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Polícia inicia desocupação de famílias no Residencial Torquato Neto

Para ajudar na retirada, a Caixa Econômica disponibilizou vários caminhões para ajudar os invasores na mudança.

Está sendo realizada na manhã desta terça-feira (16), no Portal da Alegria, na zona Sul de Teresina, a desapropriação no Residencial Torquato Neto, que foi ocupado por cerca de três mil famílias no mês de maio. O residencial pertence a Caixa Econômica Federal e faz parte do Programa do Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

Segundo o cabo Felício, cerca de 300 policiais estão no local ajudando na desocupação que tem ocorrido sem maiores problemas. Participam da operação a Polícia Militar, Força Tática, Força Nacional e Rone. A polícia tem feito a desocupação por blocos. Os moradores não podem entrar nos apartamentos enquanto a polícia não chegar em seu bloco.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)A desocupação iniciou nas primeiras horas do dia
Em entrevista ao GP1, o morador Irismar Silva criticou a decisão da juíza Marina Rocha Cavalcanti, da 5ª Vara Federal do Piauí, que determinou a desocupação.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Irismar Silva critica a decisão da juíza
“Nós estamos assim porque não existe um canal de negociação entre nós e o governo. Nenhum dos poderes se manifestou a nosso favor. Eu acredito que a decisão da juíza foi muito precipitada. Aqui só tem polícia, como se só tivesse bandido. Esses imóveis estão há mais de três anos abandonados. Sem ninguém fazer nada. Está parado há muitos anos servindo de coito para marginais. De espaço para a prostituição. Estou cadastrado nesses programas habitacionais desde 2000 e ainda não fui contemplado”, afirmou.

Irismar disse que acredita que a população irá fazer manifestações, pois a maioria não tem lugar para ficar.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Ocupantes começam a retirar seus objetos de dentro dos apartamentos 
“Eu sou contra queimar pneus, de estar fazendo movimentos com violência. Eu sou do movimento pacífico, pois acredito que é assim que se tem um canal de negociação, mas a gente está no desespero. É muito difícil. A gente vai procurar uma maneira de se manifestar. Eu sei que é vandalismo estar queimando pneu, mas a gente vai se manifestar de alguma forma. Onde vão colocar todas essas pessoas?”, disse Irismar Silva.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação acontece desde às 5h
Alguns moradores da região consideravam positiva a ocupação, já que o residencial que estava sendo construído pela Caixa está há anos parado. Uma moradora do Porto Alegre, conhecida como Gonçalinha, afirmou ao GP1 que estava gostando da ocupação porque “há quatro anos o local estava servindo para viveiro de marginais. Agora vai ficar deserto novamente”.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Moradores retiram seus pertences
Para ajudar na retirada, a Caixa Econômica disponibilizou vários caminhões para ajudar os invasores na mudança. 
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Mais de 300 policiais realizam operação de despejo
Apesar de tudo estar ocorrendo em paz, alguns moradores estão prometendo ir para a BR-316 para realizarem um protesto. Alguns também começaram a queimar um matagal localizado na região.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Um helicóptero da Polícia Militar acompanha toda a operação 
Segundo Giovani Viveiros, as famílias precisam dessas residências. Ele morava na casa da sua avó e viu a invasão como uma oportunidade de ter sua própria casa. Ele ocupava uma das casas do residencial com a sua esposa e uma filha.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquatro Neto
“A gente não quer sair. Eu estou precisando. A minha esposa fez cirurgia do coração e eu tenho uma filha. Eu morava na casa cedida pela minha avó. Eu não posso sair [daqui]. Eu vou morar de novo com a minha avó?. Eu estou precisando [da casa]. Aqui atualmente tem cerca de 12 mil pessoas. 60% dessas pessoas realmente precisam. No bloco que a gente estava tem uma mãe solteira que cuida de cinco filhos. Ela morava em um barraco e veio para cá pois viu essa oportunidade. Eu também vim, porque sabia que estava tendo essa invasão. Eu estou há mais de dois anos inscrito na SDU e nada. E essas casas prontas há mais de um ano e não entrega porque?.”, afirmou
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Ocupantes ateiam fogo em matagal

O outro lado da desocupação

Dona Núbia Vieira está no local há três meses, mora só com uma filha. Ela vive com a renda de uma venda de espetinhos no próprio residencial Torquato Neto.

“Vamos aguardar a polícia chegar ao nosso bloco, vamos esperar pra vê o que eles vão fazer com a gente. Estou desempregada, eu vendo espetinho, arrumadinho numa banquinha aqui fora, essa é minha única renda. Não tenho pra onde ir. Se mandarem a gente sair vamos ficar na calçada. Quem tá ficando aqui é porque não tem realmente pra onde ir. Vou pedir uma lona e ficar aqui fora”, disse em entrevista ao GP1.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Núbia Vieira vive da venda de espetinhos 
Dona Lúcia está em um dos apartamentos do residencial, ela mora com três filhos. Um deles tem deficiência física e mental, outro faz tratamento contra a hanseníase (inclusive estava no hospital no momento da entrevista) e o outro adquiriu um problema na perna quando era militar. O filho deficiente relatou ao GP1, que seu maior sonho "é ter uma casa". Dona Lúcia disse que entregou a residência que vivia de aluguel com os filhos, para morar no Torquato Neto. Ela relatou que mesmo o filho sendo prioridade, ele nunca foi beneficiado.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Dona Lúcia têm três filhos doentes e não tem para onde ir
“Eu vivo de pensões do governo, não tenho como trabalhar porque tenho que cuidar dos meus filhos que são doentes. Não tenho pra onde ir, não tenho como pagar aluguel. Se eu pudesse escolher, eu não ia deixar meu filho passar por essa situação, correr o risco de ser despejado. Ele é prioridade, mas nunca foi contemplado”, disse a ocupante muito emocionada.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Dona Maria Alice tem dificuldades para locomover-se
A senhora Maria Alice Pereira tem 82 anos, mora apenas com um filho no local. Ela tem entre os vários problemas de saúde, um problema na perna que dificulta sua locomoção. Vive com o filho José Raimundo Pereira, e como tantos outros moradores não têm para onde ir. Eles vivem apenas da pensão da idosa, que mal dá pra pagar os remédios. “Minha mãe só tem a mim, ela não tem como ficar em casa sozinha, eu tenho que cuidar dela. Estou desesperado porque não sei pra onde vou levar minha mãe”, disse José Pereira.
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Idosa precisa subir escadas para chegar ao apartamento
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Renda da idosa mal dá pra pagar os remédios
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Famílias aguardam desocupação no Residencial Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Moradora mostra comprovante de cadastro em programa habitacional
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Júlia Beatriz
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Moradores colocam fogo em matagal
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto
Imagem: Lucas Dias/GP1Desocupação Torquatro Neto(Imagem:Lucas Dias/GP1)Desocupação Torquato Neto


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