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Moradores do Santa Maria da Codipi reclamam da insegurança no bairro

Já arrombaram minha loja três vezes, fiz B.O., mas nenhum policial veio aqui", desabafou um morador.

A reclamação é geral, a insegurança é apontada como uma das maiores preocupações dos teresinenses. Passear na praça no domingo, sentar na porta de casa, olhar o celular enquanto espera o ônibus na parada, são atividades costumeiras, que estão se tornando cada vez mais incomuns devido ao crescente clima de insegurança.

A população vive aterrorizada, eles estão nas esquinas, nos shoppings, nas praças, nas escolas, nas igrejas. Não existe mais horário, não existe mais lugar, o que parece é que os criminosos têm “passagem livre” para assaltar a hora que quiser. A polícia mesmo com suas limitações, até tenta fazer seu trabalho, o de prender, mas a justiça devido a sua burocracia e lentidão nos processos, entre outras coisas, acaba soltando meses, dias ou até horas depois da prisão.

O GP1 foi até um destes bairros de Teresina, que poderiam ser conhecidos pelas suas belezas naturais, ou por alguma atração (diversão, turismo, passeio, etc). Mas, em sua maioria são conhecidos e reconhecidos como um bairro marcado pela insegurança e pelo medo.

Moradores do bairro Santa Maria da Codipi, zona norte de Teresina, fizeram questão de abdicar-se de alguns minutos, para nos contar histórias que nunca terminam com um final feliz. São pais, mães que acordam cedo para trabalhar, não têm feriados, muitos não tem descanso e batalham para dar aos seus filhos condições dignas. Mas muitas vezes são obrigados a “dividir” ou entregar o que já é pouco, aos criminosos.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Santa Maria(Imagem:Lucas Dias/GP1)Delegacia do bairro 
Entra governo e sai governo, e a realidade não muda. “Às vezes até piora” disse um destes moradores. São arrombamentos, assaltos à luz do dia, até na frente da delegacia, parece que nada e nem ninguém os intimida. Afinal, “se ele for preso num dia, horas depois ele é solto”, assim diz a população.

O comerciante Júlio Cesar tem um comércio de peças automotivas que fica há menos de 100 metros da delegacia do bairro. Ele já coleciona três B.O."s e garante que não vai mais atrás da polícia, porque não adianta. “A polícia passa aqui durante o dia, mas a noite não dá jeito não. A primeira vez que aqui foi arrombado, a vizinha ligou para a policia, ela veio, ficou lá na frente, mas não desceram nem da viatura. Se eles tivessem vindo pelo menos na porta, tinham visto os bandidos, mas nem sequer pediram pra me ligarem. Já arrombaram minha loja três vezes, fiz B.O., mas nenhum policial veio aqui”, desabafou ao GP1.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Santa Maria(Imagem:Lucas Dias/GP1)Morador indignado com a audácia dos criminosos
Certa vez o morador afirmou que conseguiu filmar toda ação do bandido. Apesar dele estar encapuzado, foi possível fazer sua identificação. Era um morador de um bairro próximo, velho conhecido da população e da polícia. Mas ao procurar a delegacia, já com a gravação da ação e com a esperança que a justiça seria feita, Júlio César teve uma surpresa. “Nós chegamos a levar a delegacia um pendrive com as imagens, mas eles disseram que não tinham condições de ver, porque não tinha o equipamento. Eles não assistiram porque não tinham cabo USB e ficou por isso mesmo”, disse.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Santa Maria(Imagem:Lucas Dias/GP1)A loja já foi arromabda três vezes 
Os trabalhos dos bandidos na região começam bem cedo. Por volta de 6h da manhã eles já estão circulando. Homens, mulheres, adolescentes. Todos no mundo do crime. Uma moradora que se identificou apenas como Maria, temendo represálias, nos contou que vive aterrorizada e que não consegue mais dormir em casa sossegada há muitos anos.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Santa Maria(Imagem:Lucas Dias/GP1)Bandidos quebraram o forro da loja 
“Moro na rua Caxias. Certa vez dois homens chegaram numa biz armados, meus três filhos correram, mas eles pegaram um coleguinha deles. Colocaram a arma na cabeça, pegaram o celular e disseram pra ele não correr, porque se não eles iam atirar. Outra vez, meu menino vinha do trabalho umas 22h da noite, aí levaram o notebook e o celular dele. Eles assaltam e ainda humilham. Aqui está um terror. Na rua Três, que ficava antigamente um supermercado, fica um monte deles usando drogas, assaltando e depois de 22h, quem passa no local, eles estão pedindo dinheiro. Só passa quem pagar. Eu não consigo mais dormir sossegada. Vivo com medo”, explicou.

A igreja Assembleia de Deus também foi alvo dos bandidos. Eles não respeitaram nem mesmo a “casa de Deus”. “Durante a madrugada invadiram o local e levaram tudo o que deu pra levar. Caixa de som, teclado, móveis”, afirmou uma fiel.

Uma padaria localizada em frente à delegacia do bairro é colecionadora de roubos. Foram 12 assaltos à luz do dia e oito arrombamentos no período de um ano e seis meses. O proprietário Antônio Carneiro, disse que a mudança de delegado trouxe uma esperança para ele. “Depois que o delegado Franklyn chegou aqui, há uns cinco meses, não tivemos mais nenhum roubo. Os policiais de vez em quando passam aqui, me fazem uma visita. Eu espero que continue assim, porque já tive muito prejuízo”, afirmou.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Jacinta Andrade (Imagem:Lucas Dias/GP1)Padaria já foi roubada 20 vezes 
Na saída da Santa Maria da Codipi, já nas proximidades do bairro Jacinta Andrade encontramos um outro comerciante, ele disse que trabalha duro desde muito jovem, em suas mãos é possível ver marcas que testemunham o trabalho árduo do dia-a-dia. Ele diz já perdeu a conta de quantas vezes teve seu estabelecimento arrombado e assaltado.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Jacinta Andrade (Imagem:Lucas Dias/GP1)Sr. Luíz já perdeu a conta de quantas vezes teve seu frigorífico roubado 
“Certa vez eles entraram aqui e colocaram a arma na minha cabeça, levaram todo o dinheiro apurado do dia. Outra vez eles arrombaram durante a madrugada. Depois disso eu mesmo instalei alarme, câmeras, grades, porque é o jeito, se não eu não durmo sossegado. Mas mesmo assim, isso tudo não os intimidou. Na última vez que arrombaram aqui, assistimos toda ação do criminoso, pelas câmeras de segurança. O investigador veio aqui e me prometeu que ia prender o bandido. Ele cumpriu, o cara que arrombou foi preso, mas foi solto no mesmo dia. Todo mundo sabe quem são os bandidos. Eles moram tudo aqui na região. Mas não adianta prender, porque eles são soltos logo depois”, disse o Sr. Luíz.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Jacinta Andrade (Imagem:Lucas Dias/GP1)Ele montou um sistema de segurança no local 
Segundo Júlio César o que falta é um serviço de investigação mais eficiente da polícia e a realização de mudanças no sistema judiciário. “O serviço maior tem que ser de investigação. Eu sou cidadão, passo o dia todo trabalhando e eles roubam só pra alimentar o vício deles. Mas eles roubam porque existe os receptadores, existe gente que compra o produto de furto deles. Se eu sei que isso existe, a polícia também sabe disso. Roubaram até um portão da casa de uma vizinha. Essa semana encontraram o portal na casa de um receptador. Então a polícia sabe quem são os bandidos, os receptadores, mas nada é feito. E quando prendem, no mesmo dia eles são soltos. Essa justiça tem que mudar”, finalizou.
Imagem: Lucas Dias/GP1Denuncia de Assaltos Santa Maria(Imagem:Lucas Dias/GP1)Denuncia de Assaltos Santa Maria
O GP1 foi a até a delegacia do bairro, o 22° Distrito Policial, mas o delegado responsável pelo local, Frankly Roosevete foi de pouca conversa. Disse que a população só sabe reclamar, que o bairro está muito bem. Ao indagarmos sobre os B.O"s, sobre as ocorrências, recebemos a clássica resposta. “Não temos nada a declarar”.

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