada em 2009 Policlínica continua sem funcionar

“Picos tem uma demanda muito grande e enfrentamos dificuldades em dois procedimentos: o raio-x e a ultrassonografia. Por isso, só acabaremos com esse problema quando a Policlínica funcionar com profissionais especializados. Lá está montado o raio-x e a ultrassonografia prontos para servirem ao povo da região. Basta colocar a unidade em funcionamento”, aconselhou.

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